Ele é autor de um projeto selecionado pela Clinton Foundation como uma das 1000 propostas mais inovadoras de serviço público no mundo. Fez trabalhos comunitários na China, Ruanda e Índia, além de um intercâmbio acadêmico na Universidade de Cambridge (Inglaterra). Estudante de Yale, ele já ganhou mais de 10 prêmios e bolsas de pesquisa, e garante: parte do ideal de Yale é tornar seus estudantes líderes globais.
Conheça a história do Paulo Costa, um carioca que, por meio da experiência de Estudar Fora, conheceu o mundo e hoje realiza pesquisas nacionais sobre o nível de educação financeira da população brasileira.
Por que você decidiu estudar fora?
O sonho de estudar fora sempre fez parte de mim. Meu sonho inicial era estudar na França, mas havia um problema óbvio: eu não falo uma palavra em francês. Além disso, os intercâmbios existentes na França eram de pequena duração. Por isso, quando vi a oportunidade de estudar nos Estados Unidos por quatro anos, fiquei impressionado logo de início.
O desejo aumentou quando conheci a cultura que as universidades americanas possuem. Os professores lá têm “vida tripla”. Eles dividem o tempo entre pesquisas inovadoras em suas áreas, dão aulas e participam ativamente do processo de mentoria dos estudantes. É muito enriquecedor participar ativamente de todo esse processo. Essa divisão de tarefas dos professores, infelizmente, ainda não ocorre com perfeição aqui no Brasil. Em Yale, eu sou aluno, assistente de pesquisa de três professores e recebo conselhos constantes de todos os meus professores.
O que foi mais difícil no processo de preparação?
Eu somente descobri que o processo não era um bicho de sete cabeças quatro meses antes do prazo final. Eu nunca tinha ouvido falar em SAT, TOEFL… Por isso, foi um processo de preparação muito corrido. Recebi muita ajuda do Education USA e do Prep Program. Sem eles, nada do que eu consegui teria acontecido.
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Quais foram os principais obstáculos e aprendizados dessa experiência?
Todas as pessoas que passam por Yale, estudantes ou não, sempre dão um relato similar: Yale é uma das faculdades mais acolhedoras dos Estados Unidos. Eu não vi ainda um estudante internacional que não se sentiu acolhido.
Para mim, fazer tudo em inglês no começo foi uma experiência diferente. Quando cheguei aos EUA, eu não lia tão rápido em inglês quanto leio em português. Além disso, eu sempre estudei em escola brasileira e estudava inglês por, no máximo, 4 horas semanais. Por isso, foi um processo de aprendizado grande viver a vida cotidiana de estudante numa língua diferente.
Em termos de cultura, acredito que a cultura americana esteja bem difundida pelo mundo. É difícil manter-se blindado da influência cultural que os EUA exercem no resto do mundo. Dessa forma, nunca achei a diferença cultural uma barreira, mas sim uma oportunidade de ter uma nova perspectiva sobre o mundo.
Que coisas mais chamaram sua atenção em Yale?
Para padrões americanos, Yale é considerada uma universidade pequena. Mas a relação professor:aluno em média é 1:6. Isso é fenomenal, porque os meus professores realmente me conhecem e se dedicam bastante ao meu crescimento acadêmico e profissional. Eu já fui indicado a vários empregos pelos meus professores.
Em Yale, eu tenho tido como objetivo unir as minhas paixões: serviço público e pesquisa.No meu primeiro semestre em Yale escrevi uma proposta de intervenção no sistema de educação da cidade de New Haven, onde fica a universidade. A minha proposta foi selecionada pela Clinton Foundation, do ex-Presidente americano Bill Clinton, como uma das 1000 mais inovadoras propostas de serviço público no mundo.
À medida que eu amadureci academicamente na faculdade, os meus mentores de Yale e no Brasil me apresentaram ao campo da Educação Financeira. Desde então, eu consegui fundos da BM&FBOVESPA no Brasil para fazer uma pesquisa nacional sobre o nível de educação financeira da população brasileira. E nos últimos 11 meses tenho feito consultoria para a BM&FBOVESPA na área de popularização de mercados.
Através de atividades extracurriculares, todo ano faço trabalhos comunitários ao redor do mundo. Em 2011, dei aula de inglês numa das vilas mais pobres da China e fui mentor de estudantes de ensino médio em Pequim. Em 2012, trabalhei com crianças que perderam seus pais no genocídio em Ruanda. Em 2013, fiz consultoria para uma organização na Índia que tem como missão ajudar mulheres indianas a terem mais espaço na sociedade.
Além disso, em 2011, também fiz um intercâmbio acadêmico na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Lá, tive contato com alguns campos pioneiros da economia como Economia Experimental, que muito uso hoje em minha própria pesquisa. A oportunidade de Cambridge foi toda financiada por Yale. A minha bolsa de Yale, além de ter sido integral, ainda reservou financiamento para que eu viajasse pela Europa! Foram meses inesquecíveis!
Por todas essas iniciativas, nos últimos dois anos, já ganhei mais de dez prêmios e bolsas de pesquisa tanto de Yale quanto de instituições privadas nos últimos dois anos.Todas essas experiências fazem parte do ideal de Yale de tornar seus estudantes líderes globais. Nesses últimos três anos, já tive a oportunidade de ir a mais de 11 países, todos com ajuda financeira de Yale. Eu sou muito agradecido à Yale por todas essas oportunidades. Eu já avisei à administração da universidade que, daqui a alguns anos, quando eu tiver uma carreira sólida, eu doarei todo o dinheiro que Yale investiu em mim.
Que oportunidades profissionais estudar fora te proporcionou?
Tudo o que eu faço hoje está relacionado a estudar fora. Por me conhecerem tão bem, os meus mentores tiveram a sensibilidade de me apresentar o campo pelo qual me apaixonei: a educação financeira. Esse contato próximo e a troca constante de informações e percepções ainda fazem os Estados Unidos ser um lugar ideal para estudantes com fome de conhecimento.
Hoje em dia, graças aos meus professores em Yale, tenho contato com alguns intelectuais de ponta no mundo inteiro. É uma experiência única poder conviver e trocar experiências com pessoas que estão nos jornais todos os dias transformando o mundo.
Que dicas você daria a outros estudantes que pensam em fazer graduação ou intercâmbio no exterior?
Comece a pensar cedo nessa possibilidade. Estudar fora não é algo impossível, no entanto requer bastante tempo para se preparar e entender bem o processo. Hoje em dia, há várias fontes de informação e ajuda para o processo seletivo. Além disso, o próprio governo tem incentivado o intercâmbio de estudantes. Acredito que o Brasil está vivendo o melhor momento para estudantes que querem ter uma experiência internacional.