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Como conciliar ativismo com escola e application

Ana Moraes - 24/09/2024
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Por Ana Beatriz Lopes, estudante do Prep Program 2024

Você já teve aquele sentimento de querer ajudar o mundo? Pois eu sinto isso desde meus 8, anos quando assistia aos jogos de futebol feminino e notava que as mulheres nunca tinham reconhecimento. Na fase adulta, esse sentimento continuou, mas agora com outras responsabilidades importantes envolvidas. Meu nome é Ana Beatriz, tenho 19 anos e irei compartilhar minha experiência dentro do ativismo e como conciliei minha luta pelos direitos das mulheres com a escola e application. 

Importante ressaltar que eu me formei em 2023, em uma escola que já adotava o novo ensino médio como obrigatório. Isso fez com que minha carga horária no colégio fosse muito grande, variando de 10 a 12 horas diárias na escola, estudando até 20 matérias por ano. Por isso, conciliar ativismo e application enquanto mantinha minha grade curricular foi um desafio, mas estou aqui para compartilhar algumas dicas do que fazer e do que não fazer. 

Conselhos sobre ativismo na adolescência

Procure pessoas apaixonadas pela sua causa social

Embora minha escola sempre tenha oferecido ótimas aulas de geopolítica e sociologia, nunca tivemos uma muitas opções de atividades extracurriculares, como clubes, o que me levou a começar tudo do zero. Eu, que sempre fui envolvida com esportes, especialmente artes marciais e futebol, queria muito poder começar algo que envolvesse essas práticas com a luta feminista, já que as meninas nunca foram encorajadas a praticar esportes. Então procurei outras meninas que, assim como eu, eram apaixonadas por mudança social. Inicialmente encontrei 4 meninas e juntas criamos o primeiro clube feminista da minha escola.

No começo, tudo pode ser estressante, desde organizar o nome do clube até encontrar as pessoas certas para trabalhar contigo. Porém, depois de realizarmos muitas reuniões discutindo o que queríamos fazer, chegamos a uma conclusão: o clube seria um lugar para trazer equidade para as meninas. Criamos o Equalizaminas, que tem como intenção promover a participação feminina na política e no esporte.

Esse passo foi muito importante, pois nos permitiu afirmar nossa identidade para escola e atrair novas meninas que só precisavam de um incentivo para começar suas jornadas no ativismo. E, com isso, foi possível distribuir tarefas – que ficariam me sobrecarregando – para diversas pessoas, tronando o ativismo mais saudável. 

Gerencie seu tempo e esforço

Muito relacionado com a primeira dica: organize com o que e quem irá gastar seu tempo. Como mencionei, eu estudava 10 horas por dia somente na escola, então me sobrava em torno de uma ou no máximo duas horas para poder trabalhar no Equalizaminas em casa. Se eu quisesse fazer tudo do meu jeito e sozinha – como design, texto de pesquisa e reuniões – iria me sobrecarregar, e nem o clube e nem a application teriam bons resultados. Então, a primeira coisa que fiz foi delegar responsabilidades dentro do clube para que todas pudessem contribuir de modo saudável. Apesar de algumas pessoas terem medo de delegar ações, isso é vital para que os membros do clube também se sintam pertencentes ao grupo, melhorando a confiança e liderança de todos. Isso me permitiu economizar tempo, energia e saúde, e ainda melhorei minhas habilidades de liderança e empatia. 

Além disso, a escola também pode ter otimização de tempo se feita da maneira certa. Como passava todo meu dia na sala de aula, utilizava esse tempo para aprender tudo de maneira mais eficiente possível, fazendo anotações, perguntas, e ficando depois do horário para pedir ajuda dos professores em matérias  mais desafiadoras. Nos intervalos, quando possível, também aproveitava para ir até a biblioteca para fazer provas antigas, exercícios complexos e até mesmo para somente estar em um ambiente de foco e concentração. Isso me ajudava a focar nos meus objetivos e a aproveitar a proximidade dos professores quando precisava, já que a sala deles era ao lado. Com isso, não precisava estudar além do tempo escolar para provas e simulados. 

Uma última dica dentro desse aspecto é utilizar de ferramentas de organização para ter certeza de que é possível fazer tudo o que deseja. Não tente fazer 20 atividades em uma hora! Isso irá prejudicar seu foco, energia e irá te deixar frustrado. Preze pela qualidade, não pela quantidade.

Divirta-se no processo

Você já sentiu que, por mais que você faça de TUDO para promover justiça no mundo, ele continua injusto? Se sim, você não está sozinho — nenhuma experiência é única. Eu entendo como pode ser estressante sentir que você está fazendo de tudo pelo ativismo, escola ou application, mas mesmo assim nada é suficiente. Porém, não se cobre para ser perfeito, cada jornada dentro do ativismo é única e merece ser exaltada. Contudo, o que pode ajudar a levar tudo mais tranquilamente é se divertir enquanto passa pelo processo.

Durante meu ativismo, também fui convidada para ser representante das Nações Unidas e pude conhecer muitas outras meninas incríveis, que fizeram de tudo para nos divertir e criar um ambiente amigável, desde simples reuniões online até grandes viagens. Isso tornou tudo mais simples e fácil de levar.

Em relação à escola, sempre foi muito difícil não me cobrar, principalmente com as provas que, para mim, eram importantes para o GPA na application. Porém, a escola possui eventos incríveis como trotes escolares, viagens e até mesmo os 20 minutos de intervalo entre turnos que podem ser aproveitados para engajar com outros alunos e falar sobre coisas não relacionadas a suas responsabilidades. Aproveite esses momentos para apenas ser um adolescente comum e se divertir. Consequentemente, seu desempenho e saúde vão evoluir. 

Construa uma comunidade

Minha última dica envolve a application de maneira geral. Por vir de uma escola comum que preparava alunos para o vestibular, era difícil ser a única aluna que queria fazer faculdade nos Estados Unidos, principalmente pela vasta gama de atividades que eu precisava realizar. Contudo, algo que me ajudou muito foi encontrar comunidades mesmo que online que estivessem dando apoio para alunos no exterior. Nessas comunidades, encontrei mentores, palestrantes e outros adolescentes, que assim como eu, queriam trazer transformação para o Brasil e estudar fora. Eles tornaram minha jornada mais leve e feliz, sendo hoje meus melhores amigos. 

Uma das comunidades que recomendo é a do PREP Program da Fundação Estudar. Dentro do PREP conheci meus melhores amigos e tenho ajuda para trabalhar minha inscrição e ativismo neste ano gap year. 

Por fim, se você se sentir sobrecarregado, lembre-se de que é importante ser um adolescente e se divertir. Espero que essas dicas ajudem você a equilibrar suas atividades de maneira estratégica e inteligente, sem esquecer de aproveitar cada momento!

Ana Beatriz Lopes, impulsionada pela busca pela transformação social e pela igualdade de gênero, tornou-se representante das Nações Unidas aos 16 anos através do Conselho Adolescente Internacional da Girl Up. Nascida na cidade de São Paulo, ela lidera o clube Equalizaminas, focado em promover a participação feminina na política e no esporte, demonstrando sua paixão por áreas interdisciplinares com um objetivo comum: equidade. Reconhecida por sua determinação e compromisso, Ana Beatriz continua sua missão de garantir justiça e liberdade para todos através da comunicação e liderança.


A coluna acima foi escrita por Ana Beatriz Lopes, participante do Prep Program, preparatório da Fundação Estudar com foco em jovens que desejam cursar a graduação no exterior. Totalmente gratuito, o programa oferece orientação especializada sobre o processo de candidatura em universidades de fora do país. Saiba mais aqui.

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Sobre o escritor

Ana Moraes
Jornalista e editora do Portal Estudar Fora. Entre em contato pelo e-mail [email protected].

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