Com quantos anos é possível fazer intercâmbio?
Com quantos anos pode fazer intercâmbio? Não há resposta certa para essa pergunta. Nas agências de intercâmbio, há programas disponíveis a partir dos 10 anos de idade, com abordagem mais lúdica. Já os programas de high school, que focam candidatos também jovens, têm um perfil que mescla autonomia nos estudos e apoio ao aluno. Em outras palavras, há formas de fazer intercâmbio antes, durante e depois de cada etapa da formação acadêmica.
Com um planejamento adequado de como será a experiência no exterior, o aluno já consegue traçar objetivos possíveis, mesmo jovem. Se um aluno possui apenas um mês de férias, por exemplo, mas opta por um curso intensivo e que mire suas principais dificuldades, pode contar com um grande avanço logo de cara. “Há turmas adequadas para todos os níveis e perfis. O importante é estar inserido em uma que tenha a proficiência adequada”, destaca Andrea Arakaki, diretora-geral da Education First no Brasil.
E não faltam programas que façam o meio-campo para estudantes que desejem fazer, por exemplo, o high school no exterior. É uma oportunidade de alavancar o idioma estrangeiro, mesmo antes de chegar ao Ensino Superior. “Sair do ensino médio já falando fluentemente uma língua estrangeira é muito positivo”, opina a paulista Julia Dolce, que embarcou para a Austrália para treinar o inglês no segundo ano. Um dos pontos positivos da experiência é a possibilidade de estudar fora do país mesmo que o inglês ainda não esteja nos trinques. “Como esse momento é super importante, muitos alunos pensam em ter um gap year, entre o ensino médio e a faculdade”, comenta Andrea Arakaki, diretora-geral da Education First no Brasil.
Para quem deseja incorporar o intercâmbio ao Ensino Médio, portanto, o ideal é começar a pesquisar e escolher agências que facilitem o processo. Com apoio nos dois extremos desse caminho, no Brasil e no país de destino, fica mais fácil encontrar a melhor opção.
Para completar, o caminho certeiro é garantir amparo de um coordenador na região, para orientações e eventuais emergências. “As pessoas nessa faixa de idade são mais infantis e podem fazer escolhas que não vão ser tão boas. Tem muita gente que acaba sempre andando com brasileiros, o que prejudica o aprendizado do inglês”, opina Julia, que morou em uma cidade litorânea na Austrália, com uma família britânica.
Quando o intercâmbio é melhor aproveitado?
Novamente, não há receita mágica para saber a idade ideal. Ainda assim, já é possível dizer que a experiência internacional pesa na hora da seleção em muitos processos seletivos. Em outras palavras, cada vez mais cedo, experiências internacionais têm se tornado um diferencial. Segundo Ricardo Ribas, gerente executivo da empresa de recrutamento Page Personell, desde a seleção para programas de trainee ela já é bem vinda e bem vista. “Vivemos um momento de mercado em que pessoas em cargos gerenciais e de direção estão indo fazer MBA ou pós no exterior porque não tiveram esta oportunidade antes. Talvez em 20 anos ela passe mesmo a ser fundamental para a entrada no mercado de trabalho”, afirma.
O momento ideal para ir, porém, é variável – cada contexto exige uma oportunidade diferente. “Há pessoas que vão aos 40 porque sentem que o mercado ou um novo cargo exige aquela experiência. Outros têm a oportunidade de ir mais cedo, ainda no ensino médio, para já aprenderem um novo idioma. O importante é estar atento ao seu objetivo com aquele curso: não adianta já ter domínio da língua e ir fazer apenas conversação, por exemplo. Neste caso, é melhor fazer um curso na sua área, que aprofundará seus conhecimentos técnicos e habilidades específicas”, explica o gerente.
Estágio no exterior é opção
Para quem já possui um nível intermediário do idioma, uma solução pode ser realizar um programa de estágio no exterior. Existem vagas em diversos lugares do mundo e para as mais diferentes áreas de atuação – com exceção ao segmento de saúde, já que a maior parte dos países possui restrições ao envolvimento de estagiários estrangeiros com o tratamento de pacientes.
O interessado pode procurar vagas de forma independente, por meio do contato direto com empresas ou vagas divulgadas na internet; ou procurar a intermediação de agências de intercâmbio no processo. Em ambos os casos, é recomendado que o participante inicie a preparação no mínimo seis meses antes da data da viagem.
No contato independente com empresas, chamado de self-placement, os detalhes (remuneração, período, tipo de trabalho) são acertados entre o estudante e o empregador, e o acordo precisa ser reconhecido por órgãos dos dois países para que o estágio seja legalizado e o candidato aprovado para o visto. Algumas agências oferecem este serviço de preparação da documentação – que pode variar entre R$ 1.800 e US$ 2.000, e não inclui arranjos de acomodação e transporte.
Para os estágios no exterior, os pré-requisitos podem variar. Em geral, incluem sempre nível intermediário de inglês (ou da língua do país de destino) e graduação, completa ou em andamento, em áreas relacionadas. Ao contrário dos estágios no Brasil, o vínculo universitário nem sempre é necessário.
Independente da idade, intercâmbio é diferencial em processos seletivos
No fim das contas, independentemente de com quantos anos pode fazer intercâmbio, quem já passou um tempo no exterior sai mesmo ganhando nos processos seletivos. Mesmo quem dedicou o período no exterior ao intercâmbio de idiomas, em vez de aliar cursos em outras áreas. A gerente de RH da empresa de recrutamento HAYS, Márcia Batista, explica que quando o recrutador se vê diante de dois candidatos a balança tende a pesar mais para aquele que possui proficiência em uma segunda língua, ainda que ele seja tecnicamente inferior. “É mais fácil desenvolver o conhecimento técnico do que a fluência em outro idioma”, explica. Quando o recrutamento é feito para uma empresa multinacional, o segundo idioma passa a ser mandatório até para a participação no processo seletivo.
Ter morado no exterior não conta pontos apenas no momento da seleção para uma vaga: “O profissional que fez intercâmbio tende a ser mais flexível e saber lidar melhor com o inesperado”, explica a coordenadora de marketing da agência de intercâmbio World Study, Laíse Menucci.