Por Carolina Campos
Cassiano dos Santos, de 20 anos, estuda business (negócios) em uma da melhores escolas do mundo: a Babson College, nos Estados Unidos. Sua história poderia ser só mais uma de sucesso dentre tantas outras que existem por aí. Mas não é. Filho de nordestinos muito humildes, ele precisou superar barreiras que pareciam intransponíveis para chegar onde está hoje.
Natural de Lagarto, uma cidade de apenas 100 mil habitantes que fica a pouco mais de 60 km de Aracaju (SE), Cassiano conta que o primeiro obstáculo surgiu dentro de casa: “Meu pais ficavam receosos, com medo que eu me frustrasse. A vida não proporcionou a eles as mesmas oportunidades”. O jovem é a primeira geração de universitários da família, o que por si só já é um grande feito. Mas ele queria mais.
Ainda no ensino médio, participou de um programa chamado Jovens Embaixadores, que permitiu que ele passasse um três semanas nos EUA com todas as despesas pagas. No ano seguinte, conseguiu outra bolsa de estudos, e foi passar um ano em Chicago, desta vez, pelo programa Global Citizens of Tomorrow.
Cassiano conta que estudou no antigo CEFET, hoje chamado de Instituto Federal. “A escola deu a estrutura necessária para que eu conseguisse explorar meus talentos. Participei de pesquisas científicas com bolsa do CNPq, tive professores no ensino médio que também eram do ensino superior. Na verdade, a escola, embora pública, fazia tudo o que podia pelos seus alunos. Um dos meus colegas, por exemplo, participou de olimpíadas internacionais; outro conseguiu passar um ano na Europa num intercâmbio super competitivo”, elogia.
Ter sido aprovado foi uma confirmação de que meus esforços valeram a pena. Cheguei aonde queria chegar. Não foi uma coisa de um ano, mas de anos de preparação
Ao final do terceiro ano, depois de ter conseguido prêmios, viagens e de ter aparecido na mídia, o jovem decidiu prestar vestibular para Direito na UnB, uma das universidades mais concorridas do Brasil. Passou. Antes de abraçar metas mais ousadas, diz que precisava “garantir seu espaço no Brasil”.
Seu sonho era fazer graduação nos Estados Unidos – algo que considerava impossível. “Eu até poderia ser aceito, mas onde iria conseguir US$ 65mil por ano para custear meus estudos?”, diz, citando o valor médio cobrado de mensalidade pelas universidades norte-americanas. Foi então que seus pais, antes receosos, começaram a incentivá-lo: “Você conseguiu tudo o que você almejou até agora. Sabemos que é impossível, mas você vai dar um jeito.”
Cassiano decidiu buscar ajuda. Foi atrás da Education USA e participou do Prep Scholars, programa da Fundação Estudar que prepara gratuitamente jovens para a graduação no exterior. “Foram os consultores do Scholars que me falaram de uma bolsa de estudos específica para a Babson”, explica. Ele aplicou, foi aceito e conquistou a bolsa. Cassiano conta que a felicidade que sentiu só não foi maior que o sentimento de dever cumprido: “Foi uma confirmação de que meus esforços valeram a pena. Cheguei aonde queria chegar. Não foi uma coisa de um ano, mas de anos de preparação. Então, foi um marco muito grande na minha vida!”
Atualmente, Cassiano está terminando seu primeiro ano de faculdade nos EUA (o chamado freshman year) e revela seus sonhos para o futuro: “Vou passar um mês no Peru em um programa voluntário, ensinando inglês para as crianças enquanto eu aprendo espanhol. O programa é custeado pela universidade. Depois, vou passar dois meses e meio como estagiário da Falconi Consultoria, em São Paulo.”
Quanto à vida nos EUA, ele conta: “Aqui, a maioria dos alunos veio das melhores escolas de ensino médio do mundo. Mas a verdade é que estamos todos no mesmo patamar. Nunca me senti diferente; os meus professores me elogiam e a minha média é de 3.56 (num total de 4). Estou dentre os 20% melhores”.
Ainda que hoje todos estejam no “mesmo ponto”, a trajetória que cada um trilhou – e as dificuldades que enfrentou – são bem diferentes: “Sou reconhecido pelo meu esforço”, diz. Para quem também quer estudar fora, mas acha que é impossível, assim como Cassiano acreditava, ele tem uma dica: “Abrace seus sonhos e não solte deles até chegar lá. Ambição não é algo negativo; é um sentimento que te tira da sua zona de conforto.”
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