Lucas Batista e Mirian Maia, estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Ouro Preto, tiveram seu projeto escolhido para a final do desafio Go Green in The City. Com a conquista, os dois ganharam uma viagem com tudo pago a Barcelona para apresentar seu projeto e concorrer ao prêmio máximo.
Aqui no Estudar Fora, a gente já falou sobre o Go Green in the City: trata-se de um concurso promovido pela Schneider Electric que busca por soluções inovadoras de gestão energéticas para cidades inteligentes. A equipe vencedora ganha viagens com tudo pago para duas cidades nas quais a Schneider tem escritório, e também ganha a chance de começar uma carreira na empresa.
“A gente ficou sabendo pelo evento via Skype da Região da América do Sul, no qual todos apresentavam as ideias ao vivo, e eu não acreditei”, conta Miriam. “Foi um misto de ‘não pode ser’ com ‘Ahhhhh caramba!!!! Vamos para Barcelona’, lembra.
O projeto
Míriam e Lucas montaram uma equipe batizada de Neopolis. A ideia deles é criar um aplicativo que use mineração de dados e inteligência artificial, com base no software da Schneider Electric, para cidades inteligentes. Com isso, pretendem mapear oportunidades de reutilização de água de chuva, permitir a criação de fazendas urbanas, melhorar a eficiência das redes de produção e transporte de alimentos e facilitar o acesso dos consumidores a alimentos orgânicos e sustentáveis.
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“Nosso projeto é inspirado na Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, que afirma que um sistema de aquaponia pode reduzir o consumo de água em 90%, quando comparado a um sistema tradicional”, comentam. A aquaponia é um processo que mistura o cultivo de plantas em água com a criação de organismos aquáticos, como peixes e camarões. A água da criação dos animais é usada para alimentar as plantas, e as excreções dos animais são quebradas por bactérias para servir de nutrientes para elas.
O projeto nasceu a partir do TCC de Miriam, que é sobre mineração de dados para planos diretores em cidades inteligentes. Ele foi inscrito na categoria “Plants of the Future” (plantas do futuro) do concurso, voltada para soluções que aplicam tecnologias de internet das coisas, inteligência artificial, machine learning a indústrias do presente.
Importância dos estudos
A vivência de Míriam e Lucas na universidade contribuiu imensamente para que eles pudessem desenvolver esse projeto. “O ambiente acadêmico pautado no ensino, pesquisa e extensão é extremamente propício para que possamos adquirir uma mentalidade criativa e ao mesmo tempo crítica, o que é essencial para o desenvolvimento de propostas inovadoras que quebrem os paradigmas vigentes”, comenta Lucas.
Em específico, Míriam destaca a extensão como particularmente importante nesse caso. “Nossa universidade tem um projeto de extensão relacionado à agricultura familiar e, como isso beneficia a comunidade rural local, pensamos que Ouro Preto poderia ter algo do tipo na área urbana”, conta. Unindo essa experiência à pesquisa que estava fazendo para seu TCC, Miriam acabou começando a escrever um artigo “e esse rascunho evoluiu para a ideia apresentada no concurso”.
Candidatura
Essa ideia, no entanto, tinha que ser apresentada em no máximo 20 slides. Esse processo, na visão de Míriam, foi a parte mais difícil da candidatura, já que era necessário mostrar a aplicabilidade da ideia, os resultados esperados e possíveis exemplos. E, naturalmente, tudo isso precisava ser feito em inglês.
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“Transformar um conceito complexo e acessível é delicado e exige muito trabalho”, considera Lucas. Esse esforço, no entanto, é necessário para que “esse conhecimento seja democrático facilmente apreendido e disseminado sem que perca suas características específicas”.
Para quem pensa em se candidatar em outra edição do Go Green in the City (ou em algum concurso semelhante) a dica de Miriam é não desanimar se a sua ideia for considerada “doida demais”. “Também aconselho a pesquisar muito, ver o que está sendo feito, o que já tem e tentar ver o que falta, o que é uma falha, o que ainda não tem”, recomenda. Lucas reitera esse conselho e acrescenta: “Começando pelas nossas próprias comunidades a pergunta que devemos fazer é: o que pode ser feito para ajudar de alguma maneira?”.
Próximos passos
Em preparação para a final, Míriam e Lucas estão “melhorando o que já fizemos, treinando o nosso inglês e deixando nossa ideia mais competitiva”, conta ela. Além de fazer uma apresentação forte, também pretendem usar a oportunidade para fazer networking e conhecer outras pessoas da área. “O evento será uma oportunidade única em nossa carreira acadêmica e, porventura, profissional, pois ao estarmos em contato com tantas inovações e pessoas com capacidades formidáveis, nossos horizontes se ampliarão consideravelmente”, espera Lucas.
“E admito que também estamos ansiosos para ver de perto Barcelona, uma cidade que tem grandes expoentes da arquitetura mundial e uma cultura belíssima”, conclui.