Estudar engenharia em outros países é, para muitos alunos, um sonho. Mas é importante ter em mente que as diferenças entre os programas de engenharia de diversos países vão muito além da língua em que as aulas são ministradas.
Cursos de diferentes países podem ser mais focados ou abrangentes, mais ou menos exigentes com a presença do aluno em sala de aula, e podem dar uma importância maior ou menor à realização de projetos junto a empresas e outras instituições.
Por isso, se você pretende estudar em outro país, precisa ter ao menos alguma noção dessas diferenças. Para ajudar nesse processo, listamos abaixo cinco destinos comuns de alunos de engenharia brasileiros, e comentamos as principais particularidades de cada um. Confira!
Na França
A grade de estudos de engenharia na França é bem mais generalista do que no Brasil. Por aqui, os alunos normalmente escolhem a área de engenharia que pretendem estudar (civil, naval, computação, etc.) antes mesmo de ingressar no curso. Na França, no entanto, os alunos têm contato com matérias de áreas diferentes, e vão escolhendo, ao longo do curso, em quais áreas pretendem se especializar. A ideia é formar um profissional polivalente e que consiga mobilizar o conhecimento que tem de uma área para resolver os problemas de outra.
Muitos cursos de engenharia na França tem também um estágio obrigatório conhecido como “estágio operário”. Nele, o aluno passa algum tempo trabalhando em um cargo de operário na área em que pretende atuar no futuro. A ideia é que ele conheça o dia-a-dia desses trabalhadores e tenha contato com as dificuldades que eles enfrentam em seus trabalhos. Assim, se no futuro ele tiver a oportunidade de liderar uma equipe de operários, poderá fazê-lo com muito mais conhecimento de causa.
Na Alemanha
Imagine uma disciplina de universidade na qual você não precisa fazer matrícula ou marcar presença nas aulas. Precisa apenas marcar avaliações e tirar notas satisfatórias. Imaginou? Pois bem; na Alemanha, a maioria das aulas dos cursos de engenharia são assim. Por lá, as universidades apostam na liberdade e independência do aluno, permitindo que ele use seu tempo como achar melhor — se, no final do semestre, ele tirar as notas que precisa para passar, tudo certo.
Para quem vem do sistema brasileiro, que tem maior exigência de comparecimento às aulas, essa diferença pode ser chocante. E como as aulas normalmente são um dos principais momentos de criar vínculos sociais e fazer amizade, o fato de que ir às aulas não é obrigatório pode dificultar o processo de “se enturmar”. Por outro lado, esse estilo de ensina também ajuda o estudante a capacidade de organizar seu tempo e motivar-se de maneira independente de uma exigência externa.
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Na Rússia
A engenharia russa tem bastante tradição: afinal, os engenheiros russos foram os primeiros a enviar um homem ao espaço. De fato, o programa de engenharia aeroespacial russo é um dos mais procurados por alunos estrangeiros, de acordo com a diretora da agência Aliança Russa, que tem o objetivo de fortalecer a troca de conhecimento científico entre Brasil e Rússia.
Essa qualidade no ensino, porém, vem acompanhada de um rigor igualmente grande. Segundo a diretora, lá não há uma “porcentagem de faltas” que o aluno pode ter sem prejuízo à própria nota. Uma única falta não recuperada pode fazer com que o aluno perca todo um ano letivo, nas palavras dela. Se o ensino superior na Alemanha é marcado por uma relativa liberdade e flexibilidade dos alunos, na Rússia é justamente o oposto.
Na Finlândia
Lembra-se da Nokia, empresa que vendia celulares por aqui? E da Rovio e da Supercell, criadoras dos jogos Angry Birds (a primeira) e Clash of Clans (a segunda)? Todas essas são empresas finlandesas de tecnologia. Por lá, o ensino de engenharia é marcado por um diálogo muito forte entre a universidade e o mercado, e o resultado disso é, muitas vezes, produtos inovadores e extremamente lucrativos, como o das empresas citadas acima.
Segundo Paulo Fisch, um brasileiro que participou de um projeto de oito meses entre o Brasil e a Finlândia, o que ele aprendeu por lá “era uma engenharia mão na massa”. As empresas levavam aos estudantes problemas que precisavam resolver, e o alunos investigavam soluções como parte de sua formação. Era comum também que CEOs e outros membros dessas empresas frequentassem as aulas, observassem os projetos e orientassem os alunos.
Nos EUA e Canadá
Assim como na França e na Alemanha, o ensino de engenharia nos Estados Unidos e Canadá é mais generalista. Normalmente, os alunos optam por fazer um major (uma área de estudos na qual se aprofundam) e um minor (um estudo complementar em outra área, não necessariamente relacionada à primeira). Isso permite que o aluno tenha mais controle na construção de sua grade horária e mais flexibilidade para escolher disciplinas que ele acredite que sejam mais orientadas para aquilo com que ele quer trabalhar no futuro.
Por outro lado, esse sistema também tem, via de regra, menos horas-aula e mais atividades e trabalhos para se realizar nas horas vagas. Isso significa que o aluno precisa ter a capacidade de se organizar e a disciplina para estudar sem a tutelagem próxima de um professor ou a obrigação de comparecer em muitas aulas.
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