Matheus Tomoto, de 25 anos, ainda não concluiu a graduação, mas já está com vaga garantida para fazer mestrado no Massachusetts Institute of Technology (MIT) – o mais prestigiado instituto de engenharia do mundo, que está localizado em Cambridge, nos Estados Unidos. Ele foi estagiário no MIT e, junto a pesquisadores renomados, estudou formas de transmissão de energia pelo ar e pela água, sem a necessidade de fios.
Eu não falava nada de inglês, só sabia o verbo ‘to be‘ que tinha aprendido nas escolas públicas. E tinha só três meses até a data do TOEFL
Além do MIT, Matheus Tomoto também foi aceito como pesquisador em outras instituições de excelência, como Harvard e Stanford. Sua trajetória rumo às melhores universidades do mundo difere bastante da de outros estudantes: “Sempre estudei em escolas públicas, e que, infelizmente, não eram muito boas”, conta ele, que nasce e cresceu na cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo.
Aos 14 anos, ingressou no Senai e começou a trabalhar em uma oficina de ferramentaria para ajudar os pais. Aos 17 anos, recebeu uma bolsa integral para cursar engenharia mecatrônica na Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens) por causa de sua boa nota no Enem. “Foi muito esforço, diversos simulados, horas de estudo por dia…”.
A oportunidade de estudar fora veio por meio do programa do governo federal Ciência sem Fronteiras (CsF), em 2014. O desafio maior, desta vez, foi o inglês. Ele precisava de uma nota mínima no TOEFL (exame que mede proficiência no idioma) para ser aprovado e fazer o intercâmbio de graduação. “Eu não falava nada de inglês, só sabia o verbo ‘to be‘ que tinha aprendido nas escolas públicas. E tinha só três meses até a data do exame. Então, fiz uma ‘loucura’: me demiti de uma multinacional, onde tinha um salário legal como estagiário, para estudar por conta própria”, diz. Segundo ele, foram 16 horas de estudo ao longo de três intensos meses: “Usava sites gratuitos na internet para estudar, como My English Online e Duolingo, e focava principalmente nos exercícios”. E deu certo: ele conseguiu a nota mínima exigida pelo CsF para o intercâmbio e foi aprovado na Universidade Purdue, que é considerada uma das 50 melhores do mundo na área de engenharia, segundo o ranking 2016 da consultoria britânica Times Higher Education (THE).
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Mesmo no exterior, ele conta que o inglês continuou a ser um grande desafio. “Fiz seis meses de aulas de inglês na Purdue antes de estudar engenharia. Ainda assim, foi extremamente difícil. Fugia de brasileiros, tentava andar só com americanos para me acostumar. Fui para a guerra e pulei de cabeça”, brinca.
Como queria uma experiência profissional no exterior, enquanto estava na Purdue, Matheus se candidatou a vagas de estágio em outras universidades. Foram centenas de e-mails, diversas redações e entrevistas até conquistar um summer job (trabalho de verão) de três meses no MIT, durante as férias escolares. “Trocamos e-mails por mais de um mês falando das minhas ideias e do projeto até meu chefe me aceitar”, explica. “Depois dos três meses, acabadas as férias, tive que voltar para as aulas na Purdue. Mas, como gostaram muito do meu trabalho, me fizeram a proposta de continuar como pesquisador à distância. Semanalmente, enviava um relatório ao meu chefe no laboratório do MIT e recebia orientações de como seguir”, completa.
Descobri que podemos tornar nossos sonhos realidade se perseverarmos, tivermos foco e trabalharmos duro por aquilo que queremos
Aprendizados e próximos passos
De volta ao Brasil no fim de 2015 para concluir a graduação na Facens, Matheus ainda não sabe que rumos dará à sua carreira, se trabalhará por um tempo aqui ou se voltará ao MIT para fazer mestrado. “Hoje tenho portas abertas em vários lugares, empresas, universidades, laboratórios… Desde que cheguei ao Brasil, meu celular não para de tocar”, diz, animado.
Os aprendizados que trouxe do exterior, diz ele, vão muito além da área de engenharia: “Descobri que podemos tornar nossos sonhos realidade se perseverarmos, tivermos foco e trabalharmos duro por aquilo que queremos”. Agora, ele se dedica também a inspirar outros jovens a irem atrás de seus objetivos: “Sei que não é fácil. Eu mesmo, antes de ser aprovado no CsF, tranquei a graduação por um ano só para trabalhar, para ter um pouco de dinheiro”, conta. “Tem muitos que acabam desistindo por um emprego, que acham que estudar não vale a pena, que seus sonhos são impossíveis. Quero mostrar que não. No MIT, percebi que há um interesse grande por pessoas com o perfil semelhante ao meu, que vem de escolas públicas, famílias humildes, são esforçadas e querem realizar feitos grandiosos”, diz.
Matheus tem uma página no Facebook, canal no youtube e um site em que conta como chegou ao MIT e dá orientações a outros jovens que também sonham grande. Além disso, ele escreveu o e-book “Inspirando Jovens de Sucesso”, em que promete dar dicas sobre administração de tempo, liderança, controle do medo e, principalmente, como vencer desafios e alcançar seus sonhos.
*Na foto, Matheus Tomoto no MIT, nos EUA / Crédito: arquivo pessoal