O dia 20 de novembro é a data em que no brasil se celebra o Dia da Consciência Negra. Essa celebração foi instituída oficialmente pela lei 12.519, de novembro de 2011, e a data é um feriado em mais de mil municípios brasieliros. O dia foi escolhido porque marca a data da morte de Zumbi, um dos líderes do quilombo dos Palmares. Palmares, por sua vez, foi uma das maiores comunidades de negros que fugiram da escravidão, e que existiu por mais de 100 anos.
É fácil entender a importância histórica que a data tem. Afinal, mais de 50% da população brasileira se autodeclara preta ou parda segundo o IBGE. E os problemas sociais do Brasil ainda afetam de maneira desproporcional pessoas de pele mais escura, como mostrou recentemente o levantamento “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil” (também do IBGE). Por isso, faz sentido dedicar tempo para refletir sobre o impacto da escravidão na nossa história, pensar na inserção dos povos negros na nossa sociedade, discurtir temas como racismo e discriminação e valorizar as origens africanas da nossa cultura.
Mês da História Negra nos EUA
Nos Estados Unidos, por exemplo, celebra-se o “Black History Month” (ou mês da história negra) em fevereiro. Essa celebração acontece de maneira não-oficial desde a década de 1920, quando o historiador Carter G. Woodson — ele próprio filho de escravos — começou a dedicar uma semana do mês à história do povo negro. A data incluía os dias 12 de fevereiro (que marcava o nascimento de Abraham Lincoln, o presidente dos EUA que aboliu a escravidão em 1865) e 14 de fevereiro (aniversário de Frederick Douglas, um escravo que fugiu de Maryland e liderou o movimento abolicionista em Nova York em meados do século 19).
Em 1976, o presidente Gerald Ford instituiu oficialmente o mês de fevereiro como mês da história negra. Num discurso daquele ano, o presidente considerou a ocasião uma oportunidade para “honrar as conquistas comumente negligenciadas dos estadunidenses negros em todas as áreas ao longo da história”. E desde então, a data vem sido observada no país por praticamente todas as escolas e universidades, incluindo as melhores.
Harvard, por exemplo, promove uma série de eventos e conversas ao longo do mês — e não apenas em escolas relacionadas a história e humanidades. Em fevereiro de 2019, as escolas de saúde pública, medicina e educação, por exemplo, realizaram rodas de conversa, palestras e outras homenagens.
Stanford, por sua vez, tem uma festa anual para marcar o mês, promovida pela sua associação de estudantes negros de Direito. Em 2019, a universidade também comemorou os 50 anos de seu programa de estudos africanos e afro-americanos.
Outra das melhores universidades do mundo que celebra o mês é o Caltech. Em 2019, a instituição apoiou o “Black History Month Parade and Festival“, um festival anual da cidade de Pasadena dedicado à cultura e à história negra. Além disso, promoveu em seu campus uma série de seminários e exibições de documentarios.
Já o MIT, tradicional “rival” do Caltech, não apenas comemora o mês como montou um portal dedicado à sua história negra. O site é fruto de um projeto iniciado em 1995 com o intiuto de documentar a experiência de pessoas negras na universidade desde sua criação em 1861.
Vale notar que esses eventos são os que são promovidos ou apoiados oficialmente pela própria universidade. Além desses, a comunidade universitária de cada uma dessas instituições também realiza uma série de comemorações ao longo do mês, muitas delas organizadas pelas comunidades de estudantes negros de cada universidade.
Mês da históra negra em outros países
Além dos Estados Unidos, alguns dos outros países que têm um “mês da história negra” são o Canadá, o Reino Unido e a Irlanda. No Canadá, ele também acontece em fevereiro, e foi reconhecido oficialmente pelo senado do país em 2008 — a moção para que a data fosse oficializada foi aprovada por unanimidade entre os senadores canadenses. A University of Toronto, considerada a melhor do país pelo Ranking QS, leva a comemoração a sério, e montou um calendário de eventos para o mês inteiro, incluindo aulas, shows, filmes, performances e jantares.
No Reino Unido e na Irlanda, o mês da história negra é comemorado em outubro. A data começou a ser celebrada por iniciativa de Akyaaba Addai-Sebo, um analista do conselho de projetos especiais da cidade de Londres. Falando sobre a data, ele contou que o mês de outubro foi escolhido por seu significado para o continente africano: é o período de equinócio outonal na África, e também o início da primavera, da época das colheitas e da fartura. A Universidade de Oxford, considerada a melhor do país, fez uma campanha para celebrar o mês, além de promover uma série de eventos.
Já na Irlanda, a data começou a ser celebrada na cidade de Cork, em 2010. A cidade é importante pois recebeu, ao longo do século 19, uma série de abolicionistas importantes — incluindo o próprio Frederick Douglass, que é um dos motivadores por trás da escolha do mês de fevereiro nos Estados Unidos. Em 2014, a iniciativa que começou na cidade se tornou um projeto oficial nacional.