Harvard School of Education: para transformar a educação brasileira
A carioca Teresa Pontual tinha 14 anos quando se mudou para Nova York, nos Estados Unidos, com sua família. Seu sonho era ser bailarina e, por isso, dedicou grande parte do seu tempo à dança até meados do ensino médio. Quando desistiu desse projeto, não sabia exatamente qual seria seu próximo passo. “Minha sorte foi que as escolas americanas possuem um currículo de graduação mais aberto, que permite algumas incertezas”, diz. Aos 17 anos, começou um curso de Ciências Sociais na pequena faculdade de Swarthmore, na Pensilvânia, Filadélfia. Formou-se em Ciências Políticas, além de fazer um minor (curso adicional) em História da América Latina.
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Voltou para Nova York e ficou um tempo estagiando no Centro de Estudos Brasileiros de Columbia, na School of International and Public Affairs (SIPA). “Lá, me aprofundei sobre a situação do Brasil, depois de 9 anos morando nos EUA, e comecei a me interessar por assuntos ligados à educação. Decidi que queria trabalhar com algo que ajudasse a melhorar a desigualdade social no meu país”, conta Teresa. Foi nesse contexto que recebeu uma proposta para trabalhar com uma vereadora no Rio de Janeiro, cuidando de duas das suas bandeiras: a educação infantil e o planejamento familiar.
Durante sua passagem pela Câmara, entendeu melhor, na prática, os desafios da educação no Brasil. A fim de se preparar para lidar com os números e desempenhos que conheceu, começou a buscar cursos de especialização na área. “Naquele momento, eu ainda não sabia como podia contribuir”, afirma. Em suas frequentes presenças em seminários sobre o assunto, conheceu Rafael Martinez, que na época era secretário de Educação de Resende (RJ) e palestrava sobre qualidade de ensino. “Ele tinha feito mestrado em Política Educacional Internacional na Harvard University. Logo imaginei que seguiria seus passos.”
Mesmo assim, antes de fazer sua escolha final, Teresa pesquisou outras possibilidades, como Stanford e Columbia. Até no Brasil chegou a procurar um mestrado que se alinhasse às suas aspirações. Mas, ao analisar o currículo dos programas, acabou aplicando para o mesmo curso de Martinez em Harvard. “O foco do mestrado era menos acadêmico e mais profissionalizante, com duração de um ano, voltado para o mercado latino-americano. Minha vontade era me sentir mais preparada para voltar ao Brasil e trabalhar no governo.” Para ajudar a financiar seus estudos, Teresa tentou uma bolsa na Fundação Lemann e conseguiu.
“Acredito que o que me ajudou a ser aprovada em uma faculdade renomada como Harvard foi demonstrar clareza no meu application: justificar por que escolhi aquele programa específico, explicar como minha trajetória me levou a ter essa certeza e indicar aonde desejava chegar com essa nova bagagem no futuro”, diz Teresa. Outra dica para se dar bem na seleção, segundo ela, é conseguir boas recomendações de ex-professores e antigos chefes. “Para isso, é importante criar vínculos fortes com mentores ao longo da sua vida acadêmica e profissional.”
Quase cinco anos depois de ter se formado em Harvard, Teresa destaca que um dos pontos fortes da Harvard School of Education é ser uma faculdade flexível, que permite ao aluno fazer matérias optativas em outras escolas. “Cursei várias disciplinas de governança na Kennedy School of Government, por exemplo. Harvard é uma instituição incrível, com uma ótima estrutura à sua disposição, além de promover palestras, seminários e conferências muito interessantes”, diz. Mas ela destaca que o que ganhou de mais valioso durante o mestrado foi construir uma rede de pessoas do mundo todo que trabalham com educação e têm um objetivo semelhante ao seu. “Senti que não estava sozinha no mundo.”
Orientada por professores como Fernando Reimers (renomado especialista em educação especialista em América Latina), ela também adquiriu conhecimentos metodológicos muito úteis aos seus trabalhos futuros. Foi subsecretária de Gestão da Rede de Ensino na Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro. Depois, gerente de projetos na Secretaria Municipal de Educação do Rio, coordenando a implantação das Escolas de 7 Horas e de um sistema on-line de gestão de informação em uma rede de 1.334 Unidades Escolares, além de ser responsável pela área de indicadores educacionais. Por ter assumido cargos altos muito cedo, Teresa fez ainda um MBA Executivo na Escola de Negócios da UFRJ.
Desde janeiro deste ano, passou a integrar a Secretaria Municipal de Educação de Salvador. Atualmente, Teresa fica contente em observar o crescimento no Brasil e no mundo das oportunidades de trabalho ligadas a encontrar soluções para diferentes questões ligadas à educação. “Essa é uma área que atrai muitos investidores. E há cada vez mais jovens com vontade de transformar, abrindo sua própria startup”, destaca. Porém, ela lamenta que grande parte dessas pessoas acabem indo para o setor privado. “Sinto falta de mais pessoas qualificadas no setor público, que também precisa de gente boa para funcionar melhor”, completa.
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