Quando o bengali Muhammad Yunus começou a oferecer pequenos empréstimos às pessoas mais pobres em Bangladesh, deu origem a um modelo conhecido como microcrédito. No caso de Yunus, tudo começou com o banco Grameen (que significa “povoado”, na língua bengali) e com a aposta de que tal iniciativa poderia tirar muita gente da pobreza. Deu certo.
Esse conceito, fundado pelo “banqueiro dos pobres”, envolve conceder às parcelas mais humildes da população o acesso ao crédito. As contrapartidas são menores e exigem que o receptor do dinheiro o aplique para fins que não sejam somente de consumo.
Em outras palavras, em vez de gastar toda a quantia pagando as dívidas em um mercadinho, a pessoa deve utilizá-lo para abrir um pequeno negócio, por exemplo. Em geral, as políticas de juros também mudam e permitem que o microempreendedor desfrute de condições melhores. Na prática, isso significa dar a chance para que mais pessoas saiam da pobreza e consigam se sustentar, mesmo em países com renda per capita baixa, como Bangladesh.
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“O crédito também pode ajudar na variação da renda. As pessoas mais pobres não apenas ganham pouco, como também recebem em intervalos irregulares, e acabam ficando sem dinheiro, muitas vezes”, explica o professor de Microfinanças Michael Gordon, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. “Mas as oportunidades em microfinança não contemplam só a possibilidade de crédito, como também as ‘micropoupanças’”, completa. Isso porque, com a possibilidade de guardar dinheiro, essas pessoas podem se preparar para emergências, planejar gastos com educação e, assim como acontece no crédito, criar e expandir pequenos negócios.
Além de proporcionar a Muhammad Yunus um Prêmio Nobel em 2006, o conceito foi replicado em vários países, mesmo nos mais desenvolvidos. Hoje em dia, há instituições que oferecem cursos na área para os interessados em passar o legado adiante.
University of Michigan
O professor Gordon é responsável pelo primeiro curso oferecido pela Universidade de Michigan na área de microfinanças. Como parte da Ross School of Business, a disciplina eletiva “Introduction to Microfinance” dá as bases para quem se interessa pelo microcrédito tradicional, como o banco criado por Yunus, assim como novas oportunidades na área.
É o caso de iniciativas de microcrédito que ambicionam oferecer oportunidades educacionais para jovens, ou mesmo para as que focam em projetos pelo meio ambiente. “Na prática, as microfinanças são o exemplo mais antigo e mais bem sucedido de empreendimento social. Um exemplo disso está em como alcançou todas as regiões do globo, até mesmo os países desenvolvidos”, opina Gordon.
Oxford Microfinance Initiative
Essa é a consultoria criada por alunos de Oxford para auxiliar iniciativas que trabalham com microfinanças. Ao longo de nove meses, grupos de 10 alunos da universidade apoiam iniciativas ao redor do mundo que tenham demonstrado interesse em se aperfeiçoar. Por um lado, os estudantes devem manifestar interesse no tema e na área de ação de entidade.
Atualmente, os projetos apoiados pela iniciativa incluem o crédito para pequenos agricultores na Armênia, oferecido através do banco ACBA, e a Sonas World Ltd., que dá instrução em negócios e apoio financeiro em comunidades rurais do Camboja.
Universidad Autónoma de Madrid
A universidade espanhola dedica um mestrado inteiro ao tema, dado em inglês. O aprendizado contempla tanto os princípios mais básicos das microfinanças, como também sua relação com o combate à pobreza.
A partir daí, os conhecimentos são aprofundados e divididos em cenários diferentes: como o microfinanciamento funciona em países pobres, como acontece nos mais desenvolvidos, além de cases de sucesso. Durante o curso, ou nas férias de verão, os alunos devem trabalhar em uma instituição microfinanceira.
Para os brasileiros que não têm condição de bancar os custos, a universidade destaca as bolsas de estudo da Fondación Carolina.