O formato é simples: em uma sala, um grupo pequeno de alunos junta-se a um tutor mais experiente para a aula. Entretanto, o material inicial será apresentado pelos próprios estudantes. Isso porque nas tutorias da Universidade de Oxford e de Cambridge é necessário escrever redações semanais sobre temas propostos. Com o texto pronto e enviado ao responsável pela turma, chega a vez de colocá-lo em discussão.
Em geral, as sessões seguem a mesma fórmula: um dos alunos lê o essay de um dos colegas. Em disciplinas como Matemática, essa etapa pode ser a resolução de uma série de problemas apresentados pelo tutor. Há, ainda, a possibilidade de fazer uma aula individual ao invés das tutorias em grupos reduzidos. Nesse caso, o desafio aumenta: os estudantes tem, no mínimo, uma hora de discussão em que toda a argumentação é questionada. Essa estrutura faz parte dos cursos de graduação desde os primeiros anos de existência das duas instituições.
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De acordo com a Universidade de Oxford, esse modelo é definido como um “aprendizado personalizado“. Afinal, em grupos pequenos, fica mais fácil trocar ideias com um expert no assunto. Mais do que isso, o estudante recebe feedback sobre cada ideia elencada nos textos e precisa sempre fortalecer a própria argumentação.
Como surgiram os tutorias de Oxford e Cambridge
Antes de falar de tutorias, é importante destacar a tradição de ensino nas duas instituições inglesas, que têm séculos de funcionamento e estão entre as melhores do mundo. Em termos exatos, há registros de aulas em Oxford desde 1096, e Cambridge abriu as portas em 1209. Já no século 15, começou a se consolidar o método dos tutorias, inspirado em um formato “socrático” de ensino.
Para descrever o sistema, o professor Will Moore, do St John’s College, explicou a função dos tutores. Eles “tinham responsabilidade sobre a conduta e a instrução de seus colegas mais jovens”. Apesar dessa função de guia, a ideia era promover discussões e permitir que cada aluno conseguisse desenvolver melhor suas ideias.
Cambridge também manteve essa tradição. Hoje em dia, os alunos são encaminhados para “supervisions“, que seria o equivalente às tutorias Durante as sessões, entre um e três alunos discutem ideias com um expert no tema sugerido. Por exemplo, se o desafio for elaborar uma redação sobre imigração no Reino Unido, um especialista estará a postos para questionar os essays apresentados. As conversas podem durar até duas horas e não servem como avaliação regular, apenas como forma de obter feedback constante e fortalecer a argumentação.
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Quais são os pontos positivos e negativos dos tutorias
O lado bom:
#1 Estudantes têm a chance de produzir análises próprias sobre o material apresentado.
#2 O sistema propõe uma ideia de conhecimento como construção, a partir dos debates.
#3 Reuniões semanais permitem feedbacks constantes.
#4 Alunos têm contato com especialistas e exploram a fundo diferentes temáticas.
O lado ruim:
#1 A carga de leitura exigida para cada sessão é bastante alta. Pode ser necessário ler, em uma semana, três livros.
#2 Estudantes podem se sentir intimidados com a dinâmica, em que precisam discutir ativamente.
#3 Para os alunos internacionais, cuja primeira língua não é o inglês, pode ser difícil se adaptar.