Tentar estudar fora é o tipo de decisão que não surge do nada. Normalmente alguém te influência a buscar isso e comigo não foi diferente.
Por Renan Ferreirinha, calouro de Harvard
Tudo começou quando uma amiga minha, também gonçalense e ex-aluna do Colégio Militar do Rio de Janeiro, foi aceita em Harvard em 2009. Minha primeira reação foi: como que um estudante brasileiro passa para Harvard?! Será que isso é realmente possível? Se hoje ainda não é tão simples encontrar informações sobre como fazer graduação no exterior, imagina em 2009. Talvez por isso, o grande feito da minha amiga ficou martelando na minha cabeça por muito tempo. Eu, um convicto futuro estudante do Instituto Militar de Engenharia (IME), considerava pela primeira vez algo diferente. Após muito refletir, preferi acreditar que aquilo só podia ser uma exceção e que dificilmente alguém repetiria algo assim.
Contrariando minha ingênua previsão, no ano seguinte, mais dois alunos da minha escola foram aceitos em universidades tops: um em Yale e uma em Bryn Mawr. Ainda assim não desgarrei do meu plano principal, mas decidi que iria pesquisar mais sobre o assunto.
A medida que ia me inteirando, duas coisas ficaram bem claras para mim. Primeiro que meus pais não teriam condições de arcar com os altos custos do application e segundo que sem contar com um bom suporte o processo ficaria bem mais difícil. Foi então que em 2011 fui aceito no programa Oportunidades Acadêmicas do EducationUSA, o qual me deu um suporte pessoal e arcou com todas as despesas do processo. Eu não gastei um centavo com viagens para fazer provas, envio de documentos, pagamentos de taxas, etc.
No ano seguinte, fui aceito em mais dois programas: o Prep Program e o Mentoring Program do BSCUE (Brazilian Student Council on Undergraduate Education). Ambos, assim como o Oportunidades Acadêmicas, me deram um grande suporte pessoal. Um nunca substituiu o outro, mas eles sempre se complementaram. O Prep Program me ajudou muito com materiais de apoio e me deu um mentor que me auxiliou em todas as etapas do application. Além disso, me possibilitou conhecer pessoas de diversos cantos do Brasil que tinham o mesmo objetivo final. Através do BSCUE também recebi um mentor, que com o tempo acabou virando um amigo, e tirei boa parte das minhas dúvidas, visto que, por ser um grupo formado por estudantes no facebook, caracteriza-se pela linguagem informal e velocidade de informações.
Por mais importante que esses programas tenham sido para mim, o ponto aqui não é mostrar que o caminho para ser aceito é fazer parte deles. Essa foi apenas a minha experiência pessoal. Até porque esses três grupos não se limitam ao seus programas de apoio. O EducationUSA oferece atendimentos presenciais, o Prep Program um curso online, mentoria e outras ferramentas. Já no BSCUE é só postar uma dúvida que rapidamente alguém irá te ajudar.
Além do mais, outro importante fator no quesito apoio são seus amigos. Entenda amigos como seus pais, estudantes que já estão em universidades estrangeiras, mentores ou simplesmente seus próprios amigos no conceito puro do termo. É alguém assim que irá te ajudar nos momentos que você mais precisar e que você reconhecerá como um marco na sua vida.
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Renan Ferreirinha é colunista do I wanna be a freshman
Sou ex-aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro. Sou cavalariano. Sou flamenguista roxo. Mas não só isso. Sou um potencial economista e cientista político. Sou professor de inglês no projeto Somar. Sou de São Gonçalo (que não é um bairro de Niterói, muito menos fica na Baixada Fluminense). Sou apaixonado por educação e empreendedorismo. Sou freshman em Harvard. E agora, sou escritor do Estudar Fora e responsável pela coluna I wanna be a freshman (tradução de “Eu quero ser um calouro”).