Há cinco anos, quando ingressei na Faculdade de Direito em São Paulo, não imaginava que concluiria o curso aplicando para um programa de LL.M. Talvez tivesse o ânimo de voltar a morar no exterior, mas não na condição de mestranda. Eu também não previa que faria um LLM em Direito Alimentar. Muito menos imaginado: “Vou estudar em Roma, com certeza!”.
Mas sabia que estava no lugar certo quando, logo ao chegar na Itália para meu LL.M. em Direito Alimentar, tive a oportunidade de assistir a uma aula magna na famosa “Sala delle Colonne” da Universidade LUISS Guido Carli. Os palestrantes chegaram, acomodaram-se, iniciaram o seminário e eu sussurrei perplexa: “Non ci posso credere!” (traduzindo, “não dá pra acreditar!”)…
Estava feliz, felicíssima. Gilbert Houngbo (presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – IFAD), Theo de Jager (presidente do World Farmers Organisation – WFO) e a Princesa do Reino dos Países Baixos, Viktoria de Bourbon de Parme, estavam reunidos na mesma mesa, discutindo os rumos da agricultura sob uma perspectiva empoderadora.
O meu objetivo do LL.M. foi resumido em duas frases pela Princesa Viktoria: “Você não precisa ser representado. Você tem a sua própria história para contar”. É um trabalho árduo confrontar-se com os desafios no caminho, mas ao estudar fora, temos uma oportunidade de contar nossa história vivendo um novo referencial, uma nova cultura, em contato com outras pessoas. Tudo isso faz parte do desenvolvimento de estudar e morar fora – e, no meu caso, de aprender a viver “italianamente”.
Como estou vivendo o processo de adaptação, permita-me ajudá-lo nos passos iniciais.
“Una mano” para entender a vida romana
A experiência universitária em Roma é uma conexão direta com a história. A cidade é reverenciada como um “museu a céu aberto”, com monumentos e símbolos dos tempos etruscos e contemporâneos dividindo o mesmo espaço.
Melhor ainda é saber que, todos os primeiros domingos do mês, os locais considerados como patrimônios históricos e culturais (como museus, galerias, sítios arqueológicos, parques monumentais e jardins) são abertos aos visitantes com entrada gratuita. Para descobrir quais são estes lugares, basta acessar o site da Prefeitura.
Pra quem quiser desbravar um pouco das terras italianas, a organização “Erasmus Student Network” em Roma (conhecida como “ESN Rome”) coordena excursões pelo países, oferecendo preços bastante acessíveis aos estudantes internacionais. Vale a pena acompanhar o seu trabalho pelas redes sociais, ou, ainda, por meio do contato com os seus representantes locais, que são estudantes das próprias universidades romanas.
Não tem grana pra viajar? Sem problemas! O “expats living in Rome” é um movimento internacional que busca criar um networking entre os estudantes que vivem na cidade. Eles organizam aperitivos e outros eventos para que todos tenham a oportunidade de aprender o italiano e adquirir mais familiaridade com a cultura local.
Moradia para quem vai estudar em Roma
Em Roma, o melhor jeito de encontrar onde morar é buscar referências de residências ou apartamentos com amigos que já viveram cá ou italianos da universidade e que moram na cidade (que foram a minha referência).
Em geral, o custo médio com aluguel varia entre € 390 a € 600. Caso você pretenda dividir um quarto, o aluguel não excederá os € 400. Entretanto, dividindo um apartamento ou uma república, mas optando pelo seu próprio quarto, é possível gastar por volta de € 500.
Há, também, os gastos referentes às chamadas “utilities” (contas com gás, luz, internet, água etc). A maioria das residências que acolhem os estudantes oferecem um valor mensal com as “utilities” já inclusas. Essas são, de fato, as melhores ofertas.
A boa notícia é que a grande maioria das Universidades italianas estão preparadas para fornecer informações sobre locais disponíveis para residência. Você pode fazer uma busca no site da sua Universidade ou entrar diretamente em contato com o Departamento voltado aos estudantes internacionais.
O importante é que você comece a buscar a residência o mais rápido possível e, sobretudo, preste atenção nos períodos de férias escolares (especialmente nos meses de julho e agosto)! É mais difícil encontrar alguém na cidade pra ajudar, já que os italianos costumam viajar no verão.
Mobilidade em Roma
No quesito mobilidade, nós temos três meios de transporte públicos à disposição: o metrô, o trem e o ônibus. Para utilizar quaisquer um dos meios, é necessário adquirir um bilhete (“biglietto”).
Em Roma, cada bilhete custa € 1,50, valor que não é considerado alto para os padrões europeus. Eu optei por adquirir um passe mensal, no valor de € 35, mas os estudantes ainda têm à sua disposição os passes anuais, que variam entre € 130-150. Tais passes permitem um uso ilimitado de ônibus, metrô e trem durante o tempo estabelecido.
Importante lembrar que, caso você opte por um passe, é necessário manter o comprovante de pagamento consigo durante todas as viagens do mês ou do ano. A qualquer momento, é possível que um agente solicite o comprovante, a fim de averiguar se você tem mesmo um bilhete.
É possível adquirir o bilhete (“biglietto”) para tomar o ônibus nas tabacarias (procure por “Tabacchi”) espalhadas pela cidade ou nas bancas de jornal.
Já se preferir tomar o metrô, os bilhetes são adquiridos nas máquinas automáticas espalhadas nas estações. Não se esqueça de, ao passar as catracas, resgatar o bilhete que é devolvido. Pra sair da estação, você precisará apresentá-lo novamente.
Sobre a autora
Sou Giuliane Bertaglia (ou só “Giu” mesmo), caipira de criação, bacharel em Direito, entusiasta da fotografia e uma apreciadora (sem reservas) da cucina italiana. Estou à sua disposição para compartilhar a minha vida em conexão Brasil-Itália. Não hesite em seguir as infos no meu twitter @JujuBertaglia e Instagram @giulianebertaglia.