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9 perguntas e respostas sobre intercâmbio de ensino médio

Fazer intercâmbio durante o ensino médio pode ser uma experiência muito enriquecedora e, ao mesmo tempo, cheia de desafios.  É, sem dúvida, uma oportunidade de conhecer novas culturas, gente de outros países, se aprimorar em um outro idioma. Mas também é o primeiro momento em que o jovem se afasta de seu país de origem e de sua família por um tempo mais prolongado.

Quando o tempo livre aparece, as saudades podem vir sim, e o sentimento de isolamento ‘pega’. A dica é se manter ocupado e mergulhar na sua vida de intercambista

Confira abaixo algumas perguntas e respostas, ilustradas pela experiência de Giulia Belmonte, 16 anos, que fez um intercâmbio de seis meses na Nova Zelândia no ano passado:

1. Existe um momento ideal para o intercâmbio durante a adolescência?

Na opinião de Giulia, “fazer intercâmbio durante o ensino fundamental, antes dos 15/16 anos, pode ser meio complicado. Porque você não está preparado para deixar a família e viver uma experiência mais prolongada fora.  Talvez nesse momento seja melhor fazer intercâmbios curtos de férias – summer camps – para ir se acostumando com a experiência”.

Para passar seis meses, ou mesmo um ano, o ideal é ir durante o segundo ano do ensino médio.  O corte com o ensino formal é menos abrupto nesse momento, o jovem está mais maduro e já começa a ter mais consciência da realidade da vida após a escola. Retorna diferente, fluente em um outro idioma, com uma nova bagagem de vida e ferramentas que o ajudarão muito com o fechamento da etapa do ensino médio no ano seguinte.

2. O que deve observar em si mesmo para ter certeza de que vai aproveitar bem a experiência?

É importante ter consciência de quem você é, porque nesta fase da vida tudo muda muito o tempo todo. Entenda se é uma pessoa mais tranquila ou mais desafiadora diante das regras. Se é capaz de tomar decisões por conta própria ou se sempre precisa de ajuda. Se fica bem sozinho ou se precisa da presença dos seus familiares no dia a dia. Se é responsável com as suas coisas. Faça perguntas, converse com seus amigos e com os seus pais.

3. O que é melhor: morar em uma casa de família ou na escola?

Essa escolha vai depender muito do seu perfil, até porque as experiências são bastante diferentes. Mas não tem melhor. Em ambas você vai conviver e se relacionar com pessoas que serão o seu “apoio” emocional durante o tempo em que estiver fora.  Nas duas situações terá que obedecer algumas regras e limites.

Se você gosta muito de estudar, morar numa escola talvez seja a melhor opção. Os internatos oferecem estruturas acadêmicas sólidas e a possibilidade de desenvolver projetos e fazer cursos durante o tempo livre.

Se você prefereficar mais livre, morar na casa de uma famíliaé uma boa escolha. Além do relacionamento com a família, vai conhecer gente na escola, frequentar as casas de seus colegas, viajar um pouco e ficar mais exposto ao cotidiano cultural e à realidade local.

4. Vai ser fácil fazer amigos durante o intercâmbio? 

Giulia conta que “os estrangeiros, em geral, não se misturam muito.Eles sabem que você vai embora em pouco tempo e há muitos intercambistas nas escolas. Por isso muitas vezes não se envolvem”. “Mas você vai conviver com pessoas de vários países que também estão fazendo intercâmbio. Eu fiquei muito amiga de uma chinesa e a gente conversava sobre as realidades dos nossos países. Tenho uma amiga japonesa que até me convidou para comer sushi com ela em Tóquio e uma outra amiga em Berlim que também posso visitar quando quiser”, conta.

O intercâmbio me preparou para ser adulta. Tive que aprender a controlar o meu dinheiro e os meus gastos, tive que me acostumar a ficar sozinha. Tudo que você conhece você deixa pra trás (…) Agora que voltei, quero continuar alimentando o meu desejo de viajar e de conhecer o mundo e outras culturas

5. É melhor fazer intercâmbio no ensino médio por meio de uma agência?

As agências oferecem um suporte importante para o intercambista. Em geral, têm escritórios locais que atendem o jovem em todas as situações. E, é sempre bom ter um ponto de apoio, especialmente quando algum problema aparece.

6. Saudades de casa?

Segundo Giulia, no início as novidades são inúmeras, ms depois a saudade pode apertar. Vá consciente disso e esteja preparado. “Você fica muito ocupado se adaptando e digerindo as informações, sem tempo mesmo. Mas quando o tempo livre aparece, as saudades podem vir sim, e o sentimento de isolamento ‘pega’. A dica é se manter ocupado, mergulhar na sua vida de intercambista e aproveitar a experiência ao máximo”, diz.

7. E a comunicação? 

Esse é um assunto sobre o qual todo mundo pergunta. Especialmente porque hoje em dia estar em contato é muito fácil. Giulia conta que foi orientada por sua agência a não ficar se comunicando o tempo todo. “Quando as pessoas ‘falam’ muito com o Brasil é porque alguma coisa não vai muito bem – dificuldades de adaptação, de se encaixar na experiência. Quando a gente não se comunica muito durante o intercâmbio é porque está tudo bem. Estamos ocupados mesmo”.

8. A volta depois do intercâmbio

Na experiência de Giulia – e da maioria das pessoas com quem tenho conversado ao longo dos anos – a volta é um misto de alegria e de ansiedade. “Quando você percebe que vai voltar, só pensa nisso. Até o vôo fica muito longo, a gente não consegue prestar atenção em nada, só pensa em chegar. É um momento de muita alegria, mas ao mesmo tempo de muitas expectativas. Chegar é maravilhoso, ver a família, reencontrar os amigos, ouvir todo mundo falando português. O calor das pessoas na chegada é incrível. Mas, ao mesmo tempo é um momento de muita reflexão. Você fica pensando no que foram os últimos seis meses da sua vida, comparando as diferenças, repassando o que foi a experiência para você”.

9. A gente muda quando faz um intercâmbio no ensino médio?

Giulia relata que setornou uma pessoa mais realista e mais madura. “O intercâmbio me preparou para ser adulta. Tive que aprender a controlar o meu dinheiro e os meus gastos, tive que me acostumar a ficar sozinha. Eu sabia disso, mas não tinha muita noção do que seria sentir e viver isso. Tudo que você conhece você deixa pra trás,  e não importa quantos brasileiros você encontre no caminho, não é a mesma coisa. Agora que voltei, quero continuar alimentando o meu desejo de viajar e de conhecer o mundo e outras culturas. O mundo ficou grande e passou a fazer parte da minha vida…”

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andrea 2Andrea Tissenbaum é formada em História e Psicologia pela PUC-RJ. Concluiu o mestrado e o doutorado na California School of Professional Psychology, em San Diego, nos Estados Unidos, onde viveu por seis anos. Já coordenou a área de Relações Internacionais do Insper, em São Paulo, e viajou o mundo para conhecer e fazer parcerias com instituições de ensino internacionais. Nos últimos dois anos, desenvolveu trabalhos de pesquisa sobre oportunidades internacionais para profissionais das áreas de  comunicação e entretenimento. Orienta alunos em suas escolhas e decisões de estudar fora do Brasil e é autora do Blog da Tissen.

*Foto: Auckland, na Nova Zelândia

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