Por https://www.estudarfora.org.br/wp-content/uploads/2016/12/Design-sem-nome-1.pngalia Bustamante
“Começo a trabalhar ou faço um intercâmbio?” é o novo “caso ou compro uma bicicleta?” – pelo menos para muitos estudantes que desejam morar fora, mas têm medo de pausar a carreira ou de postergar sua entrada no mercado de trabalho. Mas e se fosse possível fazer os dois? Adquirir experiência na sua área de atuação ao mesmo tempo em que vive a tão sonhada (e valorizada) experiência internacional?
Uma solução para esse dilema pode realizar um programa de estágio no exterior. Existem vagas em diversos lugares do mundo e para as mais diferentes áreas de atuação – com exceção ao segmento de saúde, já que a maior parte dos países possui restrições ao envolvimento de estagiários estrangeiros com o tratamento de pacientes.
Busca por conta própria
A experiência que tive, bem como uma boa carta de recomendação tiveram um retorno muito positivo em entrevistas que fiz depois que voltei
O interessado pode procurar vagas de forma independente, por meio do contato direto com empresas ou vagas divulgadas na internet; ou procurar a intermediação de agências de intercâmbio no processo. Em ambos os casos, é recomendado que o participante inicie a preparação no mínimo seis meses antes da data da viagem.
No contato independente com empresas, chamado de self-placement, os detalhes (remuneração, período, tipo de trabalho) são acertados entre o estudante e o empregador, e o acordo precisa ser reconhecido por órgãos dos dois países para que o estágio seja legalizado e o estudante aprovado para o visto. Algumas agências oferecem este serviço de preparação da documentação – que pode variar entre R$ 1.800 e US$ 2.000, e não inclui arranjos de acomodação e transporte.
Foi o caso da paulista Fernanda Martins que, ainda na faculdade de Relações Públicas, decidiu realizar o sonho de ir morar em Nova Iorque. Ela disparou e-mails para diversas empresas que encontrou online e, após receber a proposta de uma delas, entrou em contato com a STB para lidar com a documentação. “Procurei uma agência especializada porque é muita burocracia com o visto e com a validação do estágio”, comenta.
A agência também a ajudou a negociar o período em que ia trabalhar e a encontrar acomodação na cidade. Como intern não remunerada em uma grande empresa de eventos, ela tinha responsabilidades de lidar diretamente com parceiros e clientes, e acredita que o aprendizado abriu portas aqui no Brasil: “A experiência que tive, bem como uma boa carta de recomendação tiveram um retorno muito positivo em entrevistas que fiz depois que voltei”, complementa.
Via Agência
Algumas agências já estão em contato com empresas no exterior e garantem um determinado número de vagas a cada ano – número este que varia de acordo com o aquecimento do mercado internacional. Para participar deste processo, o estudante vai diretamente até as agências, que cadastram seu currículo no banco de dados das empresas de interesse e negociam todos os detalhes do acordo de trabalho.
Todas as vagas que temos em hotelaria, por exemplo, são remuneradas. Na Austrália, os valores variam de US$ 12 a US$ 17 por hora
As áreas de tecnologia, engenharia, turismo e gastronomia são as que possuem a maior quantidade de vagas. Os estágios podem ser remunerados ou não, e os salários variam de acordo com a área de atuação e o país: “Todas as vagas que temos em hotelaria, por exemplo, são remuneradas. Na Austrália, os valores variam de US$ 12 a US$ 17 por hora”, explica Rosana Lippi, gerente de produto na agência STB. “Já nos Estados Unidos, país de maior procura, a maior parte das vagas é não remunerada. Algumas poucas remuneradas giram em torno de US$ 10 a US$ 14 por hora trabalhada”, completa.
Pré-requisitos
Os pré-requisitos podem variar, mas incluem sempre nível intermediário de inglês (ou da língua do país de destino) e graduação, completa ou em andamento, em áreas relacionadas. Ao contrário dos estágios no Brasil, o vínculo universitário nem sempre é necessário. Rosana observa que são dois os perfis do candidato: de um lado, jovens que estão na faculdade ou acabaram de concluir seu curso; e do outro, profissionais com cinco ou seis anos de mercado que gostariam de mudar de carreira.
Por meio de agências, também é possível combinar o estágio com cursos de extensão na área. A agência de intercâmbios CI, por exemplo, oferece vagas em administração, negócios internacionais, hotelaria e atendimento ao cliente, em países como Austrália, Canadá e Nova Zelândia.
Troca de estagiários
O estudante de arquitetura Davi Alvim passou três meses na Polônia, na cidade de Lodz, atuando em um escritório de arquitetura. Para ele, a experiência, além de ter dado mais segurança no inglês, também contribuiu para o seu amadurecimento profissional: “Aprendi a utilizar diversos softwares que não sabia mexer e, mais do que isso, a me relacionar com pessoas de culturas muito diferentes, o que abriu minha cabeça”, comenta ele.
Aprendi a utilizar diversos softwares que não sabia mexer e, mais do que isso, a me relacionar com pessoas de culturas muito diferentes, o que abriu minha cabeça
Prestes a concluir a faculdade, ele faz planos: “Tenho certeza que, quando tiver meu escritório, quero me cadastrar para receber estagiários de outros países, pois também quero dar essa oportunidade a outros estudantes do mundo”. Ele se refere ao programa de estágios do IAESTE, organização internacional que promove intercâmbio de estágios entre mais de 80 países: para cada estagiário brasileiro que vai, uma empresa brasileira recebe um estudante estrangeiro.
Pelo programa da IAESTE, os estudantes inscritos acumulam pontos a partir do seu currículo e do envolvimento nas atividades da associação – como buscar intercambistas no aeroporto ou promover eventos de divulgação dentro de universidades. Uma pontuação mais alta garantiria ao candidato uma chance maior de ser aprovado para vagas em países mais concorridos, como Estados Unidos e Canadá.
Neste programa, 70% das vagas são para as áreas de tecnologia, engenharia e biologia, mas também existem posições para administração, marketing, turismo, economia, farmácia, entre outras. A remuneração dos estágios é compatível com os gastos de alojamento, transporte e alimentação do estudante no país de destino. “A associação ajusta o salário de acordo com as experiências de quanto os intercambistas gastaram nos anos anteriores. Para mim, sempre sobrava dinheiro para um passeio no zoológico ou algo assim”, relembra Davi.
A associação cobra uma taxa de inscrição de R$ 95,00 e, caso o estudante seja aceito nas vagas de seu interesse, a taxa de adesão ao programa é de R$ 1.800, não incluindo gastos com visto, seguro de saúde ou passagem aérea.
Entre os países com o maior número de vagas para brasileiros estão Alemanha, Polônia e Espanha. Já os mais concorridos são Estados Unidos, Canadá e países nórdicos – Noruega, Dinamarca, Suécia e Finlândia. Em todos eles, é obrigatório ter domínio do idioma e possuir vínculo universitário.
O que você precisa saber
O estágio é remunerado? Depende do programa. De qualquer forma, a remuneração cobre os custos básicos e não inclui gastos com passagem aérea ou taxas da agência.
Quais áreas podem ir? Todas, exceto saúde. A maior parte das vagas, porém, está nos segmentos de tecnologia, engenharia e hotelaria.
Como encontrar vagas? Em sites de empresas ou por meio de agências de intercâmbio.
Tenho vaga, já posso ir? Não. Para ser válido, o acordo deve ser reconhecido por órgãos dos dois países – o que também é fundamental para a obtenção do visto de trabalho temporário.
Quais são os pré-requisitos? Ter entre 18 e 32 anos, ter formação na área de interesse, e possuir nível intermediário na língua do país de destino.
Quais são os países mais concorridos? Canadá e Estados Unidos.
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