Estudar em uma universidade fora do país requer planejamento em função do complexo processo de admissão – as exigências das faculdades estrangeiras vão desde o histórico de notas do aluno traduzido, até a comprovação da fluência no idioma de instrução por meio de um exame internacional de proficiência da língua.
Por vezes, essa etapa de certificação gera dúvidas e insegurança, principalmente quando o candidato não conhece bem os critérios de avaliação do teste de proficiência escolhido. Para evitar essa sensação, o primeiro passo é definir qual é o exame que melhor apóia seus objetivos e necessidades pessoais.
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Uma estratégia eficiente é entender o formato da prova, as habilidades testadas, quais são os critérios levados em consideração para alcançar o resultado pretendido e a nota mínima pedida pela instituição desejada. Estas informações podem ser conferidas no portal das universidades, dos centros aplicadores dos exames e até mesmo aqui no Estudar Fora, e contribuem durante o período preparatório para que se coloque mais esforço naquilo que realmente importa.
Modelo da prova: multinível ou level-based
Detalhes relativos ao modelo de cada prova e à forma de correção que nem sempre são muito claras – mas passarão a ser após a explicação abaixo. Usando como o exemplo os Exames de Cambridge, falaremos sobre a diferença dos testes construídos a partir do princípio de multinível e dos exames desenvolvidos com base no domínio de níveis.
Teste de proficiência multinível
Os chamados testes de proficiência multinível podem ser enxergados, para facilitar o entendimento, como provas de diagnóstico. Independente de como o candidato tenha se preparado, eles medem o avanço e desempenho de cada pessoa dentro de uma escala. É como se fosse uma fotografia tirada no momento da prova e nela saísse registrada como está o seu conhecimento naquele exato instante. Ou seja, seu resultado é mutável e, por isso, geralmente o relatório emitido a partir da experiência possui prazo específico de validade (assim como a maior parte das instituições de ensino determinam que o resultado entregue tenha no máximo dois anos de validade).
Além disso, nem sempre o teste de proficiência multinível avalia as quatro habilidades fundamentais speaking (falar), listening (escutar), reading (ler) e writing (escrever): há casos em que é possível escolher testar alguma delas individualmente. Outra particularidade é que a avaliação oral é realizada de maneira individual, uma vez que há candidatos de todos os níveis fazendo a prova simultaneamente e não é possível presumir que todos os alunos possuem o mesmo nível de fluência para interagir.
Nesses casos, há algumas avaliações que são construídas de forma adaptativa. Ou seja, o teste base tem o mesmo nível inicial para todos os participantes e, com base nas respostas de cada um, ele se torna progressivamente mais fácil ou mais difícil de acordo com o que aponta o nível de inglês identificado e, posteriormente, testado. Segue esse princípio, por exemplo, o Cambridge English Benchmarking Test. Há outros que são produzidos em uma estrutura mais fechada e na correção a medição de erro a acerto tem como base atender ou não atender a tarefa como um todo.
Teste de proficiência level-based
Já os exames level-based são aqueles construídos com base no domínio de um nível específico e que conferem certificados sem validade especificada pelo emissor. Sua elaboração leva em conta o processo do aprendizado e do estudo como um todo e a lógica que guia o resultado é que apenas quem absorveu o conhecimento de maneira sólida conseguirá atingi-lo. É o caso do Cambridge English First, que leva em consideração conhecimentos de nível intermediário superior; do Advanced, uma qualificação de nível avançado (ou independente); e do Proficiency, qualificação internacional de mais alto nível de proficiência na língua inglesa, que figuram na lista dos mais aceitos pelo mundo.
Nesse formato, as provas sempre avaliam as quatro habilidades de forma orientada e consideram para o sucesso o cumprimento das tarefas pedidas. As partes voltadas ao listening e ao reading tendem a apresentar questões mais objetivas em formato de múltipla escolha e dissertativas. No writing é avaliada a coerência e a coesão do texto. O avaliador checa se o candidato sabe usar referências e se as frases escritas fazem sentido – o que vai muito além de apenas ter a gramática correta. Já para o speaking, os critérios são pronúncia e coerência.
Ou seja, saber essas informações para usá-las a favor do sucesso representa um diferencial no momento da escolha, no período preparatório e no cuidado para os estudos. Na estratégia traçada leve em consideração a necessidade de se ambientar ao tipo de prova, aos critérios de correção e aos pontos que serão cobrados.
Sobre o autor
Alberto Costa possui 30 anos de experiência no mercado de educação, tendo atuado como professor de inglês, examinador dos exames de Cambridge English Language Assessment, treinador de professores para as certificações CELTA, ICELT e DELTA. Além disso também esteve à frente de iniciativas de treinamento e formação continuada de professores de inglês e de consultoria acadêmica. Costa possui especialização em treinamento de professores (PRINSELT) do College of St. Mark & St. John em Plymouth, Reino Unido, e é certificado por Cambridge com o diploma Cambridge RSA for Overseas Teachers of English (DOTE). Atualmente ele ocupa a posição de Senior Assessment Manager de Cambridge English no Brasil.