Não é necessário se esforçar muito para pensar na parte humanizada dos cursos da área da Saúde. Tanto a “arte da cura” quanto carreiras próximas, como a da enfermagem e as políticas voltadas para saúde, estão intimamente ligadas a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Extrapolar esse conceito para o campo das mudanças sociais, então, parece um caminho praticamente lógico.
E, de certa forma, é. Não é à toa que tantas universidades já apostam em trazer os interessados em saúde para uma formação em mudança social. São tanto cursos de saúde pública, que traduzem alguns dos desafios de proporcionar esse direito às populações, quanto de saúde global, mirando as desigualdades no oferecimento de saúde em diferentes lugares. Intervenções, programas de conscientização e combate a doenças e elaboração de políticas públicas entram no currículo de cursos oferecidos por gigantes educacionais, como a Universidade da Califórnia Berkeley e a Duke University.
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“Estudar saúde a nível global permite que nós nos enxerguemos como os outros nos veem, e que enxerguemos os outros como eles precisam ser vistos. A Saúde Global inclui desde intervenções de larga escala, como a Tabacco Convention, até ações menores, como assegurar que uma pessoa no Malauí tenha acesso a remédios para alívio da dor quando tem uma doença terminal”, explica Liz Grant, diretora da Global Health Academy, da Universidade de Edimburgo, na Escócia. A experiência de Liz, que também comanda o estabelecimento de parcerias com outras universidades, tem tudo a ver com impacto social. Por anos, ela trabalhou com saúde da família e educação sexual no Quênia, e acabou por concluir o doutorado na Serra Leoa.
Não faltam desafios para garantir o acesso a tratamentos e cuidados no mundo inteiro.
Saiba mais sobre os programas que tratam do assunto.
Universidade de Edimburgo
Na universidade escocesa, o destaque fica para o mestrado em Global Health and Public Policy. A proposta é unir ciências sociais, medicina, políticas públicas e relações internacionais, para que o estudante tenha uma formação completa e multidisciplinar. Ao fim do curso, o aluno deve estar preparado para encarar desafios no setor público, em ONGs ou mesmo em missões humanitárias.
“Falar de saúde não significa tratar só da saúde das pessoas ou dos animais, mas também do meio ambiente. Sem tratar desses múltiplos aspectos, nós não conseguiremos melhorar a saúde dos seres humanos”, resume Liz Grant. Somando as vivências fora de sala de aula com o curso formal, os estudantes focam na eliminação das desigualdades.
O curso pode ser feito em duas versões: a fulltime, que dura um ano, e a part-time, que se estende por um período de dois a três anos, em que o estudante pode optar por ter uma parcela das aulas online. Para arcar com os custos, é possível recorrer a bolsas como a Chevening, oferecida pelo governo britânico e acessível a brasileiros.
Duke University
O Master of Science em Global Health oferecido pela universidade americana une várias formas de aprendizado. As aulas teóricas ditam o tom dos primeiros meses de estudo, com assuntos de áreas como Ética, Estatística e Sistemas de Saúde dos países em desenvolvimento.
Depois, os alunos devem passar, no mínimo, 10 semanas em campo, trabalhando na área de saúde, com a orientação de um mentor. Nesse processo, muitos deles escrevem para o blog da Duke e compartilham suas reflexões sobre a experiência. Por fim, desenvolvem uma dissertação sobre tema ligado ao curso. São três frentes para tratar de temas ligados à desigualdade e aos principais desafios do século. Entre os ex-alunos do curso, 18% segue para organizações não-governamentais.
Bolsas para Cursos na área da Saúde Pública
A Fundação Lemann acredita que saúde pública é uma área prioritária para o desenvolvimento do país e por isso oferece bolsas de estudo no exterior para que os profissionais de saúde aprendam com os melhores do mundo e, depois, possam realizar mudanças significativas no Brasil.
Podem se candidatar profissionais que tenham excelente desempenho acadêmico, grande capacidade de realização e compromisso de colaborar com o desenvolvimento do Brasil, seja através de atuação no setor público, terceiro setor, setor privado ou como empreendedores.
“Os cursos que apoiamos são muito práticos e complementam a formação que os profissioais de saúde já tiveram no Brasil, para que eles possam ir cada vez mais longe”, afirma Denis Mizne, diretor da Fundação Lemann. Saiba mais sobre as bolsas da Fundação Lemann aqui.