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Abdulrazak Gurnah, autor tanzaniano, é o vencedor do Nobel de Literatura

O ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2021 foi anunciado hoje, 7 de outubro. O anúncio pegou de surpresa muita gente por não ser nenhum dos nomes cotados para a premiação. O vencedor foi o escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah, cuja obra debate os efeitos do colonialismo na África, Caribe e Índia.

Abdulrazak é autor de 10 romances, entre os mais famosos estão os livros “Paradise”, de 1994, que foi nomeado para o prêmio Booker Prize, e “By the Sea”, de 2001. De acordo com o site oficial da premiação, o romancista foi selecionado “pela intransigente e compassiva profundidade sobre os efeitos do colonialismo e do destino de refugiado perante o abismo entre culturas e continentes”.

Sobre Abdulrazak Gurnah

Abdulrazak Gurnah nasceu na Tanzânia, na região de Zanzibar, em 1948. Com 20 anos de idade, o autor foi para a Grã-Bretanha após sair de Zanzibar fugindo da perseguição contra populações árabes na região. O período foi conhecido como a Revolução de Zanzibar e marcado pela retomada do poder da região por revolucionários africanos locais.

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Ao chegar no Reino Unido, Abdulrazak iniciou os estudos na Christ Church College, uma escola de formação de professores localizada em Canterbury e que, na época, era vinculada à Universidade de Londres. Após formado, ele realizou a pós-graduação na Universidade de Kent, onde obteve o PhD em 1982.

O romancista já deu aulas na Bayero University Kano, localizada na Nigéria, e no departamento de inglês da Universidade de Kent, onde trabalhou até se aposentar. Em 2006, ele foi eleito fellow da Royal Society of Literature e atualmente mora no Reino Unido.

Sobre o Nobel de Literatura 

Até o momento, as obras de Abdulrazak não têm tradução para o português brasileiro, cenário que tende a mudar nos próximos meses. Um dos objetivos da premiação e consagrar mundialmente escritores com obras de destaque.

Hoje, o prêmio onera os vencedores com o valor de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões). A nomeação do autor segue a linha dos últimos anos, após a premiação ser criticada duramente e apontada como eurocentrista e por apresentar uma visão de literatura conservadora e engessada.

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Dos 118 laureados na categoria de literatura até hoje, apenas 19 não são nascidos em países europeus ou da América do Norte e apenas 15 são mulheres. No twitter, o gráfico a seguir foi bastante compartilhado nos últimos dias. Nele, é possível ver em roxo a porcentagem significativamente inferior de mulheres laureadas ao longo de toda a premiação:

Estatísticas como essas são alguns dos motivos para o prêmio ser apontado como retrógrado por muitos acadêmicos. A nomeação de acadêmicos como Abdulrazak Gurnah mostra um primeiro passo, ainda muito tímido, da premiação para demanda por mudanças.

 

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