Para fazer um intercâmbio, sempre é importante pesquisar bastante para evitar problemas. E no momento atual — quando muitos países estão com as fronteiras fechadas para estrangeiros e seus consulados não estão emitindo vistos — deixar de fazer essa pesquisa pode trazer muita dor de cabeça.
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As restrições de viagem exigem que as agências de intercâmbio e escolas que recebem estrangeiros se planejem muito bem. Para os estudantes, é essencial que elas tenham uma comunicação clara e orientações adequadas sobre o que fazer nesse momento. Elas devem, por exemplo, ser proativas em comunicar mudanças nos planos de estudo ou viagem causadas pela pandemia.
Reação rápida
“Assim que vimos que a situação estava piorando, comunicamos aos alunos”, conta André Fauri, CEO e fundador do Latin American Institute of Business (LAIOB). O LAIOB oferece programas executivos nos Estados Unidos feitos em parceria com universidades do país, e naturalmente teve o seu funcionamento afetado pela pandemia.
“A gente teve grupos que se formaram em fevereiro. No final do programa, a gente já começou a perceber que [a pandemia] ia impactar as turmas de julho e comunicamos os estudantes”, diz André. Fazendo a ponte entre os estudantes e a universidade que os receberia, o LAIOB conseguiu remarcar essa turma para uma data ainda a ser definida entre outubro e novembro de 2020.
Por enquanto, ainda não está claro se essa data será adequada. Segundo André, o objetivo do LAIOB é dar uma experiência completa a seus estudantes, e levá-los para ter aulas em modelo online ou híbrido nos EUA não atingiria esse objetivo. “Esperamos que as aulas em outubro e novembro sejam 100% presenciais; se não, vamos propor uma nova turma futura”, comenta.
No começo, de acordo com André, a reação dos alunos foi mista. “Alguns alunos achavam que a gente estava sendo precipitado, mas hoje todos sabem que a gente tomou a melhor decisão”, diz. A comunicação se deu tanto por canais de e-mail quanto por vídeos feitos pela própria organização para esclarecer dúvidas mais gerais.
Combinado não sai caro
Na visão de André, um aspecto que possibilitou ao LAIOB reagir rapidamente à mudança de cenário que a pandemia trouxe foi a proximidade do instituto com as universidades parceiras nos EUA. “A gente trabalha com eles há muito tempo, e eles acompanharam todo o nosso crescimento. Eles sabem que não é facil para brasileiros viajarem para os EUA, que nossos alunos vão buscando crescimento profissional, e apreciam muito isso”, avalia.
Por isso, em um prazo relativamente curto, o instituto conseguiu negociar uma nova data para as turmas com a universidade e os estudantes. Além disso, a organização está selecionando alunos para uma nova turma, que deve acontecer em fevereiro de 2021. “Junto com a universidade parceira, entendemos que não deve ter problema até lá”, conta.
Um ponto que pode gerar problemas para estudantes até lá, no entanto, é o visto. Atualmente, os processos consulares dos EUA estão suspensos, exceto em casos emergenciais. E mesmo para brasileiros já com o documento, a entrada no país pode ser difícil. Nesse caso, o LAIOB também dá algumas opções.
“Como já solicitamos que o aluno tenha o visto, tivemos poucos casos em que eles tiveram problema. Mas nesses casos, ele pode postergar”, comenta André. Ele esclarece que, contratualmente, estudantes dos cursos do LAIOB podem postergar até duas vezes os seus estudos após terem sido aceitos — se quiserem postergar mais que isso, precisam pagar uma taxa de rematrícula.Mas nos casos de problemas causados pela pandemia, ficam isentos dessa taxa.
Dicas para escolher um intercâmbio agora
Alguns pontos da experiência de André e do LAIOB deixam claras algumas maneiras de evitar dores de cabeça na hora de fechar um pacote de estudos no exterior atualmente. Com base nesses, oferecemos a seguir dicas para planejar com segurança o seu intercâmbio. Confira:
1 – Avalie o seu destino
Ao escolher um destino para intercâmbio no momento atual, é essencial saber como cada país está sendo afetado pela pandemia. Os EUA, por exemplo, seguem com inúmeras restrições de viagem. Seu primeiro passo, portanto, deve ser descobrir para quais países você pode viajar sem ter problemas relacionados às fronteiras.
Para isso, informe-se junto a agências governamentais de turismo dos países que pensa em visitar. Olhe também nos sites de consulados e embaixadas desses países no Brasil — se necessário, entre em contato por telefone também. Claro, é possível que a escola saiba lhe fornecer essas informações, m as para se garantir tanto quanto possível, vale a pena fazer uma pesquisa por conta própria também.
2 – Informe-se sobre a escola
Além de saber tudo que for possível sobre o país onde quer estudar, também é importante estar informado sobre a escola ou agência que será responsável pelo seu intercâmbio. Revire o site da empresa, encontre todas as informações de que precisa e anote todas as dúvidas que surgirem — isso vai ser importante no próximo ponto.
Não fique apenas no site da empresa: avalie também a reputação da organização em plataformas como o Reclame Aqui. Nelas, é possível ver se outras pessoas tiveram problemas com a organização, e como esses problemas foram (ou não foram!) resolvidos. Quanto mais você souber, melhor.
3 – Entre em contato
Mesmo que você não tenha grandes receios sobre a organização com que pensa em viajar, é interessante entrar em contato com ela antes de fechar o negócio. Ao fazer isso, você terá a chance de ver como é o atendimento deles — se eles têm horários e canais de atendimento acessíveis, se eles respondem e-mails rapidamente, etc. Afinal, se eles demoram para atender quando você está pensando em dar dinheiro para eles, imagina como será se você quiser pedir seu dinheiro de volta?
Entrar em contato antes também é uma oportunidade de esclarecer dúvidas que tenham surgido no ponto anterior, quando você estava pesquisando diversas empresas e destinos. André avalia também que isso ajuda o estudante a conhecer melhor o que a organização oferece. “No nosso caso, por política interna, todo o time realiza o programa, então eles sabem informar bem sobre como é”, afirma.
Pesquise nas redes sociais
Stalkear pessoas nas redes sociais nem sempre é uma boa ideia. Mas no caso de empresas que promovem intercâmbios, é muito importante ver o que elas compartilham no Instagram, Facebook e Twitter, por exemplo. Isso ajuda a ter uma idea do que a empresa oferece: você pode ver, por exemplo, a escola onde vai estudar, a acomodação onde dormirá, os professores com quem terá aula, etc.
Redes sociais abandonadas, por outro lado, podem ser uma bandeira vermelha. Outro ponto que pode ser interessante é olhar também os perfis das pessoas que curtem essas postagens: isso é importante para garantir que são pessoas de verdade, e não apenas robôs ou perfis falsos, que estão interagindo com a conta.
Fale com quem já foi
Por meio das redes sociais, você também pode entrar em contato com as pessoas que já fizeram intercâmbio com aquela organização. Fazer isso pode te ajudar a esclarecer dúvidas e a ter uma visão sobre o programa além das mensagens institucionais que as organizações costumam compartilhar.
Às vezes conversar com quem já faz aquele programa de estudos no exterior pode ser uma maneira ainda melhor de entender o que ele tem a oferecer. É um ponto que André considera importante para evitar quebras de expectativa: “a gente não quer enviar o aluno para ele chegar lá e ver que [o programa] é outra coisa”, comenta.