Por 40 anos, o ranking U.S. News and World Report divulgou classificações das melhores instituições de ensino superior para graduação e pós, não só dos Estados Unidos, como também de outros países. No entanto, nos últimos meses, dezenas das principais universidades dos EUA pararam de fornecer dados à publicação. Neste post, vamos explicar por que tem ocorrido este movimento de saída do ranking.
Problemas com a metodologia do U.S. News
Tudo começou quando a reitora da Yale University Law School, Heather K. Gerken, comunicou a decisão de parar de cooperar com a publicação, em novembro do ano passado. Na ocasião, ela justificou que o sistema de pontuação do U.S. News classificava como “desempregados” os alunos que recebiam bolsa de estudos integral – normalmente, aqueles que estavam abaixo da linha da pobreza. “Percebi que [os rankings] estavam tendo um efeito terrível”, afirmou.
Leia também: As melhores universidades do mundo em 2023
Segundo Gerken, cerca de 15% da turma de formados do ano passado era bolsista e, portanto, conseguia se manter só com o auxílio oferecido. Porém, o fato de não estarem trabalhando formalmente em outro lugar afetava o percentual de empregabilidade, que é uma das métricas de avaliação das faculdades. O movimento de retirada do U.S. News and World Report foi seguido por 12 das 14 melhores universidades de Direito dos EUA.
Faculdades de medicina renomadas fora do ranking
Depois da faculdade de Direito, foi a vez das escolas de medicina de Stanford, Columbia e Penn University deixarem de compartilhar seus dados. De acordo com esta matéria do Wall Street Journal, o reitor Lloyd Minor – da Stanford Medical School – divulgou uma mensagem criticando a metodologia.
“Em última análise, acreditamos que a metodologia, como está, não captura toda a extensão do que contribui para um ambiente de aprendizado excepcional”, disse ele. O reitor afirmou, ainda, que a escola começou a relatar dados sobre seu desempenho em março, incluindo informações sobre oportunidades de pesquisa e diversidade. O objetivo é que as métricas (ainda em desenvolvimento) sejam transparentes e verificáveis.
Já a reitora da Columbia, Katrina Armstrong, justificou que as classificações se concentram demais em resultados de testes padronizados, reputação e riqueza institucional. Nas palavras dela, isso perpetua “uma perspectiva estreita e elitista sobre a educação médica.” Para J. Larry Jameson, reitor da faculdade de medicina de Penn, a abordagem do ranking é muito estreita e subjetiva.
Leia também: Como (e para que) são feitos os rankings universitários?
A Stanford Medical School foi classificada como a 8ª melhor escola de medicina focada em pesquisa e a 30ª melhor em cuidados primários. Columbia ficou em 3º e 75º lugar respectivamente, enquanto a Penn ocupou o 6º e o 20º lugares.
Em novembro do ano passado, quando houve o primeiro boicote por parte da Yale Law School, o estrategista-chefe do U.S. News, Robert Morse, divulgou um comunicado dizendo que continuaria classificando as escolas mesmo que optassem por não fornecer seus dados internos. Porém, de lá para cá o movimento de saída só aumentou e ainda não há um posicionamento claro por parte da publicação sobre como seguirá. O ranking com as melhores Graduate Schools 2023-2024, aliás, foi publicado normalmente no final de abril.
O outro lado da questão
Esta matéria do USA Today chama atenção para o fato de que, com a elite do ensino superior americano abandonando o ranking, os candidatos podem ter dificuldade de encontrar informações confiáveis, que embasem suas decisões sobre onde estudar. Afinal, estamos falando de um investimento alto.
Leia também: Guia de Preparação para Graduação no Exterior!
De acordo com a matéria, quase nenhuma das instituições que se retiraram do U.S. News respondeu sobre o quanto estudar nelas sai caro. Ainda segundo o texto, agora os estudantes e suas famílias devem se acostumar a ler as “notas de rodapé” para achar dados sobre as escolas, mas não terão como confirmar se são verdadeiros.