Com as mudanças trazidas pela pandemia de coronavírus para application de instituições fora do país, os processos de admissão, em alguns casos, ficaram mais simples, o que tem gerado um aumento expressivo nas quantidades de candidaturas.
Como o Estudar Fora mostrou em fevereiro, as restrições impostas pela disseminação do coronavírus levaram diversas instituições de ensino superior a suspenderem a exigência de exames padronizados como o SAT e o ACT. As notas desses exames costumam fazer parte do processo para aplicar, mas o cancelamento de sessões dessas provas impossibilitou o envio de pontuações e, consequentemente, simplificou os procedimentos.
Entretanto, diante do boom de inscrições, as universidades que já tinham perfil bem seletivo ficaram ainda mais. Entenda a situação em alguns colleges e universities do exterior nesse cenário.
Colleges fora do país: candidaturas em alta, admissões menores
No caso das faculdades, as taxas de admissão não estão aumentando conforme o aumento de inscrições. Ao contrário. O Colby College, em Maine, nos EUA admitiu apenas 8% dos 15.857 alunos que se inscreveram, contra 10% no ano passado e 13% no ano anterior. Apesar de ter a política test-optional (em que exames são opcionais) desde antes da pandemia, a faculdade costumava receber alunos com boas pontuações nos testes – média de 34 no ACT e 1520 no SAT. Agora, com todas as admissões sendo feitas remotamente – sem a opção de visitas presenciais – enfrenta mais um ano desafiador, embora tenha se preparado.
O Williams College, em Massachusetts, admitiu 8% dos alunos em 2021, entre 12.500 candidatos. A última taxa antes da pandemia era a de 12%. O Swarthmore College, na Filadélfia, também aceitou somente 8% este ano (eram 9% em 2020).
Universidades do exterior também ficaram mais seletivas
Se os 8% dos colleges americanos pareciam impressionantes, no MIT o cenário é ainda mais restrito, com só 4% aceitos, dos 33.240 inscritos. O número representa alta de 66% na quantidade de candidatos em um ano, enquanto a taxa de admissão caiu 7%.
A Universidade de Notre Dame admitiu 1.771 alunos na última semana de março e 1.673 na anterior, em restrictive early action, como são chamados os programas em que quem foi admitido não precisa, necessariamente, se matricular. A taxa de admissão caiu para um novo recorde (de 15%) na instituição. Na Emory University, o índice passou de 19% para 13%.
Entre as principais universidades públicas, também há mais competição para entrar. A Universidade da Virgínia viu as inscrições aumentarem de 41.000 para 48.000 – dos quais 21% foram aceitos. Na Universidade da Geórgia, 39% dos candidatos foram admitidos este ano, ante 46% no ano passado.
Impactos da pandemia nas admissões: o exemplo da Universidade Emory
A Universidade Emory, em Atlanta, publicou um histórico em seu site sobre as mudanças que precisou fazer em razão da Covid-19 – entre elas, passar a ser test-optional. A publicação pontua algumas dificuldades de todo o processo, como a aprendizagem virtual, que “mudou a natureza de como os alunos aprendem e são testados em seus conhecimentos”, o que afeta o GPA do estudante, segundo a instituição.
A universidade também destacou que competições acadêmicas, torneios esportivos, estágios, oportunidades de voluntariado e empregos de meio período foram cancelados no ano passado e este ano ou podem ter sido oferecidos apenas virtualmente, impactando atividades tradicionais das quais um aluno pode participar durante a graduação ano.
Outro ponto levantado pela Emory foi sobre as cartas de recomendação de professores: “devido ao ambiente virtual de aprendizagem, muitos estudantes compartilharam que seus docentes não os conheciam bem, não tendo uma relação presencial.”
O lado oposto da seletividade maior
Se, por um lado, a imagem de excelência das top schools é reforçada na medida em que ficam mais seletivas, por outro, há um receio de que as instituições menores sofram com o efeito contrário: recebam menos inscrições.
Isso porque, conforme os estudantes de superior optam pelas mais prestigiadas, em um processo seletivo mais simples, as faculdades e universidades menos reconhecidas acabam tendo de admitir uma porcentagem maior de candidatos, o que pode comprometer um posicionamento de marca que já é mais desafiador. Por isso, dirigentes de algumas unidades do tipo já estão definindo estratégias para atrair um contingente maior no ciclo de admissões de 2021-22. É esperar para ver.