Por Layane Duarte
Após uma experiência incrível durante um mestrado em Genômica na França, eu não tinha dúvidas de que queria fazer meu doutorado fora do Brasil. Como o caminho é longo, no primeiro semestre do meu segundo mestrado, realizado desta vez no Brasil, elaborei uma lista de países que me interessavam, priorizando o francês como idioma (já que eu o falava melhor que o inglês).
Nesse semestre, busquei as melhores universidades de cada país e quais eram referência em pesquisa na minha área (câncer de mama e biologia molecular), seguido pela avaliação da qualidade da pesquisa em relação aos outros países da lista e a cidade onde moraria. Foi então que cheguei a dois pesquisadores do IRIC (Instituto de Pesquisa em Imunologia e Câncer), autarquia da Université de Montréal.
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O processo de seleção para fazer doutorado no Canadá
Regularmente existe um evento de recrutamento anual de estudantes no IRIC, que acontece no verão. O aluno faz a candidatura online e após uma seleção, é convidado a vir ao instituto fazer entrevista com os pesquisadores. Tendo o aceite de um professor e um financiamento (do seu país ou do próprio Canadá) que cubra as taxas escolares, o aluno começa o processo de inscrição no programa de doutorado/mestrado.
Meu processo foi o inverso – não passei pelo evento de recrutamento. Eu entrei em contato direto com o pesquisador pelo e-mail institucional (disponível no site) e o pessoal (que consegui com ajuda de um amigo). Após algumas conversas por Skype, ele me propôs uma vaga em um projeto que começaria em breve.
Como eu ainda estava acabando o 2º semestre do mestrado, tive que correr para terminá-lo em três meses e chegar ao Canadá a tempo do início do projeto. Com o financiamento previamente fornecido para o projeto, dei inicio à candidatura como estudante do IRIC. Para isso, precisei tanto da carta de aceite do meu orientador e do financiamento, além dos documentos solicitados (currículo, diplomas, histórico escolar, cartas de recomendação, passaporte válido, exames médicos…).
Tendo o aceite de um professor como seu orientador e um financiamento aprovado, é muito difícil que a universidade e o IRIC recusem um aluno. Então, fiz todo o processo necessário à distancia e, nove meses depois, cheguei em Montreal.
Como é o doutorado na UdeM
Por si só, a Université de Montréal já causa um grande impacto pela grandeza e estrutura. O alojamento (onde fiquei por um mês) é super organizado e equipado, o centro de esportes (Cepsum) é absurdamente incrível (nunca vi nada desse nível) e a secretaria dos estudantes estrangeiros (BEI) é disponível e amigável, sempre com atividades culturais para os alunos.
Quando cheguei ao IRIC, foi outro choque! Parecia aqueles centros de pesquisa de filme: portas abertas com cartão magnético, salas com equipamentos de última geração, pessoas sorridentes, longos corredores… Para completar, as pessoas que trabalham no IRIC são muito competentes e “gente boa”.
A formação acadêmica do instituto e a pesquisa são bem conceituados, então, há uma certa exigência para se manter o nível de qualidade. Porém, não existe uma cobrança excessiva por parte do departamento – você percebe isso pelo ritmo do doutorado e pelos trabalhos desenvolvidos pelos grupos de pesquisa. A direção acadêmica é super prestativa e está sempre pronta para nos ajudar em vários aspectos: inscrição nas disciplinas, ritmo e avaliações ao longo do programa de doutorado, problemas com orientador, divulgação de bolsas (de cursos, financiamento, formação extra, etc). Isso acaba promovendo uma sensação de segurança aos alunos e lhes tranquiliza para que possam atingir níveis de qualidade que vão fazer uma grande diferença para toda a equipe.
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Além disso, os estudantes têm voz na UdeM. As associações estudantis (AEs) estão por todo lado e são muito ativas, organizando vários tipos de eventos – das festas às sessões de yoga e cabelereiro no fim do trimestre. A AEIRIC não é diferente. Os representantes são escolhidos numa eleição anual e foi por onde me elegeram responsável da vida social.
A reciprocidade é clara, tanto o IRIC recorre à associação quanto nós contamos com eles para nossas iniciativas e projetos. Isso é muito legal, porque cria uma rede de colaboração entre os alunos e o instituto para ter um ambiente cada vez mais agradável para todos. A qualidade de vida do aluno é levada muito à sério na UdeM, à ponto do IRIC financiar os “happy hours” com cerveja e aperitivos toda sexta-feira. Nada mal para relaxar após uma semana de trabalho!
Sobre a Autora
Layane Duarte é formada em Biologia pela UERJ, fez mestrado em Genômica na Aix-Marseille Université e em Biociências pela UERJ. Atualmente, é aluna de doutorado em Biologia Molecular no IRIC-UdeM, seguindo carreira na area de imunoterapia de câncer de mama, representante da vida social na AEIRIC e integrante do grupo de canto popular da UdeM. Acredita que equilibrio entre o “eu” e a sua volta é fundamental para ser feliz.