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Intercâmbio de trabalho voluntário: de refugiados na Itália para crianças em Cubatão

pessoa segurando globo na mão

Para muitos jovens, oportunidades de intercâmbio voluntário são uma maneira de ter contato com realidades muito diferentes da sua, contribuir positivamente para uma comunidade e viajar para um destino diferente. Foi o caso Andressa Santos, que teve uma experiência de intercâmbio desse tipo com a AIESEC.

Mas além dessa experiência, Andressa também trouxe um pouco do que aprendeu durante o intercâmbio para contribuir para a sua comunidade. Veja a seguir como o intercâmbio de trabalho voluntário permitiu que ela atuasse no seu local de origem:

“Quando terminei minha faculdade de Relações Internacionais, percebi que gostaria de ter uma experiência diferente. Conheci a AIESEC em um formulário para trainee e fiz minha inscrição para ser membro comercial da organização. Quando conheci os intercâmbios oferecidos, acabei me interessando pelo Voluntário Global, que proporciona uma vivência em ONGs, instituições e hospitais de diversos países ao redor do mundo.

“Fui para a Itália em 2017, durante a crise imigratória na Europa que comoveu todo o mundo. Durante 8 semanas, estive em contato direto com refugiados e foi nesse momento que desenvolvi a minha empatia. Era difícil olhar para aquelas pessoas que estavam se adaptando a uma nova comunidade, um novo idioma, um novo clima e principalmente a um nova vida, sem sentir afinidade.

“Uma das coisas que mais me chamou atenção e me despertou orgulho é que a AIESEC trabalha com as ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU, e isso me deixou em contato direto com a meta de número 10, relacionada à redução das desigualdades. Foi muito significativo estar lado a lado com aqueles refugiados, que já haviam sofrido tanto principalmente por serem negros. Percebi que a desigualdade no mundo de fato existe e pode deixar marcas irreversíveis.

De volta às origens

“Eu nasci em Cubatão, uma região da Baixada Santista em São Paulo, que durante muito tempo sofreu com as dificuldades em função de seu posicionamento geográfico. Retornei ao Brasil com uma vontade imensa de colocar em prática tudo que tinha aprendido no meu intercâmbio e, principalmente, evidenciar por meio de minhas ações a visão humanitária.

“No final de 2017, conheci o agente humanitário Zumbi em uma reunião da Secretaria de Educação de Cubatão e ele me apresentou à Associação De Bem com o Mangue, que exerce de forma educacional a conscientização ambiental para a população cubatense. Percebi que poderia deixar um legado no meu lugar de origem e, conversando com alguns membros da AIESEC da Baixada Santista, conseguimos fazer com que intercambistas de vários países participem da educação ambiental infantil e desenvolvam, junto das crianças da comunidade, um trabalho sustentável.

“As primeiras intercambistas vieram em 2018 e fizeram o trabalho voluntário na Vila Esperança, sede da Associação. A partir disso, começamos a trabalhar a ODS 13, que trata sobre a conscientização de ações climáticas. Essas mulheres tinham como objetivo fazer a diferença ao redor do mundo, e na região litorânea as crianças desenvolveram atividades relacionadas à preservação do meio ambiente e ao cultivo do próprio alimento (como verduras e legumes). Ganharam também a experiência única de entrar em contato com línguas diferentes.

“Durante os últimos dois anos, mais de 20 meninas já participaram da atuação com as crianças. Para o deslocamento ficar mais acessível, construímos uma casa perto da Associação para hospedá-las, e há pouco tempo vieram os primeiros meninos para ajudar a fazer a diferença com as crianças cubatenses.

“O mais incrível é saber que faço parte de algo que tem mudado a vida de uma população, é gratificante chegar e ser recebida tão bem por pessoas que tiveram parte de suas vidas mudadas por conta do projeto. O intercâmbio me proporcionou essa mudança”.

Sobre a autora

Andressa Santos é formada em Relações Internacionais e tem 29 anos. Trabalhou na AIESEC Baixada Santista e fez seu intercâmbio para Itália, onde ajudou refugiados e descobriu sua vocação para melhorar a realidade da sua comunidade.

 

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