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Por que escolher a metodologia da pós é tão importante quanto escolher a área de estudos

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Quando vamos escolher uma pós-graduação, sempre focamos em escolher a área. Vai ser pós em Marketing? Design? Arquitetura? Administração? E as escolhas geralmente ficam por ai. Mas uma perspectiva que na maioria das vezes poucas pessoas abordam é a escolha da metodologia da pós. E é sobre isso que vou falar neste artigo hoje. E eu vou tentar mostrar para você que escolher a metodologia da pós é tão importante quanto escolher a área de estudo. Entenda por quê.

Escolher a área de estudo para a sua pós-graduação dita um direcionamento amplo que você vai dar na sua carreira. Ou seja, se você escolher uma pós na área de Administração, significa que você está se especializando nessa área, e pretende trabalhar diretamente com tarefas e habilidades que requerem esta área de conhecimento. Quando geralmente você conclui um bacharelado numa área, fica muito mais fácil iniciar a sua carreia nesta mesma área estudada, já que você se dedicou 4 ou 5 anos para aprender os conceitos básicos para exercer essa profissão.

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A escolha de uma área nova de estudo na pós-graduação acontece geralmente quando as pessoas querem mudar um pouco a direção de suas carreiras. Ou seja: se você fez bacharelado em Administração, e quer fazer uma pós em Psicologia, você está direcionado a sua carreira para esta combinação poderosa entre Administração e Psicologia. E pode se tornar um excelente profissional em resolver questões humanas dentro das empresas, que somente uma pessoa com o conhecimento dessas duas áreas poderia atuar.

Diferentes metodologias

Mas, agora vamos falar sobre o impacto da escolha da metodologia da pós na sua profissão. As universidades abraçam, estrategicamente, abordagens diferentes para as mesmas áreas de estudo, para que elas possam assim, se diferenciar umas das outras, e poder atrair os estudantes e professores que estejam em linha com essas abordagens. E a metodologia é a palavrinha mágica que vai ajuda-lo(a) também a identificar esta personalidade da universidade.

Imagine que você optou por fazer uma pós-graduação na área de Design, independente da área de estudo do seu bacharelado. Existem muitas abordagens possíveis para se estudar Design, por exemplo:

  1. Uma abordagem mais prática, na qual você vai ter amplo conhecimento na manipulação de softwares, e vai sair extremamente preparado para o mercado de trabalho e colocar em prática as novas habilidades;
  2. Uma abordagem mais teórica, para que se estude a história do design, sua relação com as ciências sociais, com disciplinas de consumo, etc;
  3. Uma abordagem mais crítica, que geralmente está conectada com a abordagem teórica, mas nem sempre. Aqui tem-se a oportunidade de questionar muitas das práticas vigentes no mercado atual, e repensar como seria a prática e os conceitos dessa área de uma forma totalmente nova. Geralmente estuda-se muita filosofia e psicologia, e tenta-se criar novas possibilidades;
  4. Uma abordagem de aprender pelo fazer, quando a universidade tem um aparato pronto pra os alunos colocarem a mão na massa durante o curso e testarem na prática. É o exemplo das empresas junior e de atendimento do público, ou um projeto social liderado pela universidade com uma pegada de linha de pesquisa;
  5. Uma abordagem mais gerencial, para aprender como novas correntes de pensamento neoliberal estão impactando esta área de estudo e trazendo novas aplicações da mesma, criando até mesmo novas profissões, como o Design Thinker. Aqui se terá uma perspectiva mais metodológica-prática do design e irá te preparar para assumir cargos de liderança de projetos, inspirando o design em outras pessoas.

Bom, como escolher então? As maioria das universidades misturam todas essas abordagens, mas dão ênfase em uma delas, mostrando assim qual é a sua personalidade e sua metodologia. Os cursos técnicos é que geralmente abordam só a perspectiva prática, pois sabem que algumas universidades no Brasil negligenciam esta demanda, ou demoram mais tempo para abraçar na grade curricular as novas tecnologias e práticas do mercado.

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Mas, nesse artigo estou tratando mais da metodologia da pós, em universidades com pós-graduação lato e stricto sensu. Esta questão fica mais interessante ainda, quando ampliamos essas abordagens com os países. Depois de fazer a minha pós na Holanda, eu comecei a trabalhar como professora convidada em inúmeras universidades no mundo, desde Estados Unidos, Europa e Nova Zelândia. E as próximas comparações são baseadas nas vivências que tive nesses últimos 5 anos lecionando no Brasil e afora.

Diferenças na metodologia da pós entre países

Por exemplo, as universidades francesas possuem fama se terem abordagens mais teórica e critica, e aqui no Brasil a USP, as Federais e Fundações são as que mais se inspiram nesse tipo de metodologia de ensino e pesquisa. Por outro lado, muitas universidades da Holanda (onde eu fiz a minha pós), Bélgica e Alemanha possuem uma metodologia da pós mais gerencial e aprender pelo fazer, tendo mais semelhança no Brasil com universidades privadas voltadas ao mercado de trabalho, e também o Senac.

Grande parte das universidades dos Estados Unidos tem uma abordagem mais prática, mas também com relevância teórica, e se preocupam com a entrada no mercado de trabalho, possuindo mais conexão no Brasil com universidades que tem uma preocupação grande em manter o aparato tecnológico das instalações atualizado e prioriza matérias sobre o tema de tendencias e tecnologias na grade curricular, como FIAP por exemplo.

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A importância dessa escolha (e agora chegamos na parte mais importante deste artigo) se dá pelo fato de que, além de aprender sobre uma nova área, a metodologia da universidade vai te apresentar a uma forma de pensar, uma forma de aprender, uma forma de aplicar, uma forma de existir. E isso irá impactar diretamente o profissional que você irá se tornar. Isso promote tanta influencia nos estudantes, que deveríamos conversar mais sobre isso.

Misturando estilos

Por exemplo, eu fiz o meu bacharelado na PUC/SP na área de Comunicação Social, e fiz meu mestrado na Holanda na BUAS Breda University na área Imagineering, que a tradução é Engenharia da Imaginação, um mestrado de Inovação que usa muito as práticas dialógicas, como o Design Thinking e a Investigação Apreciativa, pra promover inovação de dentro para fora em organizações privadas, publicas e terceiro setor.

Ou seja, eu tive uma formação no bacharelado mais teórica e prática, que me colocou muito bem no mercado de trabalho da área de Comunicação, e no mestrado uma abordagem mais teórica e gerencial, que me projetou uma carreira de liderança e gestora de projetos. Apesar de os dois estudos serem em áreas diferentes, as metodologias também foram, e elas tiveram um papel fundamental em construir o profissional que eu me tornei hoje. Por isso eu gostaria muito que você também tivesse acesso a essa informação e pudesse fazer uma boa escolha de onde estudar sua próxima graduação ou de metodologia da pós.

O filosofo Platão dizia que “a maior vitória do ser humano é a conquista de si mesmo” e eu concordo muito com ele. Pense bastante sobre que tipo de profissional você quer se tornar, quais são os seus motivadores atuais, e escolha muito bem a universidade que irá te ajudar a chegar lá, tanto pela grade curricular, quanto pela metodologia de ensino e pesquisa. Escolha com sabedoria e bons estudos!

Por Clara Bianchini

Clara Bianchini é mestre em Imagineering pela BUAS Breda University da Holanda e bacharel em Comunicação Social pela PUC/SP. É co-fundadora da consultoria de inovação para organizações chamada CO-VIVA. Professora de Inovação da Escola Superior de Engenharia ESEG e professora convidada em diversas universidades no Brasil e no mundo. Colunista do portal Consumidor Moderno e Fundação Estudar. Parceira do coworking WeWork para fomento de dialogo entre os membros e fortalecimento da rede. Membro da IAF Associação Internacional de Facilitadores presente em mais de 65 países. Representante oficial da BUAS Breda University no Brasil.

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