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LL.M. nos EUA: como chegar lá (e o que fazer com ele)?

homem escrevendo em folha em branco com mapa mundi ao fundo

Por Claudio Rechden Olá pessoal, Escrevo aqui de Washington D.C., onde o inverno vem nos castigando este ano. Pelo que ouço e vejo, bem diferente daí no Brasil! Acabei meu LL.M. em Georgetown em 2004, e desde então trabalho no departamento jurídico do International Finance Corporation (IFC), braço de setor privado do Banco Mundial. Estou muito feliz de ter esta oportunidade de dividir com vocês, ao longo de uma série de colunas, um pouco da minha experiência antes, durante, e depois do LL.M. Vou falar desde a parte “formal” de preparação, estudos e procura de emprego, à parte “informal” da vida de expatriado. Hoje vou ficar mais na superfície. Nas próximas colunas entraremos mais no detalhe. O que é um LL.M.? Recentemente o nome “LL.M.” vem sendo usado em alguns cursos de extensão de instituições de ensino no Brasil. Mesmo com o crescente interesse de advogados brasileiros neste tipo de curso, esta não é uma estrutura que entra na forma clássica de formação legal no Brasil (como bacharelado, mestrado, doutorado, pós-doutorado). O LL.M. se encaixa mais na parte de “mestrado” (é inclusive chamado de “masters in law” aqui), mas ele nada mais é do que um ano extra de estudos. Você pode escrever uma pequena tese ou “paper”, mas muitas escolas não a requerem para graduação. Para estudantes de Direito americanos (os “Juris Doctors” ou simplesmente “JDs”), o LL.M. normalmente é o 4º ano de Direito (lá a faculdade de Direito dura 3 anos) onde eles fazem uma especialização (em tributário ou mercado de capitais, por exemplo). Para estudantes estrangeiros, o LL.M. se torna uma oportunidade de morar fora, de conhecer um pouco do sistema de Direito “common law”, e de tentar uma carreira internacional na área, seja trabalhando fora após o curso, ou com clientes estrangeiros quando de volta ao Brasil. Um LL.M. é para mim? Claro que esta resposta só você pode responder, mas vou tentar ajudá-lo nesta análise. As opções naturais para um advogado brasileiro procurando estudo de extensão no exterior são ou o LL.M. que vou chamar de “anglo-saxão” (nos EUA ou Reino Unido), ou o LL.M. ou mestrado similar europeu continental (por exemplo, na Alemanha, Itáliao ou Portugal). Um ponto simples de distinção entre os dois “sistemas” de LL.M. é a aplicação: por questões de língua e tradição comercial e financeira de seus países, os LL.M’s anglo-saxões usualmente atraem advogados brasileiros trabalhando ou que querem trabalhar em questões não-judiciais (por exemplo, corporativo, financeiro, comércio internacional, mercado de capitais, fusões e aquisições, marítimo, arbitragem, crime de colarinho branco internacional), ou que buscam estudar Direito comparado (entre aspectos de common law e civil law), ou que simplesmente querem a experiência de estudar nos EUA ou Reino Unido. Se você quer se aprofundar em (e utilizar) Direito processual, civil, talvez um LL.M. anglo-saxão nao seja a melhor opção para você. Porque um LL.M.? Um LL.M. não é barato. A matrícula anual gira em torno de US$50 mil, e com custo de vida por um ano facilmente se chega a US$100 mil. Um emprego após o curso também não cairá do céu (a não ser que você tenha conexões já de saída, como um grande escritório no Brasil), e os EUA é um país difícil com vistos de trabalho (há um visto de trabalho por um ano após o curso para um estágio profissionalizante). Mas nenhum destes obstáculos devem parar você. Se realmente estiver comprometido em ter sucesso neste processo, você terá. Falo pela minha experiência, pois para fazer meu LL.M. tomei um empréstimo em dólar (quando o câmbio estava 3 para 1 – ouch!) e não tinha a menor ideia do que estava por vir durante o curso e das dificuldades de achar um trabalho. Paguei meu empréstimo há muito tempo, e hoje tenho um trabalho que gosto numa organização que me orgulho, e ainda sou professor na Georgetown University. Claro que não foi fácil, mas com dedicação (e claro, uma dose de ansiedade e sacrifícios) pude chegar onde queria, e além. Falaremos mais sobre isto. Na próxima coluna falarei sobre preparação estratégica para o LL.M. Caso tenham sugestões de tópicos, por favor, enviem elas pelos comentários. Um bom resto de fevereiro a todos! _____________________________________________________________________ Claudio Rechden – Colunista sobre a experiência de cursar um L.L.M nos EUA

ClaudioClaudio Rechden é colunista do Estudar Fora, cursou direito na PUC do Rio Grande do Sul e fez LL.M. em Georgetown, nos Estados Unidos. Desde 2004 trabalha no International Finance Corporation em Washington, dando suporte legal em reestruturações financeiras e novos investimentos do IFC ao redor do mundo. Acreditando que a educação é a base do desenvolvimento pessoal e avanço profissional, Claudio também dedica-se à formação de bacharelandos e mestrandos em Direito como professor adjunto, antes em Stanford e agora em Georgetown. Claudio também é mentor para alunos e ex-alunos de Georgetown. Com suas colunas no Estudar Fora espera atrair o maior número possível de talentos brasileiros para as melhores faculdades de Direito nos EUA.

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