Estudar no exterior sempre esteve no radar de Leonardo Dias, mas não no Oriente Médio: “Não era uma possibilidade que passava pela minha cabeça”, ele diz. Hoje, o Líder Estudar que cursa Economia na NYU Abu Dhabi com uma bolsa completa, vive uma experiência que descreve como “muito diferente de tudo que eu já tinha visto ou vivido”.
A ideia de estudar fora surgiu cedo. Ainda no ensino médio no Brasil, Leonardo já se preparava para o tradicional processo de application dos Estados Unidos. Foi então que, no terceiro ano, uma palestra da NYU Abu Dhabi para estudantes do programa Ismart, que oferece bolsas de estudo para jovens de baixa renda, virou a chave. “Quando eu conheci, foi uma coisa assim de outro planeta. Uma universidade de prestígio internacional, fora dos grandes centros tradicionais, mas com o mesmo rigor e excelência.”
Essa curiosidade por contextos diversos sempre moveu Leonardo. Ele queria uma experiência de fato internacional — algo que fosse além da presença física de alunos estrangeiros. “Eu ouvia de amigos que estavam nos EUA que, apesar da diversidade, ainda sentiam uma visão muito homogênea nas discussões. Eu buscava algo diferente: um espaço de diálogo real, com pessoas que pensassem diferente de mim.”
A vida em Abu Dhabi
Com estudantes de mais de 120 países, a NYU Abu Dhabi se apresentou como o lugar ideal. “Eu estudo com membros da família real e com pessoas que vieram de campos de refugiados. A diversidade aqui não é só de nacionalidade — é de classes, histórias de vida, visões de mundo”, conta.
Sua chegada nos Emirados Árabes foi marcada por uma série de descobertas: era sua primeira viagem internacional. “Eu estava indo para o Oriente Médio no maior avião do mundo. Era tudo muito novo. Quando cheguei, me assustei com os prédios gigantescos, com a megalomania típica da região. Mas aos poucos fui me acostumando”, lembra.
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A pluralidade também se reflete nas ruas. “Você vê pessoas de todas as nacionalidades, com roupas completamente diferentes, convivendo lado a lado. A população local é minoria. A cidade é formada majoritariamente por expatriados.”
Construindo comunidade
A adaptação não foi solitária. Leonardo relata que a diversidade da turma fez com que ele tivesse uma experiência compartilhada: ele não era o único que não era da região, que não conhecia o Oriente Médio. “Estávamos todos aprendendo juntos, o que criou um senso de comunidade muito forte”.
Com poucos meses de curso, Leonardo já tinha construído amizades sólidas. “Essa fraternidade amenizou muito o choque cultural. A gente ia aprendendo junto sobre a cultura dos Emirados, sobre as tradições islâmicas, os hábitos locais”.
A sala de aula é o espaço onde a troca cultural é mais intensa: “Muitas vezes, as aulas viram espaços de diálogo entre os alunos. Os professores moderam, mas quem conduz a conversa somos nós. E são conversas profundas, que questionam valores fundamentais. O que é respeito? O que é democracia? Aqui, não há consenso, e isso é enriquecedor”.
O impacto das diferenças
A vivência no Oriente Médio trouxe surpresas e aprendizados. A comida e o clima, por exemplo, exigiram ajustes — mas não tantos quanto ele esperava. “Cheguei no final de agosto, no auge do verão. Já peguei dias de 49°C aqui. Mas tudo é tão climatizado que hoje sinto mais calor no Brasil do que aqui”.
A língua também não foi uma barreira. “O curso é 100% em inglês. A cidade inteira praticamente fala inglês. Você vive tranquilamente sem saber uma palavra de árabe”, explica. Para quem quer aprender a língua local, a universidade oferece diversas oportunidades de cursos.
A decisão de estudar em Abu Dhabi gerou reações mistas no Brasil. Leonardo lembra que algumas pessoas acharam incrível, outras ficaram confusas com aquela escolha.
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Com o tempo, e as visitas frequentes ao Brasil — viabilizadas por uma bolsa que cobre viagens semestrais —, a percepção mudou. Ele enfatiza: “Acho que é preciso desconstruir essa visão orientalista que temos do Oriente Médio. Somos bombardeados por estereótipos. Mas há muita coisa que ninguém conhece e que só quem vive aqui consegue entender”.
Outras universidades em Abu Dhabi
Além da NYU Abu Dhabi, a cidade abriga outras instituições de ensino superior que contribuem para o cenário acadêmico da região. A Khalifa University é uma das mais reconhecidas nos campos da engenharia e tecnologia, com forte foco em pesquisa aplicada e inovação. Já a Sorbonne University Abu Dhabi traz uma proposta voltada para as ciências humanas e sociais, oferecendo cursos em francês com base no modelo europeu. Outra opção interessante é a Abu Dhabi University, que oferece uma variedade de programas nas áreas de negócios, saúde, engenharia e direito.
Também vale mencionar a Mohamed bin Zayed University of Artificial Intelligence (MBZUAI), uma universidade relativamente nova, criada com o objetivo de se tornar uma referência na área de inteligência artificial. Com um foco exclusivo em IA, a instituição se destaca por seu currículo moderno, que combina fundamentos técnicos com experiências práticas. São oferecidos programas de pós-graduação e, mais recentemente, um programa de graduação com duas trilhas distintas: a Engineering Stream, voltada para quem deseja desenvolver tecnologias de IA aplicadas à indústria e à sociedade; e a Business Stream, direcionada a quem busca transformar negócios por meio da aplicação estratégica da IA. A universidade também oferece bolsas completas.
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