O Ciência sem Fronteiras é um programa federal que oferece bolsas de estudo para estudantes brasileiros de graduação e pós-graduação em universidades ao redor do mundo. O programa prevê oferecer 101 mil bolsas de estudo até 2015, sendo 75.000 bolsas financiadas pelo governo federal e 26.000 pela iniciativa privada. O foco são as carreiras de exatas, biomédicas, tecnológicas ou da área de energia, em cursos como engenharia, química, física, computação, tecnologia da informação, medicina, biotecnologia e desenho industrial, entre outros.
Se aprimorar em outro idioma, estudar nas melhores instituições de ensino do mundo, ter uma vivência internacional, ampliar seu networking, ganhar conhecimento cultural e mais autonomia são benefícios que fazem os olhos de muitos jovens brasileiros brilhar. Junto com os benefícios os jovens encontram também desafios, como a dificuldade com idioma dos países de destino e as dificuldades de adaptação cultural.
Existem também algumas barreiras invisíveis, como a autoexclusão.“Tem brasileiros que não acham possível estudar fora, só depois de uma orientação ou um caso concreto próximo, pensam que seria possível. Temos exemplos de pessoas assim, que hoje já estão formadas. A concorrência por uma vaga é forte, não é fácil, mas as barreiras pensadas, imaginárias, são maiores do que as que existem na verdade”, afirma Jason Dyett, diretor do escritório de Harvard no Brasil.
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Experiências no exterior
Conviver com pessoas de diferentes culturas é um dos desafios que os brasileiros participantes do Ciência sem Fronteiras enfrentam. Para estudante de Biomedicina, Geisa Nogueira de Salles, a experiência do intercâmbio é cheia de surpresas. “Convivo com pessoas que podem ter quatro esposas, que não podem ter facebook em seu país de origem, que não podem sair no final de semana, que não comem carne por causa da religião. Algumas só querem saber de festa, outras passam 24h estudando. Tem gente que não toma banho… enfim, aprendi que as pessoas são iguais e diferentes ao mesmo tempo”, diz.
A jovem de 21 anos saiu de Taubaté e foi para Coleraine, na Irlanda do Norte, em setembro de 2012, pelo Ciência Sem Fronteiras, para um intercâmbio de um ano na University of Ulster.“Muitas vezes, a gente deixa de tentar por acreditar que não vai conseguir ou que não tem chances. Vale a pena estudar loucamente para o exame de proficiência, viajar horas para tirar o visto, ‘perder os cabelos’ esperando respostas das universidades e do governo”, indica.
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https://www.estudarfora.org.br/wp-content/uploads/2020/11/porquinho-1.jpg Borges, 22, também está descobrindo no intercâmbio um ambiente de aprendizado por conta das diferenças culturais. Pelo Ciência Sem Fronteiras, o estudante de Ciências da Computação pela UFABC está a nove meses estudando na Universidad de Alcalá, em Henares, na Espanha. “Já passei por situações embaraçosas aqui. Uma vez fui a um restaurante com um amigo e o garçom nos mandou ir aprender a falar espanhol e só depois voltar ao estabelecimento”, conta. Nessas horas, o importante é enxergar além das dificuldades.
Tem que ter jogo de cintura
Para tornar os desafios instrumentos de aprendizado é necessário bastante jogo de cintura e flexibilidade para entender a diversidade entre as pessoas e as culturas, já que como intercambista você vai se relacionar com jovens do mundo inteiro. “O jovem tem que saber que vai a experiência vai ser diferente mesmo e estar convicto de que quer passar por ela e então se preparar com esta consciência. No fim, é uma experiência fantástica”, aconselha o consultor da agência Daqui Pra Fora, Felipe Fonseca.