O gaúcho Giácomo Rabaiolli Ramos costumava brincar com a irmã sobre a possibilidade de estudar fora. “Desde o Ensino Fundamental, a minha irmã dizia ‘estuda bastante que, um dia, ainda vai para fora'”, conta ele. No segundo ano do Ensino Médio, a ideia começou a tomar forma, quando conheceu projetos como a BRASA e o Estudar Fora. Agora, ele se prepara para dar um passo decisivo: vai embarcar para os Estados Unidos, para fazer a graduação na Universidade de Chicago.
Nascido na cidade de Putinga, no Rio Grande do Sul, Giácomo se mudou para Lajeado e, na escola, passou a se dedicar a uma série de atividades extracurriculares. O engajamento em aulas de teatro, grupo de ciências e no grêmio estudantil fez parte da trajetória do brasileiro – e também contaram pontos na application.
Mas o ponto de virada veio com uma oportunidade no exterior. Interessado em Relações Internacionais, ele foi estudar o assunto em um curso de verão em Stanford, como parte dos Stanford Pre-Collegiate Summer Institutes. Ao longo de três semanas, pode se dedicar ao tema e conhecer de perto a experiência acadêmica americana. “Tive mais certeza ainda de que queria estudar fora”, resume ele, que pretende estudar Ciência Política e Políticas Públicas na Universidade de Chicago.
Leia também: Como é estudar Relações Internacionais em universidades da Ivy League
“Também foi um primeiro contato para ver como eu conseguiria me virar com o inglês“, explica Giácomo. “E perceber que tenho vontade de estudar Relações Internacionais e outros interesses acadêmicos relacionados à política”. Em sala de aula, os assuntos apresentados incluíam intervenções humanitárias, conflitos armados e análise de interesses econômicos.
“Não tenha medo de falar do que você gosta”
Para conquistar uma vaga em universidades americanas, é necessário se sair bem no processo de application. A candidatura às instituições de ensino exige uma lista extensa de documentos, como histórico acadêmico, além de testes padronizados, como o exame de proficiência TOEFL e o SAT. Para completar, cada estudante precisa escrever essays, que servem para “apresentá-lo” ao escritório de admissions.
Com Giácomo, não foi diferente. Contou com apoio do Prep Estudar Fora, o preparatório gratuito da Fundação Estudar para graduação no exterior, para percorrer cada etapa – tanto com apoio financeiro quanto com mentoria. “Minha mentora, que faz Relações Internacionais em Georgetown, me ajudou muito. Ela me ajudou a passar para o papel o que eu queria dizer”, conta o brasileiro, que achou os essays desafiadores.
Leia também: “Seu objetivo é escrever uma redação que faça com que se apaixonem por você”
Ele conta que a Universidade de Chicago pedia aos candidatos três textos diferentes: um personal statement, uma redação sobre “por que a UChicago”, e um tema específico para cada ano (dessa vez, sobre algo de que o aluno “gostasse, graças às suas peculiaridades”). “Nos meus essays, ficava claro que eu gosto de refletir sobre o que eu estou fazendo”, sintetiza o brasileiro.
Elaborando os essays
No personal statement, o ponto de partida foi falar sobre um erro de digitação em um documento, quando participou do summer course em Stanford. “No lugar do acento no meu nome, colocaram um ponto de interrogação”, explica ele. A partir de um ponto trivial, desenvolveu seu argumento sobre dúvidas e sua própria trajetória.
Ele alerta para que os estudantes não tenham receio de escrever sobre a própria história e dar exemplos de que realmente gostem. “Não tenha medo de falar do que você gosta”, diz ele. “Não tente escrever sobre o que você acha que eles querem ler”. O exemplo citado por Giácomo vem de outra redação sua, solicitada pela Universidade de Chicago, sobre alguma coisa de que gostasse “por suas peculiaridades”. Dessa vez, o brasileiro citou o jogo The Sims e traçou sua argumentação a partir daí.
“Já vi gente dizendo que é bom ter um foco na application, como ser ‘a pessoa de Exatas'”, pondera o jovem, que sabia que não se encaixaria nessa ideia. “Eu não participava de olimpíadas internacionais, não tinha feito um monte de programas no exterior”. Qual foi a saída encontrada por ele, e que atraiu os olhares da universidade americana? “Mostrei que vinha de uma cidade pequena e que soube aproveitar as oportunidades a que tive acesso”.
6 dicas práticas para a application
Com a carta de aceite em mãos, Giácomo passa adiante alguns dos conselhos que o ajudaram na própria preparação.
#1 Um passo de cada vez
Dividir o processo em etapas, em vez de tentar “abraçar o mundo”, foi a estratégia que funcionou para Giácomo. “Fiz a college list, depois estudei para o SAT, depois fiz a prova, aí estudei para o TOEFL…”, enumera ele. “Eu sabia o que estava fazendo em cada etapa, e conseguia focar em uma só coisa, sem pensar no resto”.
#2 Pratique antes dos testes
O estudante gaúcho fez dez simulados do SAT antes de realizar, de fato, a prova. “Quando chegou a hora, eu já estava acostumado com os modelos de questões”, diz ele.
#3 Aposte no planejamento
Ter um cronograma em mente e planejar com antecedência cada etapa faz a diferença. No caso de Giácomo, que não tinha muitas opções de data para provas como TOEFL e precisava viajar para realizar os testes, tratava-se não só de planejamento de estudos como também de orçamento. “É melhor ter meses de planejamento do que ter só 20 dias para se preparar para uma prova importante”.
#4 Não tenha medo de falar do que gosta
Seja The Sims ou uma trajetória acadêmica fora da curva, o melhor é deixar o receio sobre os temas de lado. “Falando sobre o que gosta, a gente até escreve com mais facilidade”, comenta o brasileiro.
#5 Pesquise muito
Para montar a college list ou elaborar um essay, a pesquisa serve como boa aliada. Vale buscar informações sobre matérias disponíveis, professores de destaque, ambiente acadêmico e vida social, como é o caso dos clubes de interesse. Giácomo recorreu aos alunos da instituição, além do site da universidade. “Isso mostra que você se empenhou para escrever o texto, não olhou apenas para um ranking“.
#6 Cuidado com a gramática
Um erro pontual ou vírgula fora do lugar podem até passar batido, mas é necessário dobrar a atenção. Como recomenda o jovem aprovado pela Universidade de Chicago, é necessário “cuidar para que o texto seja gramaticalmente bom”.