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Estudar cinema em Cuba: inscrições abertas para a EICTV

Aluno da EICTV, em Cuba

Por https://www.estudarfora.org.br/wp-content/uploads/2017/06/mariaeduarda-prep-1.png Bellini

Quando a Escuela Internacional de Cine y Television (EICTV) surgiu, um de seus fundadores afirmou que a instituição serviria para “impulsionar e introduzir no mercado” o novo cinema latino-americano. O autor da frase, publicada na revista cubana Bohemia em 1986, era o escritor colombiano Gabriel García Márquez. Márquez é um dos nomes por trás da escola, situada em San Antonio de los Baños, nas proximidades de Havana. Depois de 31 anos, a EICTV continua a ser referência em cinema na América Latina.

Um dos grandes atrativos de se estudar cinema em Cuba vem da proposta da escola de conectar “três mundos”, trazendo estudantes da América Latina e Caribe, da África e da Ásia. Ao todo, são mais de 50 nacionalidades que integraram o corpo discente da EICTV ao longo dos anos. Em termos de corpo docente e de palestrantes, a instituição não deixa nada a desejar. Grandes cineastas como George Lucas e Steven Spielberg, por exemplo, já deram palestras e cursos intensivos.

Outra figura que virou parte da história da escola foi o diretor Francis Ford Coppola, conhecido por filmes como O Poderoso Chefão e Apocalypse Now. Coppola viajou pela primeira vez para dar cursos na EICTV em 1989 e já em 1993 voltava à instituição para mais um intensivo. Em suas idas à EICTV, chegou a cozinhar jantares para a escola inteira – na última passagem por lá, em 2015, não fugiu à regra. Depois de avaliar trabalhos na instituição e ministrar palestras, era possível encontrar Coppola na cozinha, preparando macarronada para a comunidade escolar inteira.  

Como é estudar cinema em Cuba? A EICTV hoje

Cada canto da instituição conta um pouco de sua história. Algumas câmeras presentes no campus, por exemplo, foram doadas pelo cineasta japonês Akira Kurosawa. Para se manter atualizada, a EICTV busca formas alternativas para se sustentar financeiramente, doações e apoio financeiro do governo cubano.

Quem se interessa pela instituição pode optar por uma graduação completa, que dura três anos, em uma das áreas de estudo da EICTV – como direção de ficção, direção documental, fotografia e roteiro. Também é possível embarcar para a ilha e participar de cursos intensivos de menor duração, que se estendem por um ou dois meses. Nas duas opções, o aluno tem direito à alimentação e à acomodação na universidade, além de transporte local.

Custos e bolsas

Até este ano, o governo brasileiro mantinha um acordo com a EICTV e enviava entre quatro e seis bolsistas para a instituição. Entretanto, o Ministério da Cultura suspendeu a parceria sob a justificativa de não haver respaldo legal. Como divulgou em nota, o MinC afirma que a lei “não admite parcerias com entidades estrangeiras, ainda que sem fins lucrativos, sem que tenham constituição jurídica em território brasileiro”.

Como explica Guigo Pádua, coordenador dos exames de seleção no Brasil, é possível buscar caminhos alternativos para viabilizar o programa. “Os estudantes aprovados podem tentar bolsas junto a as secretarias de cultura ou outros órgãos públicos municipais e estaduais”, sugere ele. Outra possibilidade para quem já atua na área audiovisual é pedir apoio à empresa onde trabalha.

No caso da escola cubana, como destaca Guigo Pádua, trabalhar no país formalmente não é possível. “A escola fica na zona rural e o curso tem aulas pela manhã e tarde, além de haver atividades eventuais no turno da noite”, explica ele.

A anuidade na instituição totaliza 5 mil euros, em que metade deve ser paga em setembro, no início do ano letivo, e o restante em janeiro. O valor equivale a 30% dos custos para a manutenção de um estudante regular por lá, já que os outros 70% ficam a cargo do governo cubano.

Inscrições abertas

Para o triênio de 2017 a 2020, os candidatos devem enviar até o dia 3 de março a ficha de inscrição e se preparar para os exames aplicados no dia 17 do mesmo mês. Os testes contemplam a área de especialização indicada pelo estudante e também conhecimentos gerais, e acontecem em cinco cidades brasileiras (Belo Horizonte, Recife, Florianópolis, Belém e Brasília).

No dia 18, a comissão que avalia os brasileiros chama os melhores candidatos para uma entrevista oral, em português. Entre os documentos exigidos nos dois dias de testes, estão currículo, portfólio, carta de motivação, certificado médico de aptidão física e mental, além de certificados que comprovem dois anos de “estudos sistemáticos, técnicos ou universitários em qualquer carreira”. Há também uma restrição quanto à idade dos candidatos, que devem ter de 22 a 30 anos.

A partir daí, as informações são enviadas para Cuba, onde a equipe da EICTV dá o veredicto, até a segunda quinzena de junho.

 

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