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O trabalho voluntário faz mesmo a diferença na seleção de universidades?

Garantir uma vaga em um curso no exterior vai muito além de ter um currículo cheio de notas altas. Na hora de avaliar os candidatos, as universidades apostam em atividades realizadas fora de aula que beneficiem a comunidade e que demonstrem interesse em questões sociais. Entram na lista de pontos extras as iniciativas que engajam os estudantes em assuntos relevantes para sua própria comunidade, trabalhos voluntários e projetos independentes.

Isso porque, ao buscar um aluno, as universidades não querem ver apenas como o sujeito é em sala de aula, ou o quão bom foi seu desempenho nos exames tradicionais, como TOEFL e IELTS. As experiências em voluntariado e em projetos que se revertem em  benefícios à comunidade demonstram maior proatividade e uma preocupação com o que está à volta. E os comitês de seleção possuem várias formas de identificar jovens com este perfil, mesmo antes das entrevistas.

Nós buscamos estudantes que vão fortalecer a universidade no futuro, sendo ex-alunos notáveis e engajados que passam esses valores adiante

Além dos campos destinados às atividades extracurriculares nas applications, as cartas de motivação, por exemplo, também funcionam como filtro. “Nós buscamos aqueles que vão fortalecer a universidade no futuro, sendo ex-alunos notáveis e engajados que passam esses valores adiante”, resume Yamilet López-Medina, responsável pelas admissões na Universidade do Sul da Califórnia, em entrevista ao Estudar Fora.

Foi esse um dos diferenciais do brasileiro Henrique Vaz, que hoje estuda Ciência da Computação e Estatística na Universidade Harvard, quando se candidatou. Ele ajudou a criar o projeto Vontade Olímpica de Aprender (VOA), que ministra aulas a estudantes de escolas públicas que queiram participar de olimpíadas em áreas como matemática e física. Atualmente afastado da iniciativa por conta da distância, Henrique destaca que o trabalho “envolvia tudo”, desde elaborar planos de aula até arrecadar patrocínio. “É importante ressaltar que não fiz nada disso sozinho. Pra que tudo corresse bem, foi muito importante que o time todo fosse capacitado e engajado”, ressalta. E esse é outro ponto importante dentro da vivência dos trabalhos comunitários: executar as tarefas em equipe e, muitas vezes, tomar a frente da iniciativa, desempenhando mais de um papel.

Ainda que as vantagens de acrescentar os trabalhos voluntários ao currículo pareçam mais concretas para os que iniciam a graduação, alguns cursos de mestrado já incorporam esse aspecto. “Cada universidade tem um perfil diferente. Nos Estados Unidos, os programas em Medicina e Direito costumam cobrar esse tipo de envolvimento, além de experiências profissionais e na área de pesquisa”, esclarece Yamilet López-Medina.

Em outros países, também há instituições que valorizam o perfil mais engajado. É o caso da Universidade de Coimbra, em Portugal, que conta com um mestrado em Intervenção Social, Inovação e Empreendedorismo. Aluna da universidade portuguesa, a terapeuta ocupacional mineira Irene Cavalieri acredita que o contato com outras realidades fortaleceu seu entendimento enquanto estudante e também aperfeiçoou seu currículo. “Durante a graduação, pude me dedicar a projetos voltados a questões sociais e relacionados à terapia ocupacional. Em um deles, no  Laboratório do Trabalho da Faculdade de Psicologia, trabalhei com mulheres grávidas privadas de liberdade”, exemplifica Irene, que estudou na Universidade Federal de Minas Gerais antes de embarcar para Coimbra.

Tanto na graduação quanto nas pós, o que sai fortalecido é um currículo que não se limita aos muros da universidade. Romper a barreira entre teoria e prática, e se expor a realidades distintas faz parte da formação de quem quer chegar às grandes instituições. “É o equilíbrio entre tais experiências e um perfil acadêmico forte que torna uma application mais competitiva”, conclui Yamilet.

 

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