Por Monyse C. Almeida
Parece que toda noite mais de 200 milhões de pessoas sonham em português. Um português não igual. Com palavras, sotaques, cadências e em fusos diferentes. Essa nossa língua que namorou o chão. Namorou na poeira do Brasil, da Angola, de Moçambique, do Timor, de Macau.
Quer dizer, sujou-se no sentido que Manoel de Barros dá. Sujou-se no sentido que é capaz de se entranhar e casar com o chão. Com o nosso chão. Com dinâmicas, culturas e maneiras diferentes de ser e de se estar na vida. Na vida e num chão que transita 200 milhões de pessoas.
Há uma certa poesia nisso tudo. E verdade seja dita, quanto ao nosso português definitivamente nós não economizamos em poetas. Em grandes poetas (este tema vale uma próxima coluna).
E historicamente, nós não economizamos em desbravadores. Líderes e suas equipes em naus e caravelas que se lançaram em condições adversas “em mares nunca dantes navegados”. Há uma certa “gestão estratégica/cultura organizacional/orientação para os resultados ao seu modo-século XVI”, nisso tudo.
MBA Atlântico: Um Porto de Partida
Estou em Portugal, aquele que se agigantou no além-mar em uns pares de séculos atrás. Estou na cidade do Porto. Aqui inicio a minha primeira temporada, de janeiro a abril. De maio a julho sigo para Luanda, na Angola. E meus últimos meses de 2017 se encerram na cidade do Rio de Janeiro.
Justificativa para essas três temporadas e em três continentes distintos? Sim, tenho. E se chama MBA ATLÂNTICO, já na sua 7º edição que se consagra como uma rota da lusofonia dos negócios.
A missão do MBA ATLÂNTICO é formar gestores de quadros vocacionados para a internacionalização através do espaço da língua portuguesa. Este MBA liga três continentes (África, América Latina e Europa), em formato full time que passa um trimestre em cada geografia, no Porto, em Luanda e no Rio de Janeiro.
Um MBA – além da proposta formativa e aquele script de disciplinas (finanças, estratégia empresarial, direito, contabilidade), um MBA – é um treinamento em liderança.
Este treinamento não acontece somente em uma sala de aula (com mesas em disposição semelhante à Assembleia Geral da ONU com o nome em uma plaquinha à frente) nem acontece em uma cadeira (como as disciplinas são chamadas aqui) chamada Liderança.
O programa nos prepara para sermos líderes de maneiras tangenciais, transversais e com os códigos, comandos de três continentes e com acesso a 200 milhões de lusofalantes
O programa nos prepara para sermos líderes de maneiras tangenciais, transversais e com os códigos, comandos de três continentes e com acesso a 200 milhões de lusofalantes – um treinamento paralelo, que acontece e se fortalece 24 horas por dia, do pequeno almoço (café da manhã) aos momentos de descontração regados a vinho do Porto.
Somos 25. Somos brasileiros, angolanos, cabo verdeanos e portugueses. Estamos morando no mesmo lugar, em quartos vizinhos, dividimos a sala de aula, o ônibus e os dias. Temos idades, experiências e interesses tão distintos. No começo parece assustador, nem parece que estamos falando a mesma língua. É, no início estranha-se, mas depois entranha-se, já diria Fernando Pessoa.
As tão faladas soft skills, tão necessárias para o nosso tempo, são fortalecidas exponencialmente aqui. O Oceano Atlântico nunca se encurtou tanto. Que fluidez em transitar no além-mar e além fronteiras.
Para acompanhar um pouco da minha saga lusófona, publico diariamente registros no instagram: @fuso.luso. Pretendo aparecer aqui por essa coluna mais do que me programei (se a carga de leitura, os trabalhos interdisciplinares e os vinhos do Porto assim me permitirem) e me esforçarei para compartilhar o que tem de mais rico nessa oportunidade incrível que estou tendo a oportunidade de viver.
Ah, esqueci de dizer, sou bolsista integral e, feliz notícia, não sou a única. Grana? Aqui não é empecilho.
Hoje passados algum tempo que estou aqui no Porto, posso dizer que já sou mais angolana e portuguesa agora. E amo ainda mais a minha língua.
Sobre Monyse
Permita-me apresentar com a (tentativa de) polidez com que os portugueses assim o fazem. Sou Monyse Almeida, advogada de formação, escritora de coração e empreendedora por uma não só razão. Bolsista do programa MBA ATLÂNTICO. Para acompanhar um pouco da sua saga lusófona, confira registros diários no instagram: @fuso.luso.