Por https://www.estudarfora.org.br/wp-content/uploads/2017/06/mariaeduarda-prep-1.png Bellini
O referendo que levou à saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit (uma aglutinação das expressões em inglês “Britain” e “Exit”), deixou muita gente alarmada. Depois de 52% dos britânicos votarem pela saída do bloco, a mudança de cenário trouxe à tona perguntas sobre o destino do país. Afinal, isso torna o Reino Unido menos atrativo para o intercâmbio? Conseguir um visto para estudar por lá ficará mais difícil? Os brasileiros sentirão algum impacto direto por esse novo contexto?
O tom das respostas dadas pelo embaixador do Reino Unido no Brasil, Alex Ellis, não poderia ser mais britânico: keep calm. Ainda é cedo para especular quais serão as modificações impostas pelo Brexit e qual a extensão dessas mudanças. “Nós ainda estamos na União Europeia, então, por enquanto, nada muda”, esclarece Ellis, em entrevista ao Estudar Fora.
O que ele quer dizer é que o processo todo não foi concluído, já que o resultado das urnas ainda não foi ratificado nem teve seus termos negociados pra valer. A estimativa do embaixador é que essa transição demore por volta de dois anos.
Quanto se fala em educação, principalmente no Reino Unido, outro fator determinante é a tradição das universidades britânicas. “O país sempre foi um pólo global e já existe uma tradição de bolsistas brasileiros no Reino Unido. O primeiro deles foi Vinicius de Moraes”, diz Ellis. De fato, o poeta carioca foi o primeiro a desembarcar por lá com uma bolsa de estudos, ainda em 1938, para estudar Letras na Universidade de Oxford.
Isso reforça a necessidade de cooperação e de olhar mais para os países que estão fora da Europa
Desde então, não faltam oportunidades para os alunos brasileiros, que recorrem a editais das próprias universidades e programas de outras instituições. É o caso das bolsas Chevening (que abrirão inscrições em agosto) que contempla estudantes internacionais desde 1983.
Questões práticas ligadas ao processo de intercâmbio, como a obtenção de visto ou até as taxas pagas para cursar uma pós-graduação no Reino Unido, por exemplo, não mudam para os candidatos brasileiros. “O processo só afetaria um estudante que usasse o passaporte europeu, porque ainda será definido o seu status”, destaca Ellis.
Em outras palavras, aqueles que possuem cidadania europeia devem acompanhar os próximos passos do Brexit para estudantes europeus. Isso porque, nas universidades britânicas, esses candidatos acabavam equiparados aos nascidos no Reino Unido – por exemplo, pagavam a mesma anuidade. Na Universidade de Sussex, atualmente, um aluno de doutorado chega a desembolsar três vezes mais para pagar a anuidade caso seja de fora do bloco europeu.
Agora, se para os europeus o Brexit significou um rompimento, para os brasileiros o cenário pode ser oposto. “Isso reforça a necessidade de cooperação e de olhar mais para os países que estão fora da Europa”, explica Alex Ellis, que vê com otimismo as relações entre Brasil e Reino Unido no futuro. Para o embaixador, outro fator a ser considerado é a tendência das próprias universidades brasileiras à internacionalização, o que pode aumentar o número de parcerias.
É uma boa notícia para os que escolhem a terra da Rainha Elizabeth II como destino: o perfil de internacionalização das universidades britânicas não parece próximo de mudar. Centros de pesquisa importantes, que costumam chegar às primeiras posições em rankings internacionais, como Oxford e Cambridge, “são zelosos em manter esse status”, segundo Ellis.
* Foto: O embaixador do Reino Unido no Brasil, Alex Ellis
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