Os erros mais comuns cometidos por brasileiros ao escrever em inglês
O inglês é, atualmente, o idioma mais utilizado para conectar pessoas de diferentes nacionalidades, com os mais diversos propósitos. Um desses objetivos inclui o caso dos estudos no exterior. Seja para acompanhar o conteúdo apresentado pelo professor, ou para debater com os colegas, a língua inglesa serve de pré-requisito que influencia diretamente no desempenho acadêmico. Para que o resultado seja bom, entretanto, é necessário se comunicar com eficiência.
Um levantamento conduzido por Cambridge Assessment English, departamento sem fins lucrativos da Universidade de Cambridge especializado em certificações e avaliação da língua inglesa, mostrou que há cinco aspectos particularmente difíceis para os brasileiros na escrita. São eles: ortografia, preposições, conjugação, ausência de pronome e o uso de quantificadores (por exemplo, palavras como some e any).
A conclusão foi obtida a partir da análise de uma amostra de 4 mil redações, obtidas dentre as mais de 20 mil submetidas por brasileiros para análise do Write&Improve. Essa é uma plataforma online e gratuita que corrige redações em inglês em segundos, de acordo com os parâmetros internacionais que regem o aprendizado de idiomas. Com pouco mais de um ano de funcionamento, o Brasil se tornou o país com o maior número de usuários do recurso (seguido por Espanha e Estados Unidos).
Então, para evitar a repetição dos erros mais comuns e não fazer feio ao redigir sua carta de recomendação, applications, emails ou redações, confira dicas:
#1 Erros mais comuns de ortografia
Entre as 15 palavras que acarretam os erros mais comuns cometidos por brasileiros em ortografia, estão algumas bastante conhecidas. São termos como beautiful (bonito), common (comum), language (linguagem), probably (provavelmente), writing (escrita), platform (plataforma), technology (tecnologia), different (diferente), because (porque), apartment (apartamento), opportunity (oportunidade), which (que), punishment (punição), inhabitants (habitantes) e access (acesso).
Em geral, a confusão acontece em função do som da pronúncia. Por exemplo, language, que acaba escrito como ´leanguage´ por causa da fonética. Outra constatação que o levantamento sugere é de que o ensino de ortografia ainda pode deixar dúvidas sobre casos em que as palavras possuem ou não consoantes dobradas (como em writing, different e opportunity, que viram ´writting´, ´diferent´ e ´oportunity´).
Uma aliada que pode contribuir para a melhoria desse ponto é a nossa memória visual, uma de nossas inteligências. Para isso, a dica é, por exemplo, escrever esses quinze termos e deixá-los visíveis ao estudar inglês. Isso permite criar uma imagem constante, que contribui no momento de empregá-las. Para ampliar esse escopo, outra opção seria organizar uma espécie de categorização, dividindo aqueles que dobram as consoantes e os que não. A consulta constante funcionará da mesma maneira.
Os dicionários monolíngues desenvolvidos especialmente para quem está em fase de aprendizado também são bastante didáticos, e podem salvar os estudantes na hora da dúvida. E, se a questão for tempo, algo simples de se fazer é digitar a palavra desejada no navegador do celular ou nos mecanismos de busca. Na era da inteligência artificial, o ambiente digital tende a completá-las automaticamente, antes mesmo de finalizarmos sua escrita. Ou, ainda, sugerem a forma correta caso um erro seja cometido.
#2 Erros mais comuns cometidos por brasileiros ao utilizar preposições
De acordo com as informações levantadas por meio da plataforma, o problema mais comum costuma ser escolher a opção incorreta para cada contexto. Em ordem de frequência, as que mais são empregadas de forma errada (quando outra deveria ter sido utilizada) são: in, on, to, for, of, at, with, about, for, from e by.
Entre os padrões que se repetem, estão, por exemplo, o uso de at, on e of para expressar a ideia de local. Nesses casos, o correto seria empregar a preposição in, acompanhada da localização geográfica (como Brasil, nome da rua, o campo). E isso se repete quando a ideia é falar sobre período de tempo (como história, minha vida, velhice, o passado).
Algo que a maior parte das pessoas não observa é que preposições são termos de alta frequência, que aparecem muitas vezes em um mesmo texto. Ou seja, elas não possuem um único significado e isso pode gerar confusões. Por isso, vale adotar como estratégia para a fixação que muitos verbos, substantivos e adjetivos já vêm acompanhados por uma preposição específica. Em resumo, memorizar a expressão completa, como no caso de `look at’ (olhar para) ou `good at’, pode diminuir o número de achismos e aumentar a chance de acertos.
#3 Erros mais comuns nas conjugações
Já em relação à conjugação verbal, a forma infinitiva leva título de campeã dos equívocos. A não-utilização da preposição to antes de determinados verbos costuma ser recorrente. Abaixo, veja uma lista dos verbos e frases mais comuns, em ordem de frequência, que os estudantes submeteram à avaliação e receberam retorno para correção:
– need do something (precisar fazer algo)
– want do something (querer fazer algo)
– like do something (gostaria de fazer algo)
– try do something (tentar fazer algo)
– it is necessary/important/difficult do something (necessário/importante/difícil fazer algo)
– going do something (vai fazer algo)
– decide (decidir)
– know how (saber como)
– teach somebody how (ensinar algo para alguém)
– intend (pretender)
– hope (expectativa)
– learn how (aprender como)
Se para as outras categorias há caminhos que podem facilitar, nesse caso a gramática leva o título de melhor amiga dos estudantes. Consultar as regras e entendê-las em profundidade é fundamental para o emprego correto. Isso porque, além dos verbos modais não exigirem preposição, outros possuem mais de uma regência. Por exemplo, `try’ (tentar) é conjugado de uma maneira quando se pretende falar sobre tentar fazer algo. Em inglês, poderíamos dizer a frase “I always try to remember my passwords”, com tradução em português como “eu sempre tento me lembrar das minhas senhas”. Entretanto, há outra opção, quando a ideia é indicar uma sugestão ou recomendação. Nesse caso, “Try using this app. It’s much better!” viraria, em português, “Tente usando esse app. É muito melhor!”.
#4 Erros mais comuns dos brasileiros ao usar pronomes
A ausência do pronome it também é algo comum, quando o autor do texto quer se referir ao sujeito ou objeto da sentença.
Eis alguns exemplos:
– I’ll study Spanish too next year, but (it) is necessary to finish my English course (eu estudarei espanhol também no ano que vem, mas é necessário terminar meu curso de inglês);
– Yesterday I visited an art gallery. (It) was wonderful and I appreciated (it) a lot (ontem eu visitei uma galeria de arte. Foi maravilhoso e eu gostei muito);
– Thank you for the gift, I loved (it) (Obrigado pelo presente, amei isso).
Uma dica possível nesse sentido: não ter medo de empregar o pronome. No inglês, ele é usado para iniciar frases, para fazer referência a algo dito anteriormente e também para substituir o sujeito quando ele é indeterminado.
#5 Erros mais comuns ao utilizar determinantes
Usar ou não usar o determinante the antes dos substantivos também causa bastante confusão. É desnecessário utilizá-lo ao escrever sobre coisas de uma maneira geral, como quando nos referimos a English (inglês), computers (computadores), society (sociedade), technology (tecnologia), life (vida), children (crianças), time (tempo), school (escola), people (pessoas) e nature (natureza).
Já outros pronomes requerem obrigatoriamente seu uso, assim como quando falamos sobre exemplos específicos. Por exemplo, the internet (a internet), the world (o mundo), the United States (os Estados Unidos), the government (o governo), the USA (os EUA), the English language (a língua inglesa), the countryside (o campo), the cinema (o cinema), the morning (a manhã), the time (o tempo). E o dever se repete antes dos adjetivos que descrevem sequência (próximo, outro, primeiro, último) e formas superlativas (o melhor).
Esse é um quesito mais simples do que parece. A melhor sugestão seria conhecer a regra de uso para termos gerais e específicos. E, no momento de escrever, questionar a abrangência do que se deseja dizer. Para facilitar um pouquinho mais, lembre-se de que substantivos próprios e plurais não têm determinantes.
Sobre o autor
Alberto Costa possui 30 anos de experiência no mercado de educação, tendo atuado como professor de inglês, examinador dos exames de Cambridge English Language Assessment, treinador de professores para as certificações CELTA, ICELT e DELTA. Além disso também esteve à frente de iniciativas de treinamento e formação continuada de professores de inglês e de consultoria acadêmica. Costa possui especialização em treinamento de professores (PRINSELT) do College of St. Mark & St. John em Plymouth, Reino Unido, e é certificado por Cambridge com o diploma Cambridge RSA for Overseas Teachers of English (DOTE). Atualmente ele ocupa a posição de Senior Assessment Manager de Cambridge English no Brasil.