Por Vivian Carrer Elias
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Está em busca de um destino para aprender espanhol? Não quer gastar muito? A jornalista Marina Fontanelli, de 25 anos, fez intercâmbio em Mendoza, a 4ª maior cidade da Argentina, e recomenda a experiência para todo mundo. “Foi importante para a construção da minha identidade”. Veja a seguir o relato dela que, durante um semestre, estudou na Universidade Nacional de Cuyo (UnCuyo):
As aulas exigiam muita leitura, o que foi desafiador porque os assuntos eram complexos e estavam em espanhol. Porém, era fácil compreender os professores
“Desde que entrei na faculdade de jornalismo na Universidade Estadual Paulista (Unesp), sempre tive vontade de fazer intercâmbio. Eu pensava em viver essa experiência em algum país europeu, porque ouvia relatos muito positivos de amigas que já tinham ido para lá.
Porém, no final do segundo ano da graduação, encontrei uma amiga que estava se preparando para morar em Mendonza, na Argentina. Ela sugeriu que eu tentasse fazer o meu intercâmbio na cidade também. Naquela época, eu nem sabia onde ficava Mendonza, apenas sabia que lá se produziam bons vinhos. Mas a sugestão dela acabou sendo uma oportunidade para eu realizar meu sonho, aprender um novo idioma e não gastar tanto, já que a Argentina é mais barata do que muitos países da Europa.
Meu intercâmbio fazia parte de um convênio entre a Unesp e a Universidade Nacional de Cuyo (UnCuyo), uma instituição que recebe muitos alunos estrangeiros. Além da faculdade ser gratuita, eu recebia uma bolsa equivalente a R$ 400 mensais para cobrir gastos como moradia e alimentação. Apesar de o custo de vida em Mendonza ser mais barato do que em São Paulo, por exemplo, esse valor não é suficiente para o mês. Eu diria que é possível viver na cidade com R$ 800 mensais.
A escolha das disciplinas era livre e eu aproveitei para estudar assuntos como história, psicologia e comunicação comunitária. As aulas exigiam muita leitura, o que foi desafiador porque os assuntos eram complexos e estavam em espanhol. Porém, era fácil compreender os professores. Minha única dificuldade com o idioma foi no início, para conversar com outras pessoas, o que melhorou com o tempo.
As disciplinas relacionadas a temas históricos me marcaram muito. Por isso, assim que voltei do intercâmbio, dei início à iniciação científica pesquisando sobre História de Imprensa. Após me formar, em 2014, cursei uma disciplina como aluna especial na pós-graduação em História Social na Universidade de São Paulo (USP). Agora, pretendo fazer um mestrado nessa área.
Uma das experiências mais marcantes e valiosas de ter morado na Argentina foi ter me sentido mais latino-americana. Foi um fator muito importante na construção da minha identidade
A cidade —A região de Grande Mendoza, que reúne os munícipios de Godoy Cruz, Luján de Cuyo, Guaymallén, Maipú, Las Heras e Mendoza, tem cerca de 1 milhão de habitantes, mas a cidade em si possui 120.000.
Mendoza é uma cidade muito agradável para se viver e fica aos pés da Cordilheira dos Andes. Houve um forte terremoto no local em 1861, então a cidade foi reconstruída nos moldes europeus para amenizar os prejuízos de um possível novo desastre. No centro, há ruas e calçadas largas, grandes praças, como a Plaza Independência, e muitas árvores. Como o clima na região é um pouco árido, há canais a céu aberto, conhecidos como acéquias, que trazem a água de degelo da cordilheira e aumentam a umidade do ar. A cidade é turística e tem uma vida noturna relativamente agitada.
Para permanecer seis meses como estudante na Argentina, é preciso de um visto especial para essa finalidade. Eu entrei no país com visto de turista e consegui a minha autorização já em Mendonza. Optei por morar em uma pensão porque era bem localizada e abrigava outros intercambistas. O local era próximo da Avenida San Martín, a principal da cidade, e eu não tinha dificuldade para chegar nos lugares. O campus da universidade era um pouco mais afastado do centro, mas há muitos ônibus que fazem esse trajeto.
Uma das experiências mais marcantes e valiosas de ter morado na Argentina foi ter me sentido mais latino-americana. Apesar do idioma e de algumas tradições culturais diferentes, temos muito mais semelhanças do que diferenças com os países vizinhos. Descobrir isso foi um fator muito importante na construção da minha identidade.”
*Na foto, Marina durante desfile temático na cidade de Mendoza, na Argentina
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