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Como são os congressos acadêmicos nos Estados Unidos?

congresso acadêmico nos Estados Unidos

Por Renan Kuntz

No último mês, tive a oportunidade de participar do meu primeiro congresso nos EUA. Fui até San Diego, na Califórnia, no Encontro Nacional da Associação Americana de Química, para apresentar o meu projeto de pesquisa e conhecer o que está sendo feito de mais inovador na área química dos EUA.

A Universidade de Tulsa ama dar oportunidades para os seus alunos adquirirem experiência profissional – tanto que enviaram mais de 20 estudantes e professores para o evento, enquanto outras universidades enviam na média 4 pessoas. Por ter participado desde o primeiro ano em um projeto de pesquisa aqui, o meu orientador me convidou a apresentar o meu trabalho lá e, claro, não titubeei em correr para preparar o meu pôster.

Antes da viagem tivemos uma reunião com toda a equipe que iria para acertar os detalhes. No mesmo encontro recebemos em mãos a relação de colegas de quarto, horários e regras definidas, três semanas antes da nossa partida! Foi uma organização extremamente simples, mas super eficaz.

Chegando em San Diego, partimos para conhecer o centro de convenções. Aliás, é o mesmo local onde a Comi-Con acontece todos os anos. Só com isso, você já pode imaginar o quão grande o local é. Ao andar pelos amplos corredores de carpete verde, imaginava eu, cruzar com o Darth Vader e um exército de Stormtroopers, mas logo acordei do meu sonho ao ler o primeiro banner “Computers in Chemistry – ACS 2016”, me lembrando que dessa vez o evento seria bem diferente de uma guerra nas estrelas.

Durante o evento há muita coisa acontecendo: feiras de carreiras, feiras de pós-graduação, exposições de empresas e seus equipamentos de laboratórios, palestras sobre todos os tipos de química que você pode imaginar, e também a exposição de pôsteres. Falando em pôsteres, mais de 2000 estudantes de todo os EUA vieram para apresentar! Chegando lá, coloquei o meu pôster, bonitinho no lugar, e logo fui puxar papo com o pessoal ao redor e descobrir com o que estavam trabalhando. Ao mesmo tempo, pessoas passeando pela feira paravam em frente aos pôsteres e faziam perguntas. Aquele momento só queria dizer uma coisa: networking!

Tive a chance de conhecer ex-alunos da Universidade de Tulsa; um estudante de doutorado da Austrália que trabalhava com a IBM; outro que fora recém-contratado da HP e que veio procurar meu trabalho após tê-lo visto no site do evento.

Outro ponto alto da feira são as palestras: assuntos relevantes discutidos por experts no assunto. No segundo dia do evento eu passei a tarde inteira ouvindo desde importantes pesquisadores da área até um membro do Ministério de Energia dos EUA. Os assuntos eram tão variados como o que fazer com resíduos nucleares, a ascensão do hidrogênio como combustível e a evolução de baterias de lítio, as oportunidades de pesquisas em energias renováveis… Tão interessantes que me deixavam inquieto e com os ouvidos e olhos atentos o tempo todo.

O mais legal ainda foi ao fim da palestra poder ir diretamente fazer perguntas aos palestrantes. É interessante ficar frente a frente com essas pessoas que estão trabalhando na fronteira da ciência, fazendo ciência na sua mais pura forma, e bater um papo descontraído como se, logo após todo o papo científico eles fossem me perguntar “E aí, viu o placar do último jogo da NBA? ”. Engraçado foi, ao eu me apresentar a um professor de Stanford, ele imediatamente me pede: “Com esse nome e do jeito como o fala, deve ser brasileiro, né?.” Surreal.

 

* Foto: ACS Spring National Meeting / Crédito: Divulgação

 


 

Claudio

Sobre o autor 

Renan Kuntz estudou em escolas públicas durante toda a vida, destacou-se em olimpíadas científicas e, no ensino médio, participou de diversos programas de iniciação científica. Hoje, estudante da Universidade de Tulsa, nos EUA, quer compartilhar como é o estilo de vida nesse pequeno campus, mas que oferece excelentes oportunidades tal como os das grandes universidades. Leia aqui todas as colunas do Renan Kuntz

 

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