“Welcome to the First-Year Show!”, ouvi pelas caixas de som espalhadas pelo anfiteatro, ao mesmo tempo em que todas as luzes se acendiam, iluminando a plateia cheia de alunos, professores e funcionários do colégio que explodia em aplausos. Olhei bem para a garota que segurava o microfone, cujo nome eu ainda não sabia, e não pude deixar de sentir uma súbita onda de nostalgia: exatamente um ano atrás, quem se apresentava no palco com pernas um pouco bambas era eu. E pelo resto da noite, vendo apresentação após apresentação, vi nos olhos de cada um daqueles novos alunos o reflexo de um eu que era tão passado quanto atual. Assistindo ao show da plateia, e não do “backstage”, foi incrível perceber como nada mudou, mesmo com tudo estando diferente.
Em série de vídeos, Lucas conta como é cursar o ensino médio na Índia
O “First-Year Show” é uma tradição do colégio: no sábado logo ao final da primeira semana do ano letivo (na qual não há aulas – é a semana de orientação e integração), os alunos de primeiro ano, que acabaram de se conhecer, devem preparar, sem auxílio de veteranos ou professores, um show de duas horas para toda a comunidade do colégio.
É assim, logo de cara, que os novos alunos percebem o quanto vão ter que confiar uns nos outros e trabalhar em equipe ao longo dos dois anos de curso. E para todos os outros membros da comunidade do colégio, é uma linda oportunidade para, por exemplo, se deliciar com danças típicas de todos os cantos do mundo, se emocionar com músicas em todas as línguas e sotaques, e se impressionar com o quanto 120 jovens de backgrounds completamente distintos que mal se conhecem conseguem produzir juntos ao longo de poucos dias.
Ao final da primeira semana, não há dúvida, sua turma é sim uma segunda família, e não há ninguém que vai te fazer esquecer a sensação de, após várias reuniões estressantes tentando planejar a noite, terminar o show com uma dança coletiva, sem qualquer coreografia, com todos dançando juntos.
E ao final do Second-Year Show, como não podia deixar de ser, mais uma vez todo o colégio se une na pista de dança, que, claro, não tem fronteiras muito bem definidas entre o palco e a plateia. Ao final, não há nenhuma divisa entre público e artista, primeiro ano ou segundo ano, First-Year Show ou Second-Year Show – o final é o mesmo.
É lindo quando você olha à sua volta e vê cada um dos seus amigos dançando em um ritmo diferente, sabendo que não há julgamento e que aqui a diversidade é bem vinda. E de vez em quando, o gerador do colégio falha, e por alguns poucos segundos são todos os alunos juntos que dão continuidade à música que de repente foi interrompida. E vão todos juntos cantando, cada um em um tom, um sotaque e um ritmo diferente, mas juntos ainda assim, formando uma só voz e uma só melodia. Afinal, aqui é assim: estamos todos sempre juntos. Seja debaixo do holofote ou em meio a um blackout na escuridão total.
*Foto: apresentação dos alunos do 1º ano do Mahindra United World College (UWC) / Crédito: arquivo pessoal
Leia também artigos escritos pelo Lucas Sato:
Sala de aula na Cordilheira dos Himalaias
Meu ensino médio na Índia: visitas a templos e ao ‘falso Taj Mahal’
Meu ensino médio na Índia: entre buzinas, tempestades e vacas
Bolsas de até 90% para estudar no Brasil ou no exterior, e apoio vitalício ao seu desenvolvimento pessoal e profissional. Inscreva-se no Programa de Bolsas Líderes Estudar e transforme sua trajetória!