O processo de candidatura para universidades no exterior é extenso e, muitas vezes, exige que brasileiros exercitem habilidades com as quais não estão muito habituados.
Uma parte importante das candidaturas, por exemplo, são as redações em que os estudantes devem falar sobre si mesmo – suas conquistas, planos e ambições. Segundo a Diretora de Admissões da Universidade Minerva, nos Estados Unidos, é comum que brasileiros tenham dificuldade nesta parte. “Os alunos podem sentir que estão sendo arrogantes quando pedimos que eles forneçam detalhes específicos sobre sua trajetória”, comenta ela.
Isto porque falar sobre si é uma atividade pouco exercitada – tanto para quem está se candidatando a uma pós-graduação no exterior, mas principalmente para jovens ainda no Ensino Médio. A necessidade de começar a pensar, desde cedo, em como amarrar os pontos da sua trajetória tem levado alguns deles a procurar o apoio de Coaches profissionais durante o processo de candidatura.
Foi o caso da estudante Alessandra Maluf, que tirou um gap year após a conclusão do seu Ensino Médio para preparar o seu application. No seu caso, o apoio de um coach a ajudou a ter clareza sobre os tópicos que trataria em suas redações, mas também ajudou com a questão da ansiedade. “O processo foi muito intenso e exigiu muito de mim, principalmente porque eu apliquei para muitas universidades. Então o coach me ajudou a ficar mais confiante durante o processo”, explicou. Hoje, ela está no seu primeiro semestre na Georgetown University – a sua principal escolha.
“A Alessandra era uma estudante com perfil excelente, mas que não conseguia apresentar seus interesses, motivações e capacidade”, relembra a coach Elziane Campos, que a apoiou. “O processo de coaching foi desenvolvido para gerar autoconhecimento que a permitiria apresentar seu perfil com clareza, objetividade e coerência.
Como funciona o Coaching para estudar fora
A atuação do Coach na preparação para o application não é necessariamente de um especialista, e sim um apoio complementar à orientação de um Counselor. “O counselor, ou especialista no processo de application, possui todo o “Know-how” passo a passo sobre como efetuar a aplicação de forma mais rápida e direta”, explica o Coach Leonardo Cordonis, que atua com os estudantes preparados pela consultoria Aplica! Prep.
No caso da estudante Letícia Queiroz, coachee de Leonardo no ano de 2017, ambas as partes se mantinham em contato e trabalhavam em conjunto: “Enquanto eu trabalhava com a mentora no processo de application em si (college lists, meu perfil, redações e testes) o coach auxiliava com a minha reação a todo esse sistema. Como eu estava lidando com tudo aquilo, se existia algum medo ou incerteza que poderia estar inibindo minha confiança no processo, e como lidar com esses obstáculos.”
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A atuação do profissional envolve orientar o estudante a responder perguntas como “Quais são suas preferências e interesses?”, “Quais são seus valores e o que de fato é importante para você?” e “Quais os seus diferenciais?”. “Além disso, com um conhecimento aprofundado sobre si, o jovem fica mais confiante sobre o que realmente quer, passa a ter mais disciplina e atua de forma mais assertiva”, complementa Leonardo.
As sessões de coaching para estudar fora podem ser presenciais e virtuais, e acontecem com frequência semanal ou quinzenal. Entre sessões, cabe ao estudante realizar tarefas ou dedicar-se a reflexões que orientarão o estudante a avançar no seu processo.
Um momento de descontração
Para Leticia, que enviou suas candidaturas ao final do ano passado e agora aguarda os resultados de universidades nos Estados Unidos e no Reino Unido, as sessões de coaching também serviam como um momento de “descompressão”. “Cada sessão significava uma oportunidade de descontrair do estresse da burocracia do processo de application e refletir em múltiplos aspectos da minha personalidade, minhas dúvidas e minhas decisões – o que me fazia sentir mais preparada para o application em si, no final”.
Para ela, o Personal Statement foi tanto um desafio como uma oportunidade. Por gostar muito de escrever, se empolgava com a ideia de poder adicionar algo tão pessoal à burocracia da documentação. Por outro lado, a espera pelo “assunto perfeito” a congelava. Com isso, acabava faltando tempo para focar na redação em si. O autoconhecimento obtido com as sessões a ajudou a conseguir destacar, na redação, suas características mais marcantes.
“Acho que o importante do coaching é que ele te faz ser honesto sobre quem você é e refletir sobre a melhor forma de aproveitar seu próprio potencial – o que é algo útil de se ter em mente em qualquer fase da vida”, conclui.