Se você pretende estudar fora do Brasil ou se já está vivenciando esta experiência, “pásalo a lo grande”! Tomarei emprestado esta expressão que em castelhano significa “divirta-se bastante” e utilizarei aqui não apenas no sentido de festa e entretenimento, mas no sentido de aproveitar ao máximo essa experiência de formação. Busco, com ela, traduzir o significado de intercâmbio para o nosso conhecimento, bagagem acadêmico-profissional, cultural e pessoal, e quão corresponsáveis somos por que este período seja de fato inesquecível.
Assim, para “pásalo a lo grande”, temos a obrigação de aproveitar as oportunidades de formação que a instituição estrangeira e demais instituições existentes na cidade e região nos proporcionam. Temos a obrigação de não sermos meros expectadores e “aulistas”, gastando nosso tempo em apenas três fatídicos momentos: aulas, estudos para as provas e gandaia (risos).
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Participação em Eventos
Há uma gama de eventos que a IES organiza que lhes proporcionarão integrar-se não só com a produção do saber, como também com a cultura e pessoas. Assim, pare e leia com regularidade os murais, cartazes, os flyers dispostos próximos às secretarias – e não só da sua faculdade/área, mas também de outras áreas que se relacionam com a sua, pois o conhecimento é transdisciplinar. Esta atitude já lhe impulsionará um novo olhar para o mundo.
Pergunte aos colegas e professores sobre eventos a ocorrer, participe de grupos relacionados a atividades acadêmicas, tal como o núcleo de estudantes brasileiros da sua instituição. Crie o hábito de acessar o site da IES em que você está, pois uma variedade de cursos e atividades extracurriculares são divulgadas por lá. Vale a pena até buscar no Google por eventos. São ações simples, mas que distinguem formações.
Enfim, seja ativo, não espere que o evento vá até você. Engaje-se e participe! Mesmo que você não tenha trabalhos para apresentar e/ou não queira seguir carreira acadêmica, tais eventos como congressos, simpósios, conferências, jornadas, encontros palestras, workshops, minicursos, seminários e etc. são cruciais para a formação profissional. Nestes eventos os debates e produções do que é mais atual na área é sociabilizado.
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Aproveite, seja por um mês ou por quatro anos
O tempo que permaneceremos para a formação no exterior é limitado. Seja intercâmbio de um ano ou até mesmo todo o período de uma graduação, mestrado e doutorado, é importante se organizar para de fato aproveitar as oportunidades, pois as demandas das atividades acadêmicas obrigatórias acabam, por vezes, consumindo a maior parte do nosso tempo. Assim, deixamos de lado as atividades “extras” e acabamos por dizer: “Vou ficar um ano… Vou ficar toda a graduação… Ainda tenho tempo para me organizar e participar de outros eventos que aparecerem! ”.
De fato, temos que definir sempre quais são nossas prioridades para o momento. Contudo, não coloquemos o depois como regra. Primeiro porque os eventos nunca se repetem; segundo, porque se corre o risco de, infelizmente, passarmos todo o período de estudos no exterior em “brancas nuvens” e não “a lo grande”.
Estou na Universidade do Algarve, no Grupo de Neurociências Cognitivas pelo Programa de Doutorado Sanduíche da CAPES. Vim de mala e cuia – ou, melhor dizendo, marido e dois filhos. Tempo é algo que me falta. Correto? Errado! Claro, a demanda de estudar fora com família a tiracolo são inúmeras e vir com todos é algo realmente corajoso.
Por isso que a palavra de ordem é organização e planejamento. Estou terminando o primeiro semestre sem ter participado de tudo o quanto gostaria, mas avaliação que faço deste período é positiva. E isso porque vim com o objetivo de participar de “tudo e mais um pouco”! Imagine quantas oportunidades não perdem aqueles que não pensam sobre isso e programam-se apenas para a rotina de estudos, citada acima.
Y ahora? Vás pasalo a lo grande? Questão de prioridade!
Sobre a Autora
Roseline N. Ardiles é doutoranda de Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano do IPUSP, e está em seu Doutorado Saduíche/CAPES na Universidade de Algarve, em Portugal. Lá, ela é Coordenadora de Desenvolvimento de Novos Projetos do Núcleo de Alunos Brasileiros da Universidade de Algarve (NUBRA).