O primeiro intercâmbio acadêmico de Paulo Rotband Marchtein Fisch fugiu dos destinos procurados. No terceiro ano do curso de Engenharia Mecânica na Universidade de São Paulo, Paulo foi selecionado para um projeto na Finlândia, um dos países nórdicos. Durante o intercâmbio na Finlândia, o desafio tratava-se de criar produtos inovadores.
O projeto do qual Paulo participou, batizado de Product Development Project, envolveu dois pólos: a Escola Politécnica da USP, em São Paulo, e a Universidade de Aalto, no país nórdico. Para participar, o aluno brasileiro precisou passar por uma seleção dentro da USP, depois de cursar uma disciplina de inovação e desenvolvimento de produto. O processo seletivo envolvia ainda entrevistas com professores da universidade paulista e uma carta de motivação.
Para apoiar a empreitada, o estudante brasileiro contou ainda com o fundo patrimonial Amigos da Poli, o primeiro fundo de endowment de uma universidade brasileira.
Como funcionou o intercâmbio na Finlândia
O Product Development Project durou, ao todo, oito meses, que eram divididos em períodos no Brasil e na Finlândia. Alunos de vários países reuniram-se no campus da Aalto para pensar em soluções para produtos mais inovadores e melhores. Em outras palavras, as empresas chegavam aos alunos com um “problema” e pediam soluções práticas. “Era uma engenharia mão na massa”, resume Paulo Fisch.
Na primeira parte do PDP, uma estadia de dez dias em terras finlandesas, as empresas traziam as propostas aos alunos, que também eram orientados por professores experientes. No caso da equipe de Paulo, havia estudantes de design, negócios e engenharia de produção, vindos de países como a China.
O desafio, para o time, foi desenvolver alternativas para uma companhia que desenvolvia produtos com pedra-sabão, como lareiras. Para as casas finlandesas, o material servia perfeitamente, graças à capacidade de distribuir de forma regular o calor. Para os apartamentos, a história era outra: a pedra-sabão era pesada demais. “Eles queriam algo mais sustentável e que mostrasse as propriedades da pedra-sabão”, explica o estudante paulista. A ideia era, ainda, colocar o material como alternativa ao uso de lenha para manter os ambientes aquecidos.
Universidades e empresas
O vínculo formado entre instituições de ensino e companhias locais fazia parte da dinâmica no intercâmbio na Finlândia. Durante o programa, os professores acompanhavam a produção dos alunos, e as empresas também participavam do processo. “A empresa realmente via valor no que estávamos fazendo”, conta Paulo Fisch.
“Os CEOs passavam o dia todo falando com a gente sobre os produtos”. As criações dos alunos não ficavam apenas em formato de projeto, mas também eram construídos e transformados em protótipos. “A gente projetava cada componente e mandava o desenho para a empresa, que produzia exatamente como o combinado”, explica o paulista.
Cabia aos professores checar os avanços e oferecer orientação, mais do que ministrar uma aula expositiva. “O professor sempre andava pelas oficinas, orientando os alunos, explicando as metodologias”. De volta ao Brasil, os alunos mantinham reuniões semanais e faziam relatórios para as universidades.
Como Paulo Fisch explica, essa foi a chance de executar mais e perceber “o quanto a gente tem capacidade de criar”. Na última etapa do intercâmbio na Finlândia, restou apresentar os resultados. As placas de pedra-sabão desenvolvidas pelos estudantes receberam aprovação dos empresários e podem chegar ao mercado finlandês.