Após intercâmbio, jovens criam projeto para estimular o empreendedorismo
Por Porvir
Quando Danilo Roselli e Alexandre Muller se encontraram na University of Southern Califórnia, em Los Angeles, na costa oeste dos Estados Unidos, perceberam que havia algo mais que as dezenas de milhares de quilômetros separando o curso de intercâmbio pelo Programa Ciência sem Fronteiras da rotina que eles tinham em duas instituições federais brasileiras. Ali, o empreendedorismo era vivido na prática, afinal, Los Angeles é considerado o terceiro maior ecossistema de empreendedorismo do mundo, atrás apenas do vizinho Vale do Silício e de Israel.
Nos EUA, a gente via muitos projetos saindo do papel, mas aqui bons projetos não conseguem avançar porque não há mentoria de grandes empreendedores ou conexão com potenciais investidores. É isso que a Ideation tenta fazer: conectar os pontos para os jovens darem os próximos passos
Roselli cursava engenharia de produção na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e Muller estava na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) fazendo engenharia civil. Diferente do ambiente fluido que encontraram nos EUA, aqui empreender era uma mera teoria e as aulas não iam além do plano de negócios. “Na USC, a escola de engenharia e a de administração se conversam muito e conseguem conciliar o ensino prático e o teórico de maneira muito natural”, diz Roselli. Das competições e palestras com ex-alunos (entre eles, os criadores do software de gestão Salesforce e do aplicativo de relacionamento Tinder), veio a ideia de trazer essa oportunidade para o Brasil e ajudar jovens a empreender já na universidade.
Os dois então criaram a Ideation, um programa que, nas palavras de Roselli, busca retribuir o que foi aprendido graças ao Ciência Sem Fronteiras. “É uma maneira interessante de devolver um pouco para o nosso país. Nos EUA, a gente via muitos projetos saindo do papel, mas aqui bons projetos não conseguem avançar porque não há mentoria de grandes empreendedores ou conexão com potenciais investidores. É isso que a Ideation tenta fazer: conectar os pontos para os jovens darem os próximos passos”, diz Roselli.
A competição – Na Ideation, o ponto de contato acontece à moda americana, com a competição de projetos chamada Sua Ideia Na Prática. O universitário não é obrigado a apresentar um projeto e o principal é apresentar problemas que queira resolver em áreas como (e não apenas) educação, saúde, transportes e segurança.
Após fazer a inscrição ao preço de R$ 50 (clique aqui para ver o guia) , o processo se desenrola em cerca de cinco semanas, podendo variar de acordo com os calendários de provas. “No início, o estudante olha para si e vê com o que ele se identifica. Se ele quiser resolver algum problema na educação, na segunda semana ele não vai ficar só no workshop. Vai ter que ir a campo falar com especialistas, pais e secretarias para investigar as causas e efeitos. Na terceira, ele vai buscar a solução e aí sim trabalhamos o plano de negócios. Na quarta semana, ocorre a prototipação e, na última, o pitch [apresentação]”.
Entre os temas mais explorados e que geram maior interesse estão os de impacto social, tecnologia e educação.
“O Sua Ideia Na Prática é muito aberto a desenvolver qualquer projeto que o jovem possua, mas temos interesse naqueles com caráter social”, diz Roselli.
Em 2014, as competições da Ideation reuniram estudantes 42 cursos diferentes. Do total de participantes, 33% eram de administração, 23% de engenharia e os 44% restantes eram diversificados, com representantes das áreas de ciências sociais, música, direito e design.
Neste ano, a competição já passou por Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS). Em junho, desembarca em Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Viçosa (MG). Cada ciclo acontece em uma universidade diferente da cidade, que abre as portas para estudantes de outros cursos e instituições. Clique aqui para ver o calendário das competições
Este texto foi originalmente publicado no Porvir
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