Por Andréa Beer, aluna de MBA em Kellogg
Pre-term e fall quarter… feeling overwhelmed
Passada a semana de integração (pre-term), que, como contei no post anterior, teve um pouco de tudo, de gincana à palestra de líderes empresariais, Kellogg entra para valer no ano letivo. Para os alunos do primeiro ano, são duas semanas de aulas de estatística e liderança todos os dias. Já para os do segundo, o pre-term dura apenas uma semana e contempla gestão de crise.
A diferença entre estudantes de um ano e outro não para por aí. Para início de conversa, enquanto os alunos do segundo ano estão felizes por estar de volta e relaxados porque muitos já conseguiram uma oferta de emprego, nós (do primeiro ano…) estamos no estágio que chamo de “overwhelming”. Tentei encontrar uma tradução precisa para este adjetivo, mas não encontrei nada que expressasse tudo o que este adjetivo quer dizer. Aliás, se você leitor tiver uma sugestão, me escreva que atualizo aqui.
O termo mais próximo seria sobrecarregado, mas overwhelming vai um pouco além disso. Resume a ideia de estar exposto a uma quantidade tão grande de estímulos que seu cérebro não consegue processar todos eles. E as primeiras semanas em um MBA, não só em Kellogg, mas também em outras escolas, são exatamente assim: você está em contato com tantas pessoas, ideias e oportunidades interessantes que é praticamente impossível absorver todas elas.
Esta multiplicidade de possibilidades e obrigações (sim, todas as leituras e homeworks são obrigatórios) não é a toa. Primeiro, a escola quer oferecer aos alunos diversas opções de carreira, seja em marketing, gestão, empreendimentos sociais, TI, finanças ou consultoria. Segundo, durante os dois primeiros semestres a maioria das escolas oferece as disciplinas obrigatórias, como liderança e estratégica, e os core courses, como marketing e finanças. A ideia é dar aos alunos a base para uma carreira gerencial na área de sua escolha. Terceiro e talvez mais importante: esta enxurrada de informações te obriga a fazer escolhas e saber quando dizer “não” e quando dizer “sim” é uma das habilidades mais importantes de um bom líder.
Isso não quer dizer que você já tem que chegar no MBA sabendo exatamente o que quer, mas ajuda se você tiver um norte ou, pelo menos, souber o que você não quer fazer. Caso contrário, você sofrerá o tempo todo de FOMO – fear of missing out ou, em bom português, medo de ficar por fora. Hoje, por exemplo, tínhamos na hora do almoço uma apresentação de uma consultoria e uma palestra sobre carreiras em marketing. Obviamente é impossível assistir as duas. Depois, às 17hs, tínhamos um workshop sobre empreendimentos sociais, uma dezena de homeworks para amanhã e ainda, no caso da minha section, um treino de futebol norte-americano. Amanhã a agenda está tão ou mais apertada e, conforme relatos dos alunos do segundo ano, continuará assim até o fim do inverno, em março.
A conferir. Enquanto isso, vou aprendendo a lidar com meu próprio FOMO com o apoio de dois amigos brasileiros adeptos da campanha “NO FOMO”. Trocadilhos a parte, esta máxima me ajuda a lembrar que se eu não conseguir participar de um evento hoje, ainda posso participar de outro amanhã. E assim vou conquistando um pouco de equilíbrio entre a experimentação e o foco.
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Andréa Beer – Colunista sobre a experiência de cursar um MBA no exterior
Andréa Beer, colunista do Estudar Fora, é jornalista de formação e Relações Públicas por opção. Apaixonada por boas histórias, teve a oportunidade de contar algumas delas na rádio BandNews FM, como repórter, e depois de participar de outras como consultora de Relações Públicas no Grupo Máquina PR. Formada em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina, com pós-graduação em finanças pela USP, Andréa também presidiu por dois anos o Ação Jovem do Mercado Financeiro e de Capitais, entidade que reúne jovens investidores do mercado financeiro. Aluna do MBA de Kellogg, colabora com o Estudar Fora contando detalhes da rotina de um MBA internacional. Seu lema é simples: todos os dias são uma oportunidade de fazer a diferença. Com seus posts, espera continuar conectando ideias e pessoas.