Da USP ao Facebook
23 anos, dois diplomas, diversos intercâmbios, estágio em um dos lugares mais desejados do mundo e um ponto de partida: uma paixão imensa por desafios. A trajetória do Victor Lassance é parecida com a de muitos jovens brasileiros. Ele nasceu no Rio de Janeiro, cresceu em Campinas, cursou o ensino fundamental em uma escola particular, e depois foi para o Colégio Técnico de Campinas. O gosto por desafios começou lá, onde ele descobriu o seu interesse por Informática e participou de olimpíadas científicas. “Eu sempre gostei da ideia de competitividade positiva, aquela que te leva pra frente”, conta.
De lá ele foi para a USP, cursar Engenharia da Computação. Inspirado por um primo, participou da seleção para fazer duplo diploma na École Centrale de Lyon (ECL) que possui convênio com a USP e dá a oportunidade para estudantes brasileiros realizarem um intercâmbio de dois anos e ao final se graduarem pelas duas instituições.
Duplo diploma na França
A seleção envolveu análise do histórico escolar e entrevista com professores brasileiros e franceses. “Eu tinha um histórico escolar médio, o suficiente para entrar no processo, mas não me destacava com as minhas notas. Foram as experiências que fizeram a diferença. Eles viram que eu era engajado, queriam alguém que fizesse as coisas acontecerem”, conta.
Assim como a maioria das universidades do exterior, engajamento em atividades extracurriculares e perfil pessoal foram decisivos na aprovação na ECL. “Três pontos fizeram a diferença: a minha participação no projeto de iniciação científica sobre Inteligência Artificial na USP; ter sido finalista em uma maratona de programação em Estocolmo (Suécia), e também o fato de ser bolsista da Fundação Estudar”, comenta.
Na França, as experiências mais marcantes foram a moradia no campus e as atividades nos diversos clubes e associações. “A interação e coesão entre os alunos era ótima. Misturavam os franceses e os estrangeiros, então a chance de você fazer amigos e treinar seu francês é grande”, pontua. Pelas associações, Victor organizou recepções para os estrangeiros que chegavam no campus e também uma semana de empreendedorismo. Ele conta que as atividades de esportes e idiomas são obrigatórias e constam na carga horária de todos os alunos. “É um aprendizado muito mais completo”, afirma.
Os custos do intercâmbio foram todos cobertos por bolsas de estudos que ele recebeu de duas instituições (Fundação Estudar e Capes).
Estágios no Exterior
Na École Centrale de Lyon os estágios são feitos ao final de cada ano letivo. O primeiro estágio de Victor foi em uma fábrica de motores da Bosch, na pequena cidade de Caen, no norte da França. Este primeiro estágio é chamado de “estágio operário”. Nele os estudantes trabalham no nível mais baixo da pirâmide hierárquica de uma empresa. “Eu apertava parafusos na linha de montagem do motor e convivia com os outros operários. Isso mudou muito a minha cabeça. Se um dia eu for liderar, vou ter a visão de quem representa o braço da empresa realmente. Considero essa experiência como uma das mais importantes lá fora, porque se você quer aumentar a qualidade de uma empresa, não adianta encher de processos, você precisa pensar na pessoa que esta fazendo aquilo acontecer”, conta.
Já em 2012 o estágio foi em um dos escritórios mais desejados do mundo, o Facebook. “O segundo ano de graduação na França é mais curto, justamente para os alunos fazerem estágios maiores. Temos quatro meses de férias, sendo três para os estágios. Foi quando eu entrei no Facebook”, explica. A experiência o surpreendeu: “É impressionante como eles deixam o estagiário se desenvolver. A liberdade é enorme, o seu chefe vai no máximo te guiar. Eles acreditam que você sabe resolver. Você vai passar por desafios e aí vai entender o tamanho da responsabilidade que está na sua mão e ao mesmo tempo o impacto que você pode ter”, comenta.
Pelo excelente desempenho, ele recebeu uma proposta irrecusável. Como Victor ainda tem que terminar a graduação no Brasil, o Facebook já o contratou e concordou em esperar por um ano até ele voltar para lá.
Dicas para quem quer Estudar Fora
“Estudar Fora te ajuda a desenvolver um olhar crítico que muda a forma como você vê o seu país. Cada lugar tem um ponto forte e fraco e, observando o que há fora, você descobre jeitos de causar impacto aqui”, conta.
Uma dica dele para quem pretende Estudar Fora é chegar um mês antes das aulas começarem e estudar o idioma. “Foi bom para já começar as aulas entendendo muito bem os professores e para perder o medo de falar em sala”. Outro ponto é saber lidar com a saudade. Segundo ele, o lado pessoal pesa, por isso é preciso entender bem as vantagens dessa experiência. Outra dica é fazer cursos de imersão nas férias, para ter uma experiência intermediária. “Para quem tem medo de morar fora é um grande passo que ajuda. Eu fiz work and travel nos EUA e cursos de idiomas no Canadá, Espanha e França”, conta.