A paranaense Maria Vitória Valoto já tem muita bagagem em matéria de feiras de ciência. Desde os 14 anos, ela desenvolve projetos em áreas ligadas à saúde e à biologia. “No primeiro ano do Ensino Médio, fiz projeto sobre intolerância à lactose. No segundo, sobre infecção bacteriana e, agora, sobre uma infecção fúngica”, conta Maria, que mora em Londrina. Agora, com seu último projeto, ela embarcará para a Conferência Internacional de Jovens Cientistas, em Belgrado, na Sérvia.
Não é a primeira vez que a brasileira faz as malas para ir a outro país. Já participou em eventos do tipo, voltados a jovens cientistas, em cidades como Phoenix, Mountain View e Los Angeles, nos Estados Unidos. Como ela destaca, o atrativo dos eventos não se limita ao reconhecimento internacional e à oportunidade de mostrar seus estudos para o mundo – há também o fator do networking.
“Eu sei como faço pesquisa no meu laboratório, na minha realidade, mas não sei como isso acontece na Europa”, explica ela. Por meio do contato com outros estudantes, é possível descobrir novas formas de realizar testes e, também, conhecer as oportunidades disponíveis no exterior.
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Colocar as próprias ideias à prova também serve de atrativo para tais conferências de jovens cientistas. “Você precisa defender seu projeto, dar segurança de que o que fez funciona, saber argumentar”, pontua Maria Vitória. Tudo isso falado em outro idioma, como o inglês, com um vocabulário rebuscado.
Cada um dos participantes do evento passa por um processo seletivo que pode durar semanas. No caso da estudante paranaense, foi necessário enviar uma explicação sobre o projeto e submeter a candidatura pelo site da Conferência Internacional de Jovens Cientistas. Depois de uma avaliação inicial, os alunos pré-selecionados eram convidados para uma entrevista.
Vida de cientista
O projeto mais recente de Maria Vitória começou na Universidade Estadual de Londrina, em sua cidade-natal. Ela buscava um laboratório mais completo para desenvolver pesquisa, mesmo antes de ingressar na universidade. “A universidade tinha um estágio em microbiologia e eu achei um professor com uma linha de pesquisa focada em fungos e bactérias”, conta a estudante, que entrou para o time em uma iniciação científica júnior.
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O foco da iniciativa é a Candida, fungo que causa a candidíase – um micro-organismo que afeta muitas mulheres brasileiras. “Eu li muitos relatos na internet, de mulheres que têm sofrido com isso, e tido dificuldades nos seus relacionamentos”, explica Maria. Nesse caso, há várias opções de tratamento disponíveis no mercado e a proposta da aluna era criar uma alternativa que se destacasse. “Criar alguma coisa nova não é fácil”, diz ela. “Temos que achar uma alternativa viável, que tenha outro mecanismo de ação, que possa ser mais barata”.
“Meu currículo não vai ser valorizado num vestibular brasileiro, mas é interessante para uma universidade estrangeira”
Para a jovem, o diferencial da ideia que levará à Sérvia tem a ver com a forma como produz a alternativa de tratamento. A brasileira utilizou uma bactéria para combater a Candida, isolando uma molécula produzida pelo micro-organismo e utilizando-a no combate ao fungo. “A gente não sintetiza nada, só pega algo que a bactéria já produz”, resume ela.
Do Jovens Cientistas para o mundo
Além de fazer parte do time de representantes brasileiros na Conferência Internacional de Jovens Cientistas, Maria Vitória dedica-se a outra oportunidade no exterior. Ela tirou um gap year para preparar sua application para universidades americanas, fazendo testes padronizados como TOEFL e SAT. “Meu currículo não vai ser valorizado num vestibular brasileiro, mas é interessante para uma universidade estrangeira” , explica a paranaense. “Acho que estou mais preparada pra ir para fora do que para estudar aqui”.
A ideia é aproveitar as oportunidades para avançar na carreira de cientista, que a interessa desde cedo. “O que me atrai é poder pegar um problema difícil de resolver, olhar para o todo e conseguir uma solução para ele”, conta Maria Vitória.