A americana Laura Messing se formou em antropologia na University of Maryland – com foco em saúde sexual e reprodutiva – e veio para o Brasil em busca de ampliar seus conhecimentos no que diz respeito ao tema. A ideia era ficar três meses por aqui, mas acabou se apaixonando pelo país e ampliando sua estada para um ano, entre setembro de 2008 e agosto de 2009. Na Ilha de Maré – localizada na baía de Todos-os-Santos, em Salvador, Bahia -, passou alguns dias pesquisando sobre as campanhas de saúde locais que buscavam aumentar o conhecimento da população sobre o uso de preservativos.
Como pesquisadora do programa de intercâmbio para estudos de campo SIT Study Abroad – promovido pela organização não governamental World Learning -, Laura ficou um mês em Pernambuco, para estudar o contraste entre as parteiras tradicionais no município de Caruaru e nas áreas urbanas de Olinda, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Sempre me interessei por questões ligadas à saúde das pessoas e, quanto mais conhecia o Brasil e a América Latina, mais afinidade criava com diferentes culturas e estilos de vida”, conta.
Depois dessas experiências práticas relacionadas à saúde, Laura voltou para os EUA, desta vez para trabalhar como educadora em Nova York, onde ela nasceu e onde vive sua família. Nesse momento, viu que seria importante aprofundar seus estudos na área. “Se eu quisesse seguir uma carreira em que pudesse tomar decisões políticas e ampliar o impacto do meu trabalho em campo, precisava ter um mestrado.” Decidiu, então, aplicar para um curso em saúde pública na Mailman School of Public Health, na Columbia University, em NY, considerada uma das melhores do país.
Por demonstrar comprometimento com o Brasil em sua trajetória profissional e pessoal – Laura também joga capoeira semanalmente -, acabou conseguindo uma bolsa da Fundação Lemann. “A própria universidade sugeriu que eu tentasse a bolsa, a partir do meu application. Sou a primeira Lemann Fellow da escola”, diz, explicando que o curso ainda é pouco conhecido. “Na graduação, tive uma disciplina obrigatória sobre saúde pública – até então, não sabia exatamente o que era, mas logo entendi que essa área englobava muitos temas por que sempre me interessei”, conta.
Prestes a se formar, Laura indica o curso para brasileiros interessados em estudar saúde pública no exterior. Se este for o seu caso, descubra abaixo o que é preciso para aplicar para diferentes escolas. Por mais que cada uma delas tenha suas especificidades, há algumas exigências em comum, como: résumé (currículo), statement of purpose (uma espécie de carta de motivação), três cartas de recomendação, histórico escolar, TOEFL (ou similar) e GRE (Graduate Records Examinations). Os applications têm deadlines que variam entre início de dezembro e meados de janeiro.
Idioma
O Test of English as a Foreign Language (TOEFL) é o principal certificado que comprova a proficiência do candidato na língua inglesa. Falar fluentemente é essencial, pois as discussões durante as aulas são parte importante da experiência acadêmica dos alunos nas melhores escolas do mundo. Em algumas faculdades, outros testes também são aceitos, como o IELTS.
Raciocínio
A maioria das escolas “top” exige o Graduate Records Examinations (GRE) – exame que mede a aptidão acadêmica do candidato e indica se ele conseguirá acompanhar o mestrado. Algumas escolas também aceitam o Graduate Management Admission Test (GMAT). Uma pontuação alta nos testes não vai garantir sua vaga, mas a nota é classificatória. Há faculdades que publicam a média dos seus alunos nos exames, que pode ajudar a estabelecer suas metas nos estudos.
Veja as diferenças entre o GRE e o GMAT
Redação
A maioria das faculdades exige que os candidatos preparem um personal statement ou um statement of purpose (uma espécie de carta de motivação), em que devem discorrer sobre sua experiência profissional, de forma elaborada e convincente. É interessante deixar claro de que forma sua trajetória se alinha ao que o curso oferece, e por que o mestrado será importante para o seu futuro. No caso do mestrado em Saúde Pública, o candidato deve provar sua dedicação para a causa a partir de sua experiência – independentemente da sua formação.
Recomendação
Duas ou três cartas de recomendação fazem parte da lista de requisitos. O ideal é pedir para pessoas que realmente conviveram com você por um bom tempo validarem suas conquistas. De toda forma, é importante lembrá-las dos projetos que você realizou sob sua supervisão.
Aprenda como conseguir uma boa carta de recomendação
Currículo
Os candidatos precisam enviar também seu currículo resumido e seu histórico escolar da graduação. Nos Estados Unidos, ter boas notas pesa muito mais do que no Brasil. Porém, é possível justificar eventuais notas baixas com o envolvimento em projetos extracurriculares, por exemplo.
Bolsas
Em geral, as escolas americanas dão um grande suporte a alunos internacionais que querem estudar lá, através dos career centers, inclusive para dar informações sobre estágios e bolsas. O processo para conseguir uma bolsa na Fundação Lemann, por exemplo, é feito diretamente com as universidades americanas parceiras. Se você pretende tentar a bolsa, é importante mostrar que é um bom candidato para contribuir para o desenvolvimento do Brasil.