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Pandemia faz estudantes brasileiros no exterior voltarem para casa

Mala para intercâmbio

Para quem tem planos de estudar fora no futuro, a pandemia do COVID-19 não é motivo para mudar de ideia. Pode ser até um bom momento para se preparar. Mas para quem já estava estudando fora no começo de 2020, a situação foi mais complicada. Muitos brasileiros tiveram que voltar para o país de maneira corrida por causa do coronavírus.

Em alguns casos, isso aconteceu por conta de determinação das universidades: algumas delas, como a Universidade da Pennsylvania (UPenn), orientaram seus estudantes a sair do campus assim que possível. Em outros, porém, o retorno partiu de um desejo dos estudantes de ficar próximos à sua família durante esse período.

 

“Além disso, eles recomendaram aos alunos que estavam viajando durante o spring break que não retornassem ao campus”, comenta Luccas Makita, que estuda Economia na UPenn. O spring break é um feriado de uma semana de duração que acontece durante o mês de março nos EUA, semelhante à “semana do saco cheio no Brasil”.

O motivo para isso era evitar que os alunos que tivessem viajado trouxessem o vírus para o campus quando voltassem. Para estudantes que já tinham comprado a passagem de volta, a universidade ofereceu reembolso; e para os alunos internacionais que não haviam se programado para arcar com as despesas da viagem naquele momento, a instituição também prestou auxílio. “Eu por exemplo voltei para o Brasil com a ajuda deles”, comenta Luccas.

A Universidade Stanford tomou uma decisão semelhante, e também prestou auxílio aos estudantes — tanto os que ficaram lá quanto os que saíram. “Eles estão se oferecendo para, com a sua autorização, empacotar suas coisas e guardar num storage [espaço de armazenamento] ou enviar para você por correio”, conta Samuel Carvalho, que estuda Engenharia Elétrica e Economia em Stanford.

Ficar com a família

Bruna Diamand, estudante de graduação do California College of the Arts, conta que sua faculdade passou por vários momentos durante a crise. “Primeiro eles falaram que as aulas demorariam mais uns dias para acontecer […], depois que 10 dias de aulas iam ser online, depois que as aulas seriam online até o fim do semestre, e por último falaram que o campus ia fechar completamente”, narra.

Mesmo assim, a instituição ainda permitiu que os estudantes internacionais que moravam lá ficassem por lá mesmo. A maioria preferiu voltar, incluindo Bruna. “Eu não queria ter que lidar com essa situação sozinha, eu preferia estar perto da minha família e da maioria dos meus amigos”, diz.

André Garcia de Oliveira passou por uma situação parecida. Estudante de Economia em Yale, ele estava fazendo um intercâmbio em Madrid quando a pandemia começou a chegar à Europa. O programa suspendeu as aulas e mudou-as para um formato online. Na mesma semana, Yale orientou seus alunos que viajaram durante o spring break a não voltarem, e solicitou que os que ainda estavam no campus voltassem para suas casas.

Foi então que os Estados Unidos anunciaram o fechamento de suas fronteiras para voos vindos da Europa, o que causou comoção entre os estudantes que estavam no intercâmbio com André. “Alguns deles compraram voos para aquele mesmo dia, foi uma situação meio caótica”, conta. Diante da perspectiva de continuar em Madrid, confinado numa casa de família (em que estava ficando durante o intercâmbio) sem poder sair, André decidiu voltar para o Brasil. “Se de fato eu tivesse que ficar numa quarentena, eu estaria com a minha família”, diz.

Impacto no ensino

Naturalmente, essa mudança súbita no esquema de ensino tem um impacto notável na experiência dos estudantes. Além do transtorno provocado pela necessidade de voltar para o seu país de origem, os estudantes também tiveram os cursos transferidos para a modalidade de ensino a distância, o que é bem diferente do ensino presencial.

“Eu ia fazer uma aula de Direito Constitucional e o professor teve uma certa dificuldade”, conta Samuel sobre sua experiência em Stanford. Apesar de percalços desse tipo, ele considera que as aulas online estão funcionando relativamente bem. “A faculdade tá oferecendo bastante suporte, para ter certeza de que as aulas vão ser boas”, comenta.

A interação entre alunos, no entanto, é um aspecto difícil de recuperar. Djalma Pereira, por exemplo, que está fazendo MBA em Stanford, considera a experiência frustrante, principalmente por causa da perda da convivência com os outros alunos. “Toda vez que você vem para uma universidade de ponta, acho que pelo menos 50% da experiência é as pessoas com quem você convive”, considera.

O tempo que Djalma passou com seus colegas de estudos foi “super valioso, e eu tenho certeza de que nesse trimestre vai ser diferente por causa da situação toda”. Mesmo assim, ele considera a medida necessária para a saúde e bem-estar dos estudantes. “A gente está numa crise meio sem precedentes. Eu acho que a faculdade talvez tenha se acelerado um pouco em fazer isso para o semestre inteiro, mas que tinha de fato que ter alguma medida de distanciamento social, isso com certeza tinha”.

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