Por Lecticia Maggi
Bruna Passos Amaral, de 29 anos, está neste momento na Finlândia, participando do Foreign Correspondent’s Programme, em que jornalistas estrangeiros ficam no país por três semanas para aprender sobre os costumes e cultura local. Todas as despesas (passagens aéreas, alimentação, moradia, etc) estão inclusas. E esta é apenas uma da sete bolsas de estudo que a jovem conquistou.
Além da Finlândia, Bruna já realizou dois intercâmbios nos Estados Unidos com tudo pago e participou de seis programas de estudo diferentes na Alemanha, sendo quatro com bolsas integrais de estudo.
O processo para obter as bolsas nunca foi fácil. Por isso, me irrita um pouco quando as pessoas me dizem ‘nooooossa, como você tem sorte’. Geralmente você não ‘ganha’ uma bolsa, você ‘merece’ uma bolsa
Bruna explica que a vontade de estudar fora começou quando tinha cerca de 12 anos e foi visitar alguns primos: “Tinha uma australiana na casa deles porque um dos meninos estava fazendo intercâmbio na Austrália. Pensei: ‘que coisa incrível! Eu também quero fazer intercâmbio’, e a partir daí passei a ficar ligada em concursos”, diz.
Ela cursava o ensino médio em escola pública, mas seus pagavam um curso de inglês particular que, segundo ela, “vivia tendo seleções para viagens e intercâmbios”. Durante um ano, Bruna participou de vários processos seletivos sem sucesso, até que viu um anúncio do Programa Jovens Embaixadores, em que alunos da rede pública brasileira passam três semanas fazendo intercâmbio nos EUA. A seleção incluiu preenchimento de formulários, envio de redação em inglês e realização de uma entrevista. Dessa vez, ela foi aprovada.
“Depois de levar tantos ‘não’, tinha aprendido a ser um pouco menos ansiosa e mais resiliente, duas características que são super importantes na vida. Quando me contaram que eu tinha sido selecionada para o Jovens Embaixadores nem passaporte eu tinha. Nunca tido ido além de Florianópolis. A partir dali, minha vida mudou completamente”, conta.
A jovem descobriu que era possível sim estudar fora e continuou a participar de concursos culturais e processos seletivos de bolsas. A próxima parada foi na Alemanha para realizar um ano de ensino médio, com bolsa parcial. “Tive um desconto bom porque tinha participado de um concurso e ficado em quinto lugar”, diz.
A jornalista tem predileção pela Alemanha. No país, já realizou dois meses de curso de idioma; um semestre da faculdade de comunicação social; três meses de estágio em um jornal de Berlim; uma viagem cultural de três semanas para jornalistas; e, neste ano, concluiu o mestrado. Como ela conseguiu tudo isso? Tentando exaustivamente, superando os “nãos” e tentando de novo.
Muita gente já está derrotado antes mesmo de ter tentado e isso influencia muito, eu acho. Confiar nas suas habilidades é fundamental ou você não vai transparecer isso como deveria para os avaliadores
“Desde 2008, todos os anos, eu me inscrevi para o Foreign Correspondants Programme da Finlândia e sempre me recusaram. Não desisti e este ano, finalmente, fui aceita”, conta. “O processo para obter as bolsas nunca foi fácil. Por isso, me irrita um pouco quando as pessoas me dizem ‘nooooossa, como você tem sorte’. Geralmente você não ‘ganha’ uma bolsa, você ‘merece’ uma bolsa”, completa.
Para o mestrado em que foi aprovada em 2013 e conlcuiu neste ano, Bruna diz que a preparação também foi longa: “Desde 2007, vinha riscando os requisitos da lista de exigências para a seleção”.
Segundo ela, não há segredo para obter uma bolsa de estudos no exterior: é preciso foco, perservança e trabalho duro, além de acreditar que você é capaz. “Muita gente já está derrotada antes mesmo de ter tentado e isso influencia muito, eu acho. Confiar nas suas habilidades é fundamental ou você não vai transparecer isso como deveria para os avaliadores. Sempre tem um concurso, sempre tem uma seleção que vai se encaixar no seu perfil, mas você tem que se empenhar, tem que ser bom aluno e não pode se abater com as derrotas”, completa.
Se você quiser saber mais sobre a trajetória da Bruna, acesse o Partiu Intercâmbio, blog onde ela compartilha suas experiências no exterior, divulga oportunidades de bolsas e dá dicas para quem também quer estudar fora.
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