Originalmente, os programas de mestrado em Administração Pública (MPA) dariam mais ênfase em técnicas de gestão e implementação de políticas públicas, enquanto os mestrados em Políticas Públicas (MPP) enfatizariam pesquisa e avaliação. Ou seja, os profissionais interessados num MPP seriam aqueles que fazem as pesquisas que permitem programas e políticas para o setor público, enquanto aqueles que cursam um MPA de fato buscariam implementar esses programas e políticas, garantindo que fossem seguidas.
O MPA teria disciplinas mais generalistas e similares às dos cursos de Administração, em que são estudadas teorias aplicadas à governança pública e a programas e gestão de organizações vinculadas aos governos. As disciplinas de MPP, por sua vez, seriam mais interdisciplinares e enfatizariam a formação em ciências humanas, com o foco no estudo de problemas da administração pública a partir do contexto político, econômico e social do país. O curso estabeleceria metas e soluções para problemas sociais em áreas como educação, saúde, assistência social, habitação, lazer, transporte, segurança e meio ambiente.
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MPA versus MPP
“Alguns cursos de MPP ainda tendem a ser mais analíticos e acadêmicos, enquanto os de MPA são mais práticos e têm como objetivo desenvolver habilidades de gestão e liderança”, diz Cristin Siebert, diretor de assuntos estudantis no Yale Jackson Institute for Global Affairs e representante da APSIA (Association of Professional Schools of International Affairs).
Porém, ela destaca que há cada vez menos uma linha clara de distinção entre MPPs e MPAs. Os dois, aliás, também se confundem com os mestrados em International Relations (Relações Internacionais), International Affairs (Assuntos Internacionais) ou Global Affairs (Assuntos Globais).
Cristin explica que os cursos são todos muito parecidos, apesar dos nomes diferentes. “Os estudantes precisam pesquisar com calma o currículo de cada programa e os perfis das escolas. Isso é ainda mais importante do que entender de fato o significado de cada uma dessas nomenclaturas.”
Segundo ela, os currículos entre os próprios MPPs ou MPAs podem ser distintos, inclusive na duração, dependendo da ênfase que possui: um MPA em International Development, por exemplo, tem um foco em economia muito forte, enquanto um MPA em outras especialidades é para profissionais com mais experiência mid career.
“Nos últimos anos, algumas escolas mesclaram os cursos e deram um nome diferente, como um mestrado em ‘Política e Gestão Pública’ ou em ‘Assuntos Públicos’. É preciso checar a proposta de cada uma”, completa Stuart Heiser, diretor de comunicação e assuntos públicos da NASPAA (Network of Schools of Public Policy, Affairs, and Administration). A organização regulamenta cursos relacionados aos serviços públicos globais e tem 285 escolas membros, de 14 diferentes países.
MPA e MPP no Brasil
Aqui, o campo de públicas envolve as áreas de administração pública, gestão pública, políticas públicas, gestão de políticas públicas e gestão social. Nos cursos de pós-graduação nessas áreas, é possível aprender teorias e desenvolver teses destinadas a melhorar a máquina pública estatal e o terceiro setor, além de empresas ligadas ao governo por meio de concessões ou parcerias público-privadas.
Os cursos oferecem um embasamento teórico para profissionais com experiência no mercado e também para recém-formados que querem seguir na academia. Todos são focadas no interesse coletivo e no bem-estar social, mas possuem enfoques e escopos diferentes.
O curso de administração pública, por exemplo, é o mais antigo e ensina toda a lógica organizacional das instituições públicas – recursos humanos, administração financeira, questões legais, etc. O de gestão pública, por sua vez, concentra-se mais em metodologia e processos.
Já o curso de políticas públicas se foca em fazeres específicos do estado no cumprimento de suas funções sociais e econômicas que exigem conhecimentos específicos, como educação, segurança e saúde. O curso de gestão social, mais recente, tem como foco a interação entre governo e sociedade, como iniciativas público-privadas.
Esses mestrados surgiram no Brasil há poucas décadas e se expandiram nos últimos anos, segundo especialistas. “Esse crescimento foi impulsionado, de um lado, pelo aumento da oferta de cursos de graduação nessas áreas, para atender os egressos que desejam produzir nova literatura no campo de pesquisa ou ter acesso a um cargo ou promoção em órgãos do governo”, diz o economista Valdemir Pires, coordenador do curso de Administração Pública da Unesp.
Quais são os melhores MPAs e MPPs do mundo?
Uma maneira de saber quais são os melhores cursos desse tipo no mundo é olhar para os rankings internacionais. Além de listar as melhores universidades do mundo, é comum que as organizações que elaboram essas listas também avaliem as instituições de acordo com disciplina ou área de estudos.
O QS World University Rankings by Subject, por exemplo, faz uma avaliação na categoria “Social Policy and Administration”. Essa categoria engloba cursos focados em políticas e administração com foco no setor público. De acordo com o ranking, as melhores escolas nessa área são as da Harvard University, da Universidade de Oxford e da London School of Economics (LSE).
A Times Higher Education também faz uma avaliação semelhante, mas com divisão diferente. No ranking dela, os MPAs e MPPs entram na categoria de “Social Sciences”. E segundo os critérios usados pela organização, a melhor escola do mundo nessa área é o Massachusetts Institute of Technology (MIT) — que fica em oitavo lugar no ranking da QS. Atrás do MIT nessa lista vêm Oxford e Harvard também.
Quais são as opções no Brasil?
Hoje, há cerca de 50 cursos de graduação e 20 programas de mestrado ou doutorado nessas áreas, entre eles na Fundação Getúlio Vargas (FGV) – do Rio e de São Paulo -, na Fundação João Pinheiro, em Minas, e na Universidade de São Paulo (USP). Outras escolas também oferecem cursos de qualidade e com um peso regional expressivo, como a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Para Fernando de Souza Coelho, doutor em Administração Pública e Governo pela FGV e professor da USP, há uma necessidade crescente de relacionar a teoria produzida nesses mestrados com a produção de tecnologia e ferramentas de apoio ao setor público. As escolas brasileiras estão percebendo isso aos poucos e se tornando mais flexíveis para cursos profissionalizantes, que atraiam profissionais de áreas como administração, marketing, economia, arquitetura, engenharia e comunicação com experiência prévia ou interesse no setor público. “A Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, já oferece cursos de menor duração e voltados para a resolução de problemas reais”, destaca.
Resumindo
A sigla MPA quer dizer “Master of Public Administration”. Ela se refere a um tipo de mestrado oferecido por algumas instituições. O curso foca em diversos aspectos da gestão de bens públicos e elaboração de políticas para diversas áreas da sociedade.
A sigla quer dizer “Master of Public Policy”. Ela também se refere a um mestrado, mas que é mais focado no debate e discussão de políticas públicas do que propriamente na implementação e gestão dos recursos do Estado.
Há cada vez menos uma linha clara de distinção entre os dois. Por isso, estudantes interessados em algum deles devem pesquisar com calma o currículo de cada programa e os perfis das escolas. Isso é mais importante do que saber o significado de cada nomenclatura.
Segundo os rankings da QS e da Times Higher Education, as melhores universidades do mundo para estudar nessa área são Harvard University, Universidade de Oxford, London School of Economics (LSE) e Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Hoje, há cerca de 50 cursos de graduação e 20 programas de mestrado ou doutorado nessas áreas, entre eles na Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ e SP), na Fundação João Pinheiro, em Minas, e na Universidade de São Paulo (USP). Outras escolas também oferecem cursos de qualidade e com peso regional expressivo, como a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).