Como conciliar o vestibular com a seleção para universidades fora?
O ciclo de quem estuda em uma escola com o currículo brasileiro se encerra na época dos vestibulares. É natural se inscrever para fazer essas provas tanto quando os inúmeros simulados que são aplicados ao longo do ano. Eu comecei o 3º ano segura de que faria faculdade no Brasil e passei o primeiro semestre pensando para quais cursos me inscreveria. Apenas em julho daquele ano decidi que tentaria estudar nos Estados Unidos e em agosto passei a me dedicar aos vestibulares, formatura e seleção para universidades fora.
O vestibular por si só já é estressante, então, é muito importante se organizar bem caso estudar fora seja uma opção
A questão é: o que considerar quando pensamos em estudar fora, ainda mais quando estudamos em escolas brasileiras? É claro que para quem estuda em escolas internacionais, o caminho é outro. Mas para a grnade maioria a realidade é diferente. O vestibular por si só já é estressante, então, é muito importante se organizar bem caso estudar fora seja uma opção.
Pela minha experiência e pelo o que aprendi com outras pessoas, estudar fora normalmente começa como um quarto escuro. Não sabemos quais são as opções, como é o processo, quais os requerimentos, etc. É difícil saber por onde começar. Se você se sente assim, fique tranquilo. É normal!
Neste processo, é fundamental levar em consideração também os custos e as bolsas que cada universidade oferece, inclusive porque muitas têm tratamento diferente para alunos internacionais – ou para alunos fora do estado, no caso das universidades estaduais.
O meu processo de seleção para universidades fora teve, em resumo, 7 passos:
1. Rankings
Muitas vezes, esses rankings são muito diferentes uns dos outros, mas são bons para mostrar as opções. Eu procurei bastante por rankings das minhas áreas: negócios e ciências políticas. Alguns deles são internacionais e outros são nacionais. Eu utilizei o THE (Times Higher Education), US News e Top Universities. É importante ressaltar que ninguém deve escolher a universidade pelo ranking! Ele serve como uma forma de orientação inicial.
2. Perfil
Conhecer a instituição e o perfil dela é, provavelmente, a parte mais importante do processo de application. Encontrar universidades ou faculdades que estejam dentro da sua expectativa é muito importante. Para isso, usei bastante o College Board e o próprio Estudar Fora. Levei em conta a quantidade de alunos, a porcentagem de alunos internacionais, o ambiente (urbano ou rural), etc., mas também os aconselho a manter a mente aberta. Eu, que tinha certeza de que iria para uma universidade urbana numa cidade como Nova York, acabei esoclhendo NotreDame, que fica em uma cidade pequena.
Fazer vestibular e/ou aplicar para estudar fora é bastante cansativo e uma carga emocional muito forte para alguém tão jovem. Mas é um momento essencial para o autoconhecimento (…) Aproveite a fase e dedique-se porque tudo valerá a pena no final!
3. Processo seletivo
Para alguém prestando tanto vestibular quanto preenchendo applications, era importante otimizar o meu tempo. Então, priorizei as universidades que usavam o Common App, que é o sistema que a maioria das universidades americanas usam para unificar as applications. Também considerava se as universidades pediam SAT II, já que entre agosto e dezembro, eu não teria muitas oportunidades para fazer essas provas.
4. Opinião de alunos e ex-alunos
É fundamental procurar o que os alunos e ex-alunos pensam sobre a sua universidade. Cada uma tem um perfil e é natural que existam estereótipos, como Brown ser bastante liberal e UPenn ser bastante hostil. Falar com pessoas que fazem ou já fizeram parte é essencial para entender a experiência deles, especialmente se essas pessoas também forem alunos internacionais. Quando eu estava aplicando, conversei com muitos ex-alunos e perguntava sobre como foi a adaptação, como é o clima social do campus, quais são as formas de se envolver e se divertir, etc. Pergunte sobre tópicos que as universidades normalmente não falam. Informações sobre número de formandos, porcentagem de admissão e assuntos desse gênero estão nos sites.
5. Estudo
Para mim, tanto os vestibulares quanto applications tiveram prioridade iguais. Foi muito difícil conciliar e otimizar o tempo. O meu conselho é: faça por partes. Quando eu comecei a fazer as minhas applications, queria terminá-las o mais rápido possível. Mas é um processo muito longo e até exaustivo. A minha estratégia era completar o processo por partes, ou seja, definia que até o final de agosto teria todas as faculdades para quais gostaria de aplicar; até o meio de setembro, teria o meu perfil no Common App pronto; até o final de setembro, teria a application de uma universidade pronta. E por aí vai, de forma que o estudo para o vestibular também tenha seu espaço.
6. Revisão
Assim como as redações que escrevemos para os vestibulares, as applications também têm uma parte escrita além dos essays. Esses textos extras são chamados de supplements e o tema e a quantidade variam de acordo com a instituição. No entanto, para muitos de nós, inglês não é a nossa língua nativa e ter alguém que possa revisar esses textos é tão importante quanto ir bem no SAT.
7. Aproveite
Fazer vestibular e/ou aplicar para estudar fora é bastante cansativo e uma carga emocional muito forte para alguém tão jovem. Mas é um momento essencial para o autoconhecimento. Eu, se pudesse, faria tudo de novo para ver o meu nome entre os aprovados da FGV e admitidos de NotreDame. Aproveite a fase e dedique-se porque tudo valerá a pena no final!
Sobre Daniela Felippe
Daniela já se envolveu com a ONG Teto e o Projeto Aprender, que estão alinhados à sua vontade de lutar contra a pobreza extrema e pelo acesso à educação de qualidade para todos. Em 2014, foi aprovada no curso de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mas optou por estudar na Universidade de Notre Dame, onde espera obter uma dupla graduação em Ciências Políticas e Finanças.
*Foto: Dia de formatura na Uiversidade Notre Dame/ Crédito: Divulgação
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