Comemorado no dia 31 de outubro, o Dia das Bruxas não tem uma origem clara. Algumas fontes, como a enciclopédia de religiões Merriam-Webster, acreditam que ele originou como um festival da colheita celta, chamado Samhain, celebrado entre 31 de outubro e 1 de novembro. Nessa data, acreditava-se que a linha entre o mundo natural e o supernatural se ateunuava, e por isso os espíritos podiam visitar o nosso plano de existência.
Desde então, a data evoluiu até se tornar uma espécie de celebração do mundo sobrenatural — e das suas manifestações na cultura popular. E se você chegou nesse texto porque viu essa foto assustadora da Universidade de Toronto aí em cima, sabe o quanto esses tópicos podem ser interessantes, até para pesquisas mais sérias!
A universidade pode não ser o primeiro local que vem à mente quando pensamos no dia das Bruxas. No entanto, temas como fantasmas, zumbis e vampiros são levados a sério pela academia em diversas universidades do mundo. Além de serem manifestações culturais populares, são também pontos de entrada para assuntos como fisiologia do cérebro, psicologia, sociologia, antropologia e história.
Por isso, há diversos cursos em universidades renomadas dedicados a estudar personagens e temas relacionados ao Dia das Bruxas. Para marcar a data, selecionamos cinco dos cursos mais interessantes nessa área. Confira:
Bruxaria e magia na Rutgers
Para fãs de Harry Potter e de outras histórias de bruxas, a Rutgers University tem um curso intitulado “History of Witchcraft and Magic”, ou “história da bruxaria e da magia”. Como o nome indica, o curso se debruça sobre o significado histórico das palavras “bruxa” e “magia”, e examina como essas questões estão envolvidas em cenário políticos, sociais e históricos mais abrangentes.
Segundo o programa do curso History 510:253 da Rutgers, “crenças sobrenaturais como bruxaria e magia jogam luz sobre as culturas que as produzem, incluindo como as pessoas pensam sobre si mesmas e sobre os outros, e como elas reagem a mudanças na sociedade”. Por isso, analisar essas crenças é uma maneira de entender melhor as sociedades por trás delas. E, ao longo do curso, os alunos analisam crenças sobrenaturais da Europa e da América, desde a idade média até a era contemporânea.
Vampiros na Wisconsin-Madison
De onde veio a imagem de um ser misterioso, vestido de preto, com medo do sol e que sobrevive bebendo o sangue dos outros? Essas são algumas das questões abordadas no curso LITTRANS 329 da University of Wisconsin-Madison (“LITTRANS”, no caso, é a abreviação de “Literature and Translation”, o nome do departamento responsável pela disciplina, e não tem nenhuma relação com a Transilvânia).
Chamada de “The Vampire in Literature and Film” ou “o vampiro na literatura e no cinema”, a disciplina estuda a representação dos vampiros como metáfora para o mundo eslávico e do leste europeu. Ela começa com as históricas do folclore eslávico e chega até as manifestações culturais atuais sobre vampiros. Nesse percurso, analisa como a representação dos vampiros evoluiu com o tempo, e como essa representação dialoga com percepções e eventos históricos como a peste negra, a decadência da aristocracia na Europa, e o antissemitismo.
Fenômenos sobrenaturais na UPenn
OVNIs, fadas, anjos e fantasmas são todos temas que podem ser abordados no curso FOLK 406 601 da University of Pennsylvania, chamado também de “Folklore and the Supernatural”. Segundo o programa do curso, ele se dedica a examinar “crenças tradicionais sobre seres sobrenaturais, dimensões sobrenaturais e os humanos que interagem com eles, bem como o desenvolvimento histórico, no ocidente, do próprio conceito de ‘sobrenatural'”.
A ideia, segundo o programa, é “ampliar o entendimento sobre diversidade humana por meio de exemplos transculturais de folclore sobrenatural”, e entender como essas crenças têm sido usadas para expressar relações humanas com o sobrenatural. Trata-se de um tema relevante, já que, como a própria disciplina aponta, a crença em tais fenômenos não diminuiu significativamente nas culturas modernas, apesar das previsões de que isso ocorreria.
Zumbis no Rollins
O Rollins College, no estado da Flórida, sedia a disciplina “Zombies, Serial Killers and Madmen” (“Zumbis, assassinos em série e doidos”) que foca justamente nos zumbis populares em livros e filmes. A ideia, no entanto, não é apenas discutir filmes nos quais a humanidade se destrói em um apocalipse de seres inconscientes, mas discutir questões mais profundas, como: o que é a consciência?
Numa entrevista à rádio estadunidense NPR, o filósofo Eric Smaw, responsável pela disciplina, explicou que teve a ideia do curso quando pensava sobre essa questão. “A maioria das pessoas consideram que a consciência é simplesmente estar acordado. Mas os cientistas atualmente pensam na consciência como resultado de energia neurológica no nosso cérebro. Então, nessa disciplina, nós entramos no cérebro e falamos sobre o cérebro evoluído”, explica.
Parapsicologia na Universidade de Edinburgh
A University of Edinburgh, na Escócia, sedia não apenas uma disciplina, mas um grupo de pesquisa inteiro sobre parapsicologia, ou “o estudo científico da capacidade atribuída a alguns indivíduos de interagir com seu ambiente por meios além dos canais sensoriais-motores reconhecidos”. Trata-se da Koestler Parapsychological Unit (KPU), estabelecida em 1985.
Entre os tópicos abordados pela KPU estão percepções extrassensoriais (como telepatia), psicocinese (a suposta capacidade de mover objetos com a mente) e a psicologia por trás de fenômenos como experiências extracorporais, assombrações e sonhos supostamente precognitivos (ou seja, sonhar com algo que se realiza depois). A unidade de pesquisa também investiga como a percepção sobre essas questões foi mudando ao longo da história, e como elas se inseriram em debates sociais mais amplos.