Por Gabriela Ribeiro – Psicóloga Intercultural
Para alguém ter sucesso em sua experiência no exterior, é fundamental entender o mindset da própria cultura e da cultura com a qual vai conviver. Os famosos esquemas mentais de cada povo. E aqui falo de tendências e generalizações, não verdades absolutas. Assim é possível compreender o porquê de certos comportamentos e antecipar alguns fatores de risco e sucesso quando tais culturas interagem. CCIE 400-101 Lembrem-se que, antes de serem meros estudantes, vocês são intercambistas e precisam afiar sua competência intercultural para se dar bem mundo afora (e aqui também). Segue um bom exemplo para entendermos mais:
Algumas semanas atrás eu estava concluindo meu visto americano e, o oficial do consulado, ao ver que eu era Psicóloga Intercultural, me perguntou qual seria o maior desafio dos americanos que moravam no Brasil.
O que vocês acham???
Eu sei de muitos pontos de tensão entre “nós e eles” do ponto de vista comportamental, mas resolvi falar da gestão do TEMPO. Perguntei se ele havia comprado algum móvel para sua casa aqui e esperou pela entrega. Ele disse que sim. Então devolvi: chegou na hora combinada? Chegou no dia combinado? Chegou???
Ou ainda: quando você marca um happy hour com amigos brasileiros SY0-301 exam , ele são pontuais? O tempo é uma categoria que gera conflito, pois nós tendemos a ser mais flexíveis, “relax” e descomprometidos com o ponteiros (e com o tempo do outro)… e nos perdoamos constantemente por isso. E eles são mais organizados, rígidos, pontuais, comprometidos.
Apesar do oficial admitir que seus móveis chegaram atrasados, ele me contou que o que mais o enlouquecia na relações com os brasileiros era a nossa COMUNICAÇÃO INDIRETA. Eu concordei: “That’s true!”. Ele seguiu: “muitas vezes não entendo onde as pessoas querem chegar com suas mensagens… elas enrolam. Ou ainda, se magoam tão rapidamente. Não entendo!”
E assim é simpático oficial! Os brasileiros tendem a ter uma comunicação polida, temos dificuldade de dizer “não” abertamente (leitor, quantas vezes você disse que iria na festa do seu amigo e não apareceu?), evitamos o conflito (quantas vezes você disse que gostou de algo sem realmente gostar apenas para não magoar?), falamos pelas entrelinhas, etc. Ao interagir com os americanos tendemos a dizer que eles são frios, grosseiros e rudes.
Pára tudo! Conflito intercultural. Não gostaríamos de ser chamados de mentirosos e enroladores, certo? Então vamos entender que na verdade eles são mais objetivos, práticos e racionais ao se comunicar. E complicam menos. E como não estamos acostumados com essa forma, é fácil, fácil, cair no julgamento. E vice-versa.
Portanto, se você está indo estudar em países como Canadá, Alemanha, EUA e Austrália, prepare-se para enfrentar um estilo de comunicação mais direto: “Gostou? Não.” (E tudo bem!). “Quer ir no cinema comigo? Não, já tenho outro compromisso.” (E tudo bem!) “Vamos estudar juntas para a prova? Não, prefiro estudar sozinha. Thanks.”(E tudo bem!).
Adaptar-se ao estilo contrário que se está acostumado, treinado, exige consciência de si e do outro e disponibilidade interna para mudar. Exige construir novas estratégias, formas de ver o mundo, respeitar novas e diferentes maneiras. E isso é Competência Intercultural!
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Gabriela Ribeiro – Colunista sobre Psicologia e Educação Intercultural
É psicóloga com formação na PUCRS, em Porto Alegre. Recebeu profunda formação na metodologia Intercultural Training®, desenvolvida por Andréa Sebben através de sua longa trajetória de estudos e trabalhos na Europa e Brasil. Fez intercâmbio na Inglaterra e Nova Zelândia e já esteve em 28 países. Participou de cursos de formação nas Ciências Interculturais em países como o Chile, Argentina, Venezuela, Costa Rica e Colômbia. Há 7 anos ministra palestras e Treinamentos Interculturais em todo Brasil, em diversos idiomas, é membro da IAIE – International Association for Intercultural Education.